Monthly Archives: Novembro 2012

Dor de Jonetes

Isabel Jonet tornou-se o centro de uma polémica com o seu discurso franco (atirador?). As redes sociais fervilharam com as críticas e indignação às palavras emitidas, blogs e comentários surgiram como cogumelos ao qual se junta este que aparenta ser venenoso!

Pois a modos que poderá ter sido um pouco custoso ouvir aquilo que foi dito. Uma dúvida que se coloca na cabeça de muitos: Como é que alguém que exerce uma actividade social tão conotada com uma esquerda solidária e comunitária apresenta um discurso com ideologia tão à direita? Temos de empobrecer? Vamos empobrecer?

Este zig-zag entre uma esquerda praticante baseada numa direita teórica tem uma explicação: saber empírico.

A larga maioria dos que se manifestaram a quente são voluntários assíduos do like e do share. Satisfazem-se com isso. Sentem que fazem a parte deles. Quem já foi voluntário assíduo, seja no que fôr, durante largos períodos certamente que terá ouvido aquelas palavras de outra forma. Porque quem se envolve durante anos envolve-se a fundo e contacta directamente com casos verídicos, com situações inenarráveis, com injustiças, com má fé, e não poucas vezes com muito pouco agradecimento até por parte do alvo da ajuda como se não fosse feita mais do que a obrigação.

Ninguém está quase 20 anos envolvido num movimento baseado em voluntariado por puro interesse pessoal, sobretudo quando tem a sorte de nem precisar de trabalhar para ter uma vida confortável. Acreditem que é difícil ter a disponibilidade física, mental, social e pessoal para seguir continuando dia após dia, ano após ano. Verga o corpo, verga o espírito, afeta a vida social e por vezes até a familiar (segundo os seus padrões normais). Não comparem a nível individual o fazer um like, o fazer um share, o dar uma moeda, o dar um saco de comida, o dar um FDS de trabalho à exigência de uma rotina assídua de voluntariado. Muito poucos terão o estatuto necessário para apontar o dedo nesta situação, sobretudo para fazê-lo com razão.

Sim, acredito, e sei por relatos de quem está envolvido nesse tipo de actividades, que existem indíviduos e famílias que se aproveitam destas instituições para poderem ter uma vida mais folgada. Há quem falsifique rendimentos, há quem se apresente como quase indigente e gaste fortunas em tabaco, em alcool, em bens que dão algum status social. E a comida é-lhes entregue não porque necessitem verdadeiramente mas porque a sua iliteracia em finanças domésticas e ‘feitios complicados’ os levam a depender dela para ter uma vida mais digna. Absorvendo recursos finitos que poderiam ser distribuídos a quem mais deles necessitasse. Nos pobres e nos ricos o que não faltam são chico-espertos a fintar e aproveitar-se do sistema. Identificados e que têm de ser tolerados.

O que retive do discurso de Isabel Jonet foi que segundo ela há valores que se perderam, que se fazem sacrificios para proporcionar momentos fugazes, que há uma grande preocupação com o ter e o parecer, descurando-se aspectos básicos da gestão de orçamentos domésticos. Claro que o timing não é o melhor porque se combina com os cortes salariais, com o aumento dos impostos e outros castigos fiscais.

Graças à polémica criada puz-me a pensar no outro dia como as perdas não são proporcionais. Se uma família perder apenas 30% dos seus rendimentos pode perder a quase totalidade do seu nível de vida. Basta deixar de conseguir pagar a casa onde vive. O nosso estilo de vida é (era?) baseado no limite das nossas capacidades financeiras. E as crises financeiras são cíclicas como demonstra a história. Para muitos esta é a primeira. A primeira lição. Depois desta passar provavelmente estarão muito mais preparados para a inevitável segunda e provavelmente terceira no seu tempo de vida.

Concluindo, tiro o chapéu pelo que fez e faz Isabel Jonet e compreendo perfeitamente porque lhe sairam aquelas palavras. Posto isto convido-vos a ouvir novamente aquelas palavras e perguntarem-se se faz sentido a indignação, exigir a sua demissão ou criar movimentos para o boicote de apoio ao Banco Alimentar contra a Fome.

Um Quarteto Fantástico para a Salvação

Eis que a super-vilã se aproxima para sentir de perto a boa ventura dos seus planos de maquiavélica austeridade e elogiar os seus bons pupilos. Os testas de ferro da sua governação, audaz e punitiva, revelaram-se, para seu gáudio pessoal, capazes executores da guerrilha económica, política e social necessária ao desgaste psicológico e anímico da população. Pré-requisito essencial para a criação das condições que levem à aceitação das mais duras políticas e medidas sob o falso pretexto de serem um mal menor.

Mas nem tudo está perdido. Em momentos de grandes males surgem grandes remédios. Tal como no passado focos de guerrilha levaram à criação de uma unidade militar capaz de combater o terror com terror, sob a nomeclatura maquilhante de contra-guerrilha, é chegado o momento de criar uma unidade de super agentes capazes de lidar com esta complexa ameaça. A capacidade operacional dos seus membros devem suplantar-se à sua formação ética e moral. A Salvação Nacional assim o exige.

A missão é simples: Olho por Olho, Dente por Dente.

1º Passo – O Pinga-Amor: este agente ficará encarregue de seduzir Angela Merkel. Sendo o melhor nas artes do galanteio e romance não terá dificuldades em atrair Merkel até uma pensão no coração de Lisboa. Aí deve inebriá-la com as mais puras e sentidas palavras acompanhadas pelas melhores castas vinícolas. Merkel saberá com ele o que são os prazeres da vida sem preocupações. Aproveitando o sono de recobro de Merkel deve sair do quarto tendo cumprindo a sua parte.

2º Passo – O Trovador: entra no quarto suavemente e vai resgatar melodicamente Merkel do mundo dos sonhos. Por esta altura Merkel estará receptiva, e permissiva, às letras das canções de intervenção deste agente, exímio na arte de dedilhar. Será dada carta branca para que utilize todo o e qualquer meio para garantir a atenção e obter respostas de Merkel. Esta perceberá rapidamente que a boa-vida proporcionada momentos atrás era meramente ilusória, uma armadilha ardilosamente montada, e que agora terá de pagar com juros de mora a sua ingenuidade. Prevê-se que o tratamento de choque seja demais e Merkel entre em estado de incosciência ao encaixar os argumentos de maior peso. Quando isso ocorrer o agente terá cumprido a sua parte da missão e deve abandonar o quarto.

3º Passo – O Massagista: deve recolocar Merkel no leito à disposição. Por esta altura Merkel poderá apresentar alguns traumas e hematomas e é importante serenar-lhe o espírito. Não estamos aqui para a executar mas sim para a ajudar a ultrapassar este momento difícil da sua vida. Massajando-a com óleos naturais, as mãos fortes e mágicas deste agente preparam o corpo e espírito de Merkel para as exigências impostas pelo futuro vindouro. Juntos irão definir o conjunto de objectivos a cumprir, bem como as acções a executar, para garantir uma sã convivência no seio das familias europeias. Este agente é apenas um negociador devendo abandonar o quarto para permitir a Merkel um pequeno período de reflexão antes da tomada da decisão mais importante da sua vida.

4º Passo – O Camareiro: para finalizar a missão este agente selará o acordo em tom de festejo, celebrando a preceito o fim das negociações com vantagens benéficas para ambas as partes. Será responsável pelo plano de avaliações periódicas para garantia do cumprimento do acordo. Cada uma delas encerrada com o jorrar de rios de champagne. Se a qualquer momento a missão não estiver a correr como o esperado tem ordens explícitas para intervir, desenroscando-a como melhor entenda.

Um inesperado e improvável Quarteto Fantástico para a Salvação Nacional de Portugal!

PS –  poderá também chegar hoje a Portugal aquele que seria o general perfeito para coordenar esta missão impossível. Reconhecido estratega com perspicácia e sagacidade acima da média e certamente disponível para ajudar Portugal para lavar os seus pecados. Coincidência? Ou o plano já estará em marcha? A ver vamos…