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Selfie Solidária
Está para fazer quase três anos que Portugal escancarou as suas portas aos mais necessitados. Estávamos dispostos a receber 10 mil refugiados! O dobro do pedido pela União Europeia.
Feitas as contas foram recebidos perto de 1 500 mais de metade dos quais não quiseram permanecer no nosso território.
Quer isto dizer que continuamos com mais de 9 mil vagas para receber refugiados, acenando uma bonita e sentida bandeira de oferta solidária que nos deixa muito bem na fotografia, mesmo que não usufruída.
A outras latitudes outras fotografias demonstram que talvez pudessemos disponibilizar estas oportunidades a outros povos, igualmente massacrados e desesperados.
Será melhor fazê-lo o quanto antes porque uma selfie internacional tem muito mais impacto do que uma selfie nacional, e existe o perigo efectivo de alguém fazer contas e perceber que as 5 000 vagas a mais disponibilizadas seriam suficientes para dar resposta aos menos sexy cidadãos nacionais em situação de sem abrigo.
Lembrei-me disto porque o Natal é a altura perfeita para ajustar a distribuição dos presentes, deixando de os dar a quem não os valoriza, reforçando a dádiva a quem mais precise.
E assim enfeitar as nossas walls com uma tremenda selfie solidária.

A Feira dos Coletes
Há uma semana que França se encontra ao rubro com a moda dos coletes amarelos, símbolos da luta de rua pela anulação das políticas que conduzem ao perder do poder de compra. Haverá luso-descendentes entre eles?
No Mediterrâneo, apesar de ter deixado de ser preocupação mediática continua a predominância da moda dos coletes laranja que mantêm à tona algumas esperanças de vida.
Já em Portugal o foco esteve na discussão da moda do colete encarnado, foi o próprio Parlamento que resolveu a afronta recente, espezinhando-a como merecia. Os progressistas não entendem que as lides do Touro são o futebol de Verão dos provincianos. As gentes do campo e das lezírias são muito perigosas, munidas de forquilhas, habituadas a labutar horas a fio, fortalecidas pelas agruras das jornas, sabe-se lá que lhes daria para fazer se de repente se lhes acabasse a festa! Sacrifiquem-se os touros em prole do bem comum, que farpem, sangrem, ridicularizem e matem o bicho à vontade, desviando a atenção do que fazem os seus autarcas quando não organizam esta bela festa. Uma mão lava a outra. É tradição.
Mesmo assim já se vê o emergir de alguns coletes amarelos em Portugal, que, apesar de parcos, conseguem paralisar a dinâmica de exportações nacional! Estão a ver o perigo? Não seria melhor serem adeptos fervorosos dos coletes encarnados!?
É muito complexa a moda dos coletes. Enquanto Portugal se mantiver fiel ao encarnado tudo vai bem. É rezar para que não se dê a chegada do laranja, o que estragaria a bonita selfie do nosso Allgarve, e se consiga conter o real perigo da contaminação do amarelo, o que daria muito pouco jeito em ano de eleições.