Monthly Archives: Abril 2020

Onde está o Kim Jong Un?

Em tempos de pandemia, os noticiários são monotemáticos, qual festival gastronómico, o bicho é servido numa variedade tal que pouco espaço sobra para qualquer outro tema. Covid assim, covid assado, grelhado, cozido, mas sempre covid, de início a fim. Uma singela excepção, o off-topic do momento chega-nos curiosamente do único país do mundo sem casos de infecção pelo “novo corona vírus”. Sem relato de pelo menos um doente, a Coreia do Norte ficava fora do alinhamento, não era ponto de passagem na “volta ao mundo em covid” diariamente transmitida, ad nauseam.

Ora, o súbito sumiço do grande líder norte-coreano tem de facto todos os elementos para se tornar no boato perfeito, a questão sem resposta que tanta falta nos fazia. A aritmética de um boato é bem simples, é um produto, uma multiplicação entre o interesse e a ambiguidade. Basta que um seja zero, para que o boato se anule, é o chamado elemento absorvente.

No caso, perante o omnipresente covid, qualquer variação em tema, por mais irrelevante que possa ser, desperta naturalmente curiosidade. Logo, o primeiro factor verifica-se, nunca é zero, há interesse. Quanto à ambiguidade, é perfeita! Afinal não existe nenhuma forma de verificação da informação face ao total isolamento da Coreia do Norte. Junte-se umas fotografias de satélite-espião ao comboio ultra-secreto da família do querido líder norte-coreano e temos os ingredientes perfeitos para perpetuar a pergunta, até porque depois de devidamente enquadrada a questão tem como única resposta possível a especulação e a renovação da inquietação. Onde?

Psicologia do Cumprimento de Cenário

Lançado em 1982, o USS Vincennes (CG-49) foi um Cruzador da Classe Ticonderoga, terceiro navio da US Navy equipado com o sistema de combate Aegis. Em 1988, em plena guerra Irão-Iraque o navio foi enviado para o Golfo Pérsico, missão durante a qual se tornaria tragicamente célebre, ao despropositadamente abater um avião comercial a 3 de Julho de 1988. A aeronave, um Airbus A300 da Iran Airways, matricula EP-IBU, realizava o voo 655, com origem no aeroporto de Bandar Abbas no Irão e com 290 pessoas a bordo. Nenhum sobreviveu.

Importa explicar que o aeroporto em causa também é utilizado pelos militares iranianos. Acresce que a região era, é e será um dos pontos mais “quentes” do planeta (assim continuará enquanto o mundo se mover a petróleo), pelo que o contexto em que o navio operava era bastante hostil, logo propenso a precipitações e mal-entendidos. Como sempre acontece nestas tragédias, as nações envolvidas trocam acusações, negam responsabilidades e apresentam dados contraditórios. Qualquer entendimento, reparação de danos ou pedido de desculpa leva anos, podendo até nunca acontecer. No caso, as famílias das vítimas foram indemnizadas pelos Estado Unidos da América, os militares envolvidos foram condecorados e nunca foi apresentado nenhum pedido formal de desculpas. Para a história fica a explicação que foi dada para o sucedido – Scenario Fulfillment, em português Cumprimento de Cenário, i.e., o fenómeno psicológico que precipita a concretização das condições exaustivamente treinadas: Perante situações similares, os automatismos tomam o controlo do discernimento. Assim foi, aquilo que a guarnição e o comandante viram nos seus monitores não foi aquilo que o sofisticado sistema Aegis lhes mostrava. Reagindo ao treino que receberam, tomaram a decisão que deles se esperava.

Por vezes este tipo de fenómeno ocorre no conforto das nossas casas, quando mesmo sem todos os factos, tomamos como certo aquilo que os dados não confirmam.

O Aprendiz

O Sr. Chega disse Basta! Basta do Chega? Ambas, embora acabe por não ser nenhuma! Confuso? Nem pensar, é produto mediático. Hoje dizem-se “Experiências Sociais”, outrora chamavam-lhes “Reality Shows”. A media é mesmo assim, uma indústria que se reinventa sistematicamente. Uma perpétua transformação, que tudo mantém igual, perfeitamente imutável. Aos mestres deste mundo da mudança, chamamos Produtores. O mestre de todos os mestres, é aquele que para além de produtor, é o protagonista. Ninguém como ele domina o momento mediático.

Diz o que pensa ou aquilo que o seu alvo quer ouvir? Ora, frases há, que pela sua simplicidade, resultam sempre – “É uma vergonha” exemplifica bem esta formula de sucesso. Quem disser o contrário é conivente, é beneficiário do sistema, é um situacionista. Bem, se tudo fosse perfeito no nosso país, fosse esta uma terra de equidade, justiça e bem-estar, sem burocracia, corrupção e compadrio, então garantidamente não teria audiência. As sondagens demonstram-no à saciedade. “Um escândalo!”? Não será sempre? Obviamente que sim.

Eis a genialidade do modus operandi – apelar à indignação que habita dentro de todos e cada um dos portugueses, aquilo que faz de nós uma “colectividade pacífica de revoltados”. Claro que se ao invés de Torga, citar Eça, dispara nas intenções de votos. Julgar é sempre mais fácil que reflectir. Haja polémica! Na falta dela, perante a escassez de ajudas, ele próprio a criará! Dirá, “Basta!”. Deixará o palco político, a ribalta mediática? Nunca! Demissão logo seguida de candidatura. Uma espécie de noite das facas longas, mas à luz do dia e sem facas. Apenas um sublinhar de quem manda. Extrema-direita? Sem doutrina coerente, é simplesmente um déspota, e no que à media e à comunicação moderna diz respeito, bastante esclarecido.

Nem O Aprendiz original se teria lembrado de algo tão brilhante como despedir-se a si próprio.

COVID19 – A saída (dark side)

Independentemente da sua origem o COVID19 está para ficar e teremos de (re)aprender a viver com ele. Se é uma zoonose, se veio de fora do planeta, se advém de reacções bioquímicas a agressões à vida, ou se é uma arma biológica criada com o propósito de reduzir a população mundial, a realidade é que, depois da sua manifestação e instalação, terá um grande impacto da definição do futuro da nossa sociedade.

Legitimamente ou não foi instalado um ambiente de terror, centrado num inimigo comum, que necessitará de terapia de choque ao modo como vivemos, a fim de garantir que não volte a ocorrer algo do género no futuro.

Passo a enumerar algumas das soluções/ameaças ao preservar do nosso modo vida.

Adiamento Eleições

O estado de emergência combinada com a recém adquirida agorafobia tornarão inviáveis a execução de campanhas e votações prolongando artificialmente a vida de vários governos, destacando-se de entre eles o dos USA. O que começou como declaração de estados de emergência e aplicação de leis marciais consolida-se como um bloqueio ao normal funcionamento da democracia, num formato plenamente aceite pela temente população.

Aceleração da sociedade digital

Quando o inimigo é invisível, quando qualquer um pode ser o seu transmissor, é perfeitamente justificável a monitorização plena de cada um de nós. Existe já a tecnologia que permite que cada um de nós seja monitorizado, a nível de biometria e localização geográfica, via wearable ou smartphone, apenas teremos de prescindir da nossa privacidade, aceitando a obrigatoriedade de não só usar um desses dispositivos como de nos comprometermos com check-ups diários que permitirão perceber se apresentamos sintomas suspeitos que nos poderão impôr o recolhimento até melhor averiguação. Está aberta a caça aos próximos pacientes zero, em nome da paz e segurança.

Por outro lado um dos principais transmissores de vírus é o dinheiro, ou os meios de levantamento (rede multibanco) ou de pagamento (terminais de pagamento). Dinheiro para quê? Se temos telemóvel temos apps e pagamentos por proximidade. Banir o dinheiro físico é garantir altos níveis de saúde. Ao mesmo tempo acaba-se com a economia paralela e passa a existir um controlo e registo detalhado de todas as movimentações de capital… Não mais será possível viver fora do sistema, mas a nossa saúde será de ferro! Fiquem à escuta pelos termos cashless e/ou cardless society.

Outro problema é a quantidade de pessoas que tiveram de ser elevados ao nível de heróis para se manterem nos seus postos, críticos à sociedade, enquanto o resto da população era apavorada com o alto nível de transmissão e mortandade. A sociedade não pode parar, ao mesmo tempo não é justo submeter esses heróis a níveis de risco tão elevados. Torna-se então necessário apostar na automação para que nada páre e se evitem mártires entre os heróis. Claro que existe um dilema entre a redução massiva de postos de trabalho sem diminuição massiva de população activa mas será preocupação para uma outra altura.

A maioria da população mundial foi remetida para uma vivência prolongada em isolamento social o que significou aumento do recorrer ao uso da Internet para serviços de streaming e comunicação. Isto provocou duas coisas, por um lado o engasgar da internet por outro a habituação a maior imersão digital. Há miúdos que de certa forma adoram o aumento das horas disponíveis para surfar, jogar e socializar online. Ao tornar a sociedade mais permeável às compras e vida online fica evidente a necessidade de melhores infraestruturas técnicas o que conduzirá a grandes investimentos para o materializar.

Ligado ao acima temos a tecnologia 5G que é uma alavanca essencial à mobilidade e à criação de smart cities. Apesar dos perigos que representa está aberto o caminho para justificar a sua aplicação sem demora nem reservas, garantindo uma melhor resposta das autoridades a calamidades inesperadas. Tudo para salvar vidas!

Vacinação Mundial Obrigatória

Pois… é a única maneira de salvar a humanidade, vacinar toda a população mundial contra esta nova ameaça que se espera recorrente. O tempo médio para criação de uma nova vacina são 10 a 15 anos. Milagrosamente indicam que a do COVID19 apenas precisa de pouco mais de um ano. O que estará mal? A burocracia de estudo e testes profundos? Ou a pressa de dar algum tipo de resposta à situação actual? Imaginem um mundo onde seremos forçados a tomar uma vacina criada nestas condições. Pode acontecer porque, lembrem-se, viveremos numa sociedade digital onde é possível barrar num click todos os acessos e meios de pagamento.

Novos donos disto tudo

Houve acções em mercados internacionais a cair mais de 50%, grandes empresas a abrir falência, quebra de turismo a fazer rebentar bolhas imobiliárias, grandes perdas são inevitáveis estando abertas as oportunidades para aquisições oportunistas e quiçá mesmo a ocorrência de muitas nacionalizações pelo mundo fora.

No final, após recuperação veremos quem mais ganhou com tudo isto e talvez aí perceber um pouco melhor a quem mais interessou todo este pânico e paragem global. Ou talvez não. Será mero acaso circunstancial.

Se a maioria destes vatícinios se verificarem no final, após alguma turbulência, tudo ficará mais ou menos na mesma, o evento COVID19 terá apenas servido para acelerar e desbloquear alguns impasses que impediam o encaminhar das sociedades para este tipo de estrutura, visionado por muitas elites como a ideal. Onde o controlo, decisão e acção são delegados absolutamente nas autoridades centrais e grandes corporações.

Teremos uma população mundial mais controlada, dependente, saudável e feliz no “progresso” verificado após a quase extinção.