Monthly Archives: Maio 2015

O País do Eça de Queiróz

A gestão de oportunidades no país do Eça de Queiroz mantém os contornos da época, já na altura atrasada. Com a crise financeira, que na altura do Eça já eram traço característico deste “país paris onde me deito”, a gestão de oportunidades torna-se mais exigente. As oportunidades estão coladas aos centros de decisão. Em todos os países, os oportunistas, capitalistas, taxistas, graxistas ficam próximos dos centros de decisão, tentam influencia-los e conseguem, tentam comprá-los e frequentemente também conseguem. Ramires sabia-o! Mas esta é uma terra de oportunidades! Em países desenvolvidos, os agentes que ocupam os cargos dos centros de decisão, apesar das pressões, das influências, não esquecem por completo a sua missão, os seus objectivos, sejam eles governar uma nação, gerir uma empresa pública, gerir uma empresa privada, presidir a um banco. Sabem que terão que prestar contas. Na colisão de interesses, há o chamado pudor ou prudência. Aperfeiçoa-se lá fora a arte de negociação e da conciliação. Se, por ventura, tiver faltado a vergonha e se tornar pública, a demissão é imediata. No país do Eça de Queirós, porém, já nem é feito o esforço por mentir bem, não é dada a preocupação de se fazer uma negociação parcial nem que seja para entreter os tolos, não é feito o mínimo esforço para minorar o preço dos interesses privados quando estes se sobrepõem aos interesses públicos. Neste “país de rabichos e aldrabões”, todos os dias, o interesse público é ostensivamente passado para segundo plano. Neste nosso país, os governantes são apanhados em falso mas nem isso os demove.

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Nesta relíquia de país herdada de uma tia Patrocínio, a gestão de oportunidades é algo feito com muita minúcia. A chamada cunha é precisa para tudo: para o emprego no banco do estado para a filha de um empresário que no Ribatejo que está ligado à construção das estradas, para o concurso a carreira diplomática cujo exame é conhecido pelos filhos dos diplomatas, pelo contracto ainda que precário que se segue ao estágio e só existe porque o estagiário é filho de uma pessoa ligada ao sector onde a empresa opera. A rede social não é importante, é essencial para quem deseja chegar a algum lado. Para ganhar um concurso publico numa obra pública cujo empresário é amigo íntimo do presidente da câmara, mas também para ganhar um concurso para dar formação, na função pública ou na segurança social, a desempregados ou a pessoas em desintoxicação em alguma comunidade evangélica qualquer que vive dos drogados, bêbados, da Segurança Social e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Mas não só no sector publico. Para aceder a um cargo numa empresa privada também, para prestar um serviço a essa mesma empresa, para dar formação nessa mesma empresa. A rede social é importante e até certo modo diminui os riscos da incerteza quanto ao desempenho dessas funções. O problema é quando essa rede social funciona como a gestão de oportunidades apenas para quem tem acesso a essa rede, criando uma legião de excluídos, com mérito, mas que não têm oportunidades. Daí nasce a emigração de jovens que nem tentam arranjar emprego cá, ou de jovens que se cansaram desta dinâmica e optam por emigrar. E daí também nasce um enorme custo para a sociedade e para as próprias empresas e instituições.

A antiga directora, durante anos, de uma faculdade de economia, a Dra. Fátima Barros, não sendo por isso o Conselheiro Acácio, referiu uma vez, numa apresentação, que o mais importante que os alunos levariam da faculdade não era o conhecimento adquirido, ou seja a formação académica por excelência, mas a rede social, as pessoas que ali conheciam e que mais tarde poderiam dar jeito, porque bons são todos, mas conhecer a pessoa certa é que nem todos conhecem. Atitude talvez pedante mas certamente sincera, que merece a revolta mas que traduz fielmente parte da funcionalidade da sociedade e reproduz a atitude das escolas de gestão, sobre as quais recai também o debate sobre o que nos trouxe à crise de 2008.

O primo Basílio, “que foi o pai das minhas sensações”, é agora um grande empreendedor. Foi ter com o Ramires a Angola e são sócios em importantes investimentos. Ramires já não conta regressar à política, depois de nela ter desonrado os seus ancestrais antepassados. Pensa que  mesmo com o preço do petróleo a ameaçar a economia angolana e a assustar os seus colegas empreendedores, que temem a ruína, isso será passageiro.

Luísa continua a sonhar com Basílio e com as suas conversas de alcova, sempre cheias de aventuras. E a empregada Juliana, arreliada e amargurada pela inveja e pelo cansaço de uma vida de trabalho, para ter no fundo tão pouco, continua a tratar das roupas com cheiro a amor e traição.

Movimento perpétuo em deriva constante

Bible Prophecy and End Times EventsEm Espanha parece que o Podemos pode, na Grécia caminha-se para um fracturante Não Pagamos, por cá parece perpetuar-se o Não Votamos apesar de sermos obrigados a um Pagamos com simples queixume de Não Podemos mais.

Câmara dos Deputados aprova censuraA estratégia é a de desinformação, com a ajuda da lei actual que obriga a que se fale de todos ou de nenhum, tendo sido esta última a opção recente dos principais canais televisivos. Para agitar as águas é feita uma primeira ameaça com um asfixiante colete de forças para depois se o aliviar um pouco, transformando-o mais num fato à medida, que mesmo assim parece ainda não assentar confortavelmente.

O Presidente ajuda ao debate afirmando, à leão, que no seu tempo as leis ultrapassadas eram reformuladas, para de seguida assumir o seu lugar de cachorrinho da República sendo obrigado a promulgar uma lei por si vetada sem que tenha sofrido qualquer alteração. A doce ironia de aprovação de uma cópia barata do decreto de lei original…

Apesar de tudo penso que esta lei da Cópia Privada faça todo o sentido. Num país a saque por corsários organizados só pode ser um estímulo tratar todos os Portugueses como piratas. Poderá doer um pouco pagar uma taxa acrescida para prevenção de um crime não praticado mas depois compensa. Porque ao praticar esse crime há a consciência tranquila de já se ter cumprido a pena. O não usufruto do dever de piratear é que poderá criar situações de injustiça da plena responsabilidade do próprio. Não deixa de ser de louvar a preocupação do governo com os direitos da criação, sendo que ainda estou por compreender como é ela conjugada com o seu desprezo pelos criadores e/ou executores das artes.

No sentido contrário surpreende-me a forma como os taxistas lidam com a ameaça Uber, até eles perderam a sua combatividade? Partem para lutas judiciais e digitais? Sempre os vi como os Mad Max tugas, o alcatrão é o seu território onde as leis do volante e da língua afiada imperam. É ainda muito cedo para darem o salto para o combate civilizado pelo que julgam ser os seus direitos. Não estão preparados para lidar com as repercussões de lenga-lengas no mundo digital. Deveriam manter a sua ganância e bandeirada de pirata dentro das suas 5 portas e tejadilho.

Assaltante foi baleado na perna pela polícia quando fugia em táxi roubado

Até porque apesar de tudo ninguém quer táxis oficialmente mais caros com choferes transvestidos de realeza. Queremos o típico, o real, a história para contar aos amigos, a certeza do início e fim salpicados pela aventura do meio materializado em percurso desconhecido, a descoberta das estações de rádio manhosas, o alargar do jargão e do vernáculo, enfim um pouco da verdadeira cultura tuga em cada viagem. O que justifica a variação de preço para um mesmo trajecto pode ser simplesmente a qualidade do artista e do espectáculo prestado.

Por fim passo os olhos pela censura, ou pelo ‘censo de prevenção Russo’, e dou por mim a pensar que aquilo que é contra a liberdade de expressão num ponto do globo poderia muito bem ser um esclarecedor para a compreensão do muito que se passa em Portugal em matéria de blogs que surgem e desaparecem à medida das necessidades.

Já este blog não suscita dúvidas. Não é de esquerda, do centro, nem de direita. É um blog de deriva, ao sabor das marés, que se cruza, acenando ou abalroando, ora com uns, ora com outros, até ao dia em que se aviste porto seguro e se possa gritar “TERRA À VISTA!”, esperando que seja ainda terra de Portugal.

Se você não se identifica nem com a esquerda e nem com a direita – Simpatiza com o Centro ? Centro esquerda, ou centro direita?

Aquário das Guelhas

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O “novo” programa da televisão portuguesa, Aquário das Guelhas, pretende dinamizar a economia nacional através de um inovador formato: Aos empreendedores é oferecida a oportunidade de apresentar a sua ideia, patente, produto ou empresa a um conjunto de investidores perspicazes e bem-sucedidos, as Guelhas.

Este formato inédito é em si mesmo uma notável demonstração de criatividade. Aposto que o mundo inteiro vai copiar! Para além do salutar entretenimento dos milhões de portugueses que empreendem no sofá, permitirá ainda concretizar projectos que por falta de capital não chegariam a conhecer o sucesso, como por exemplo o navio Atlântida. Foi um memorável episodio, um excepcional instante televisivo: Zé, o empreendedor, começou por explicar às Guelhas que na verdade não é o mentor do projecto, mas como o recebeu por herança, sentia-se na obrigação de lhe dar um rumo, e por isso ali estava. Com desenvoltura apresentou o navio e pediu 29 milhões por 100% da coisa em causa. As Guelhas, claro está, questionaram “Quanto já foi investido nisto?”. A resposta chocou-os – “Quase 50 milhões”. À vez, lá foram dizendo “estou fora”. Os números não batiam certo, mas o navio interessava ao tubarão-azul. Fez uma contraproposta de quase 9 milhões. Zé pediu para pensar e ligar aos sócios. Após alguns minutos reentrou e disse “recebemos uma proposta grega de 13 milhões”. O tubarão-azul sugeriu que o melhor seria aceitar essa proposta, mas ele manteria a sua. Sabia que os gregos tendem ao incumprimento. Estava certo. Chegada à data limite, os helénicos falharam o pagamento e o Zé lá entregou o Atlântida por 8,7 milhões. É a vida.

Fechado o negócio, o futuro do navio seria risonho. Mistico até! Mas, apesar de toda a energia positiva o projecto de intenções foi mudando, até que uma nova oportunidade surgiu. Não será necessário investir um cêntimo, pois parece que há nos fiordes uns comedores de bacalhau dispostos a pagar 17 milhões pelo navio tal como ele está. Tudo está bem, quando acaba bem. Pelo menos é o que dizem…

 

Exportemos

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O desemprego deverá baixar em breve uma vez que as oportunidades além-fronteiras não param de aumentar. Desta feita, foi a vez de um dos mais tolerantes países do mundo apelar às aptidões dos portugueses. É certo que o anúncio não refere a nacionalidade, mas a lusitanidade está subliminarmente implícita. Esta terra de oportunidades e inclusão é nada mais nada menos que a próspera Arábia Saudita. Mas qual é a função? Carrasco. Para já, são apenas oito vagas, mas a entidade patronal prevê o aumento da necessidade, pelo que é emprego com futuro. Nos dias de menor demanda na função maior, poderão os contratados exercitar outras técnicas menos definitivas, como decepar membros a ladrões.

Se o leitor está já a pensar que vou apontar os actuais ou os ex-governantes para o lugar de carrascos nas Arábias, engana-se. É certo que temos tido matadores brilhantes, mas esses têm outras ambições. Se pensa que me vou referir aos “animadores” de alguma celebração recente, ou a algum subcomissário mais impulsivo, lamento, mas vou gorar essa expectativa. Não, nenhum dos anteriores detém a aptidão necessária. Também não vou sugerir os gestores públicos ou privados, nem os pilotos de aviação civil ou os dirigentes sindicais. Negativo. A base de recrutamento é bastante mais alargada, menos exclusiva. Então quem são os mais aptos e virtuosos candidatos a carrascos das arábias? São os eleitores abstencionistas! São eles, que na sua busca do voto convicto, na sua procura por gente séria que mereça o seu voto, na sua ânsia pela verdade e pela justiça, na sua espera pelo messias, não votam, ficam em casa. Imaculadas as consciências de quem nunca votou em ladrões. É assim que nada muda. Aqueles que gostavam de votar por convicção e que por (reconheço) ausência de opção válida, não votam, oferecem o poder da decisão aos outros, aqueles que votam por puro e pragmático interesse. É assim que os abstencionistas executam a nossa democracia. Exportemos a espécie para as Arábias! É a “democracia” mais admirada entre nós, pois há liberdade de consumir sem obrigatoriedade de votar, esse nefasto, maçador e inconsequente acto. É por isso que cada vez mais gostamos da União Europeia e das suas instituições – Quem manda não é eleito.

Os Incríveis

Os-Incriveis

Decidi recordar hoje, no dia da familia, um dos grandes clássicos dos filmes de animação, “Os Incríveis”. O filme relata a saga de uma família de super-heróis obrigada a viver no anonimato. O quotidiano entre os comuns dos mortais não é vida fácil para hiper dotados. O patriarca, o Sr. Incrível é dotado de uma força extraordinária. A matriarca, a Sr.ª Elástica, estica, dobra, faz o que for preciso pelas suas crianças. É nelas que reside esperança para um futuro melhor. Relembremos a prole. Violeta, a filha mais velha tem dois poderes, campos de força e a invisibilidade. Controla ambos com mestria, mas como sabemos, é no meio que está a virtude. É rapaz, chama-se Flecha, é rápido, rapidíssimo! Tão ágil e despachado que consegue correr sobre a água. Por fim, a cria mais nova, o Zezé, cujos poderes são desconhecidos de todos. É como um turista. Talvez lá para o fim do filme se manifeste.

Após muitos anos impedidos de demonstrar os seus poderes, uma grande ameaça ao interesse nacional obriga-os a revelar todas as suas aptidões especiais. Entram em acção para nos salvar do Síndrome, o vilão recalcado. Nem ele sabe o preço que pagará… São uma Famiglia INCRÍVEL!

A Cura

Prevenir é geralmente o melhor remédio. A assertividade da sabedoria popular é virtude da experiência feita. Mas nem sempre o saber empírico é devidamente valorizado. Por vezes, os bons exemplos, os casos de sucesso são mal-amados, desprezados e até inexplicavelmente criticados.

Quando por exemplo o governo aprovou alterações à legislação sobre o álcool, houve logo quem o acusasse de não apostar na prevenção, limitando-se a proibir. Que injustiça! Então não se está mesmo a ver que a proibição é a melhor forma de prevenção? Só quem nunca foi jovem poderá pensar o contrário. O mesmo acontece com a ilustração dos maços de tabaco com imagens tenebrosas. É brilhante! Nunca mais algum cigarro será fumado.

Creio até que poderíamos alargar o método a outros maus hábitos. Poderíamos por exemplo ilustrar as embalagens de fast-food com imagens de obesidade mórbida e slogans simples e directos como “ninguém quer namorar com badochas”. Prevenção, pois então! Poderíamos ainda proibir a venda de qualquer produto com açúcar sem um rótulo preventivo, devidamente ilustrado com imagens em alta resolução de cáries, e com o correspondente aviso: “o açúcar vicia tanto como a cocaína“. Mas não, não podemos, há sempre quem se oponha à prevenção. Daí as terapias dos últimos anos…

Não é fácil gerir o futuro de uma população tão exigente, tão difícil de agradar. Que o diga o biografado do momento. Tantas vezes acusado de falta de experiência, de “carreirismo J”, mas desta feita e por uma vez fala com conhecimento de causa quando nos diz não existir cura sem dores. Quem sabe, sabe.

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Natalidade alternativa

Apesar da actualidade continuar fértil em acontecimentos mal-paridos desta vez decidi focar-me no tema do recente debate parlamentar relativo à promoção da natalidade. Não faltam estudos e propostas de medidas concretas, que resultam sobretudo em benefícios financeiros e/ou facilitadores de apoio à logística dos que decidem enfrentar o desafio da parentalidade.

O foco das soluções apresentadas é o resolver, ou diminuir ao máximo, os problemas custo e assistência (escolar, saúde, social, etc) deixando muito espaço para a evolução do outro aspecto base da parentalidade: os valores não materiais relacionados com família e vizinhança.

Temos hoje um estilo de vida em que a família está dispersa, por vezes por dezenas ou centenas de km, a vizinhança é desconhecida, não sendo raros os casos de quem viva num prédio de 10 andares com dezenas de fogos e apenas conheça os seus 2 ou 3 vizinhos do mesmo piso ou nem isso, as urbanizações são desenhadas para optimização da densidade populacional sem grande preocupação com a criação de um número suficiente de espaços mais seguros e mais propícios ao lazer e convivência.

Aparentemente queremos mais natalidade sem uma preocupação imediata com a qualidade da sua envolvência, como se fosse suficiente o propiciar de condições para o estabelecimento de uma família de forma isolada dentro de 4x paredes.

Gostaria que o tema natalidade fosse utilizado como uma âncora, arrastando consigo a melhoria de outros aspectos da nossa sociedade, que se têm vindo a deteriorar devido ao modelo de desenvolvimento e crescimento do passado, à insegurança incutida pelo alimentar de medos e à contínua migração da relação física (offline) para a relação virtual (online).

Para conclusão disparo algumas medidas nessa óptica.

  • Benefícios fiscais para todos aqueles que tenham familiares não dependentes a viver na mesma freguesia e/ou concelho. Falamos de IMI, IRS e/ou Taxas Municipais com redução substancial para as famílias que optem por viver perto. Pais e/ou crianças que beneficiem de um contacto directo e frequente com pais, tios, avós, primos só poderão ter mais apoio e maior estabilidade a todos os níveis.
  • Equidade na licença de maternidade e paternidade. Definição de período minímo e máximo para a gozar. Obrigatoriedade de 1/4 do tempo pela mãe, 2/4 pelo pai e 1/4 por ambos em simultâneo. O objectivo é claro. Acabar com a penalização inerente à gravidez e maternidade nos aspectos laborais, garantir que cada um dos pais vivencie em pleno a nova condição e por fim consolidar a união de casal permitindo-lhe algum tempo em conjunto.
  • Criação de um sistema de classificação de vizinhança em termos de adequação a famílias com filhos em escalões de idade. As áreas habitacionais passariam a ser classificadas em função da existência ou não de determinado tipo de espaços e/ou infra-estruturas que proporcionem o convívio e lazer, dos níveis de crime, do sucesso escolar, indíce de felicidade, etc. Em adenda esse sistema de classificação poderia estar obrigatoriamente presente nos anúncios de vendas de casa tal como acontece hoje com o certificado energético. O objectivo é causar pressão para que autarquias e agentes do sector imobiliário invistam na melhoria e manutenção contínua das condições de vida nas zonas habitacionais.
  • Criação de descontos família, superiores aos descontos de grupo ‘normais’, para entradas em recintos/eventos e reservas de alojamento a fim de promover férias e saídas em conjunto com pais, tios, avós e/ou primos.

E é este o meu contributo de condições impulsionadoras à constituição de cada vez mais e melhores famílias, num Portugal funcional, bem governado, com presente e futuro risonhos e felizes.

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PS – por curiosidade qual será a média de filhos da nossa classe política tão preocupada com a nossa taxa de natalidade? Serão eles um exemplo de natalidade?

Onomatopeias Anacrónicas

Cavaco-Silva

Rumava aos fiordes quando numa conversa informal recorreu a uma onomatopeia, um involuntário “pum!“. Todos os presentes disfarçaram com elegância. Talvez por isso ninguém percebeu se falava da agricultura ou se seria apenas uma graçola. Na dúvida, ninguém disse palavra. Entretanto compreenderam que falava das leis eleitorais, essas anacrónicas linhas que tanto mal promovem no país. Um dos presentes, alguém com um olfacto mais sensível, terá compreendido que a onomatopeia mais não foi do que o prenúncio da obra em si, isto é, a promulgação da proposta de alteração à lei da cobertura eleitoral. Será um momento solene. Ele sempre manifestou grande carinho para com estas propostas de consenso.

4Aproveitou a conversa informal para recordar os tempos idos, esses gloriosos anos em que chefiou o executivo. Nesses dias, quando os grandes da nação, na sua suprema abnegação à causa pública ainda não eram empresários de sucesso, desses que com exigência e método viram mundo. Não, à época o seu foco era outro, muito menos egoísta, absolutamente centrado no nosso bem-estar. Foram bons tempos, mas acabaram. Agora, coitados, apenas se podem ajudar a si próprios. Resignados assistem ao sacrifício de outros. A benemérita missão está hoje confiada aos jovens de outrora.

2Filhos pródigos, não resistem ao elogio aos seus mentores. Por vezes, o entusiasmo é tanto, que lá se liberta mais um “Pum!“. Compreende-se a onomatopeia, pois poucos empreenderam como estes homens, poucos contribuíram tanto para a criação da nossa pujante indústria exportadora de bens transaccionáveis. Contudo, nem sempre os elogiados apreciam a atenção. Quem dá à nação como eles deram, não visa reconhecimento ou honrarias. Não, tudo quanto procuram é sossego. Sossego e discrição. Deu tanto trabalho passar despercebido que a ribalta nesta altura da vida não os seduz.

Respeitemos a sua vontade, por mais anacrónica que seja.