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USS Zumwalt (DDG-1000)
Recentemente adicionado ao efectivo, o ultra moderno e complexo contratorpedeiro da marinha norte-americana USS Zumwalt (DDG-1000) partiu da costa leste em direcção à sua futura base na costa oeste, em San Diego. Atravessava o canal do Panamá quando, vítima da sua sofisticação avariou e parou, sem capacidade de se mover. Já no passado mês de Setembro a mesma avaria obrigou a uma reparação de dez dias, operação que ditou o cancelamento de alguns dos testes de mar agendados, por forma a cumprir com a data de comissionamento prevista, o que ocorreu a 15 de Outubro deste ano. Lá estiveram muitos ilustres e claro, as madrinhas, as filhas do antigo Chefe de Operações Navais, em honra do qual o navio foi baptizado, o Almirante Elmo Zumwalt. Houve festa, música e champanhe. Ouviu-se o tradicional “Man your ship and bring her to life”. Assim fez o capitão James Kirk – deu ordem à guarnição para embarcar e dar vida ao navio, qual Star Trek a remos.
O primeiro de apenas três navios da classe, não terá ainda bem definida a sua missão. Concebidos para operar perto da costa, sobretudo apoiando acções de desembarque, estes navios não estão preparados para combate em águas profundas. Por outro lado, o elevado custo (22 mil milhões de dólares) constituí uma generosíssima fatia no orçamento da Marinha americana, ditando o adiamento ou mesmo cancelamento da modernização das frotas de Contratorpedeiros e Cruzadores lançadores de mísseis (Classes Arleigh Burke e Ticonderoga), condenando-os a uma obsolescência precoce por incapacidade de se defenderem dos novos mísseis balísticos e de cruzeiro supersónicos das marinhas Chinesa e Russa.
Carenciada de navios de superfície para integrar os grupos de combate liderados pelos seus porta-aviões nucleares, dir-se-ia que a US Navy está hoje refém de brinquedos caros e inúteis…
Aquário das Guelhas
O “novo” programa da televisão portuguesa, Aquário das Guelhas, pretende dinamizar a economia nacional através de um inovador formato: Aos empreendedores é oferecida a oportunidade de apresentar a sua ideia, patente, produto ou empresa a um conjunto de investidores perspicazes e bem-sucedidos, as Guelhas.
Este formato inédito é em si mesmo uma notável demonstração de criatividade. Aposto que o mundo inteiro vai copiar! Para além do salutar entretenimento dos milhões de portugueses que empreendem no sofá, permitirá ainda concretizar projectos que por falta de capital não chegariam a conhecer o sucesso, como por exemplo o navio Atlântida. Foi um memorável episodio, um excepcional instante televisivo: Zé, o empreendedor, começou por explicar às Guelhas que na verdade não é o mentor do projecto, mas como o recebeu por herança, sentia-se na obrigação de lhe dar um rumo, e por isso ali estava. Com desenvoltura apresentou o navio e pediu 29 milhões por 100% da coisa em causa. As Guelhas, claro está, questionaram “Quanto já foi investido nisto?”. A resposta chocou-os – “Quase 50 milhões”. À vez, lá foram dizendo “estou fora”. Os números não batiam certo, mas o navio interessava ao tubarão-azul. Fez uma contraproposta de quase 9 milhões. Zé pediu para pensar e ligar aos sócios. Após alguns minutos reentrou e disse “recebemos uma proposta grega de 13 milhões”. O tubarão-azul sugeriu que o melhor seria aceitar essa proposta, mas ele manteria a sua. Sabia que os gregos tendem ao incumprimento. Estava certo. Chegada à data limite, os helénicos falharam o pagamento e o Zé lá entregou o Atlântida por 8,7 milhões. É a vida.
Fechado o negócio, o futuro do navio seria risonho. Mistico até! Mas, apesar de toda a energia positiva o projecto de intenções foi mudando, até que uma nova oportunidade surgiu. Não será necessário investir um cêntimo, pois parece que há nos fiordes uns comedores de bacalhau dispostos a pagar 17 milhões pelo navio tal como ele está. Tudo está bem, quando acaba bem. Pelo menos é o que dizem…
Nau Taforeia
As últimas semanas têm sido pródigas em “factos” políticos: candidaturas, propostas macroeconómicas, coligações, relatório da comissão de inquérito, celebrações e discursos. De tudo um pouco. Haja abundância, haja diversidade, haja campanha. É certo que atenua o cinzentismo reinante. Embora animada, não alegra. Nem um pouco. Revela apenas que tipo de eleitorado somos. Ao conteúdo, alguns chamam eleitoralismo. Eu chamo-lhe palha. São fardos e fardos de palha!
As campanhas eleitorais dizem-nos mais sobre nós próprios do que sobre quem se candidata. Tendemos a não pensar muito nisso. Talvez seja melhor assim. Preferimos palha e estamos no nosso direito. Os candidatos agem em conformidade, servem-na aos elegantes e dóceis puro-sangue Lusitano. Bem sei que a abstenção tem subido a cada votação, mas tal mais não é que a medida do sucesso dos candidatos – Quantos menos votarem, melhor, mais fácil se torna a manobra.
Será que o navio aguenta? Sim, que remédio, mas verdade seja dita, a outrora opulenta Nau Portugal tem vindo a ser reformada e ajustada a novas missões. Tal como outro Albuquerque no passado, a actual visa importantes objectivos além-mar. Para o conseguir, necessita de um navio próprio para o transporte dos eleitores. A manobra nunca será fácil, pois todos os equinos tendem a temer a água. O embarque não se faz pela escada de portaló. Ferrados ou não, os cascos não são compatíveis com degraus. A rampa é a solução. Cabeção e determinação rampa acima no embarque.
Chegados ao destino, desembarcaremos rampa abaixo numa qualquer praia paradisíaca. Nessa altura, não restará palha na coberta, mas manobrada com perícia, a Nau Taforeia estará apta a embarcar mais eleitores para uma nova e emocionante viagem.
ZEE 2115
A França, terra da liberdade, igualdade e fraternidade, vendeu à Russia dois navios da classe Mistral. Nicolas Sarkozy anunciou o negócio no final de 2010, e os contratos foram assinados no inicio de 2011. Os estaleiros STX France cobraram 1,2 mil milhões de euros pelos dois porta-helicópteros. Apenas 20% mais caros do que os submarinos da classe Tridente que compramos à alemã Ferrostaal. Convêm salientar que o preço não inclui os 16 helicópteros, nem os 40 blindados que cada navio pode transportar. Não houve contrapartidas, nem ajudas. Conseguiram fechar o negócio sem o precioso auxílio duma Escom lá do sítio.
Em Junho deste ano, os norte-americanos manifestaram duvidas quanto à conformidade da primeira entrega com as sanções (entretanto) impostas à Rússia. Propõem a venda ou aluguer destes navios à NATO. França diz que não. O cancelamento é caro, porque os russos já pagaram, e para além disso quer alemães quer britânicos têm vendido armas à Rússia. O secretário-geral da NATO, o dinamarquês Fogh Rasmussen é peremptório – a decisão compete à França. Em Julho, François Hollande anunciou a entrega do “Vladivostok” dentro do prazo (Outubro de 2014), mas qual abstenção violenta, condicionou a entrega do “Sevastopol” à evolução da situação na Ucrânia. Uma posição surpreendentemente lusitana: uma no cravo, outra na ferradura. Apesar de pouco solidário, foi fraternal… Entretanto, a guarnição russa do navio chegou a França. Os testes no cais começaram no dia 6 de Julho, mas antes do inicio dos testes de mar, o volte-face – Hollande anunciou ontem o cancelamento da entrega do primeiro navio. Parece que alguém na NATO ficará com ele. Resta saber quem.
A meu ver, ninguém no ocidente pode acusar a França de inconsistência. É certo que mudou de posição em pouco tempo, mas essa parece ser a prática vigente. Há menos de um ano, o programa nuclear do Irão era uma questão bélica e Bashar al-Assad era a personificação do mal na Síria. São dinâmicas da geopolítica. Hoje, parece que Teerão apenas quer a tecnologia nuclear para fins energéticos e al-Assad é quase (quase) um aliado. Afinal há mesmo terroristas por aquelas bandas. Por cá também, dizem. Exportamos, garantem. Tudo a bem do equilíbrio da balança comercial. Não percam os próximos episódios, o tema promete.
E os navios, quem fica com os navios? Tenho uma teoria, certamente presunçosa, mas julgo que fundamentada: Está para breve o alargamento da nossa Zona Económica Exclusiva; somos o membro da NATO com maior tradição marítima; temos a Escola Naval mais antiga do mundo; ampla experiência no leasing de equipamento militar e claro, somos um povo com uma natureza profundamente voluntária.
Julgo chegado o momento para a concretização de um sonho, o “N.R.P. Fénix“. Será provavelmente adicionado ao efectivo da nossa Marinha, talvez já em 2015. Além do nome de baptismo, passe a imodéstia, proponho o indicativo visual. Na amura ler-se-á “ZEE 2115”, numa tripla alusão a quem vai pagar o aluguer (o Zé), ao ano da ultima prestação, e claro à Zona Económica Exclusiva (ZEE). Talvez seja desta… Bem sei que não será um porta-aviões, nem foi construído em Portugal, mas é um principio!
O Foral de Boliqueime
A Nau Portugal perdeu o piloto-mor. Desembarcou e demitiu-se. Diz que falhou. Reconheceu e escreveu. Guardou no frio, até que o calor chegasse. Chegou e de pronto aprontou o cangalheiro das laranjas, jotas e barões, desclassificado ou professor. É conhecido o seu instinto. O defunto responde com pompa e circunstância, a sua única aptidão, o faz de conta. Contradiz-se e apela ao nacionalismo piegas. Diz seu o país. Abandonado não fica. Há negócios por concluir!
A palavra a quem não quer falar: O tempo passou e El Rey de Boliqueime lá palrou, não sem antes todos ouvir. Reflectiu e ponderou. O foral publicou. A viva voz o leu a seus súbditos. Ninguém adormeceu. Explicou quem manda: os mercados. Obedecer é o desígnio. É solene o momento. El Rey decide não decidir. Apelou à anúduva dos partidos do regime. Decretou a primeira acção de fossado contra os eleitores. Tudo em nome da salvação, do regime, porque todos os outros estão condenados.
A Nau permanece à deriva. Ninguém ao leme. É a nortada que impõe o rumo.
Optimist
Julgando-se comandante de um Galeão da carreira das Índias, declama “Os Lusíadas“. As analogias náuticas que se seguiram à assustadora prova de sensibilidade e cultura, são igualmente mobilizadoras, plenas de emotividade e sonolência. Não encanta, nem navega. Estamos perante um petiz, um aprendiz de Optmist. Explica as crenças de Agosto, mas deixa-nos a dúvida se detêm carta de marinheiro. Não sabe onde fica o cabo das tormentas, mas repete à exaustão a mitológica ameaça do Adamastor. Não camba, clama vela cheia, por isso caça a grande. São as talas que lhe criam a ilusão, mas o aprendiz ignora. Emerso, abraçado à âncora da solução única afoga-se o tripulante, o contribuinte. Estamos sem patrão de alto-mar ou mesmo de costa, e mesmo assim rumamos ao oceano sem içar a âncora. Queimamos as amarras para que se calem os velhos do Restelo, enquanto o comando contínua a alijar a economia. Alguém lhe explique que o chicote é apenas a extremidade de um cabo!
Quem o alheio veste
Foi por encomenda do armador alemão Hamburg-Amerika line (HAPAG) que nos últimos dias do século XIX a sua quilha foi assente nos estaleiros da William Gray & Company Ltd em West Hartlepool, Inglaterra. Lançado no primeiro ano do século XX, 1901, o navio foi baptizado “Numantia”, numa premonitória homenagem à lendária cidade de Numancia, na antiga província Romana, Hispânia. Com 122 metros fora a fora, 16 metros de boca, quase 4500 toneladas de arqueação bruta e aproximadamente 8000 toneladas de arqueação líquida (Sistema Moorsom), o novo cargueiro a vapor, então moderno e eficiente, serviu a nação germânica até Agosto de 1914. A primeira grande guerra ditou o bloqueio naval Britânico a todos os portos Germânicos. Impossibilitado de regressar à Alemanha, o navio rumou ao porto de Mormugão, colónia ultramarina de Goa, Índia, onde lhe foi concedido refúgio ao abrigo da neutralidade que a jovem República Portuguesa mantinha no conflito.
Eis que em 7 de Fevereiro de 1916 tudo se altera. É promulgada a lei nº 480, ao abrigo da qual o governo Português legítima a “requisição de todos os meios de transporte julgados indispensáveis à economia nacional”. Este primeiro passo rumo à beligerância, à época justificado pela necessidade de salvaguardar o comércio colónial, mais não foi que um sintoma da nossa condição de protectorado Britânico. Provou que a jovem república, depois de muito criticar o deposto regime monárquico, não se libertara da subserviência ante o Reino Unido. Portugal observa assim a velha aliança, mas não declara guerra ao Império Germânico, decreta. A 23 de Fevereiro de 1916, o governo manda publicar o decreto nº 2229, o qual determina a apreensão dos setenta navios Alemães refugiados em território Português. A resposta Alemã, sob a forma de ultimato, exigindo a devolução dos navios foi ignorada, pelo que a brilhante iniciativa legislativa, obtém o resultado desejado: a Alemanha declara guerra a Portugal.
A Nação aceita o enorme custo da guerra em troca de uma vasta e moderna frota de navios mercantes, muitíssimo superior à capacidade de investimento e produção naval nacional. Milagrosa resolução desse défice. É neste contexto, com a missão de gerir a nova frota, que nasce a companhia “Transportes Marítimos do Estado” (T.M.E). Contudo, negociações anteriores ao iluminado decreto, garantem o usufruto de 80% desta frota de navios ao Reino Unido, através de contracto de fretamento com o armador Furness, Withy & Co, o famoso contrato Furness. A frota alemã servirá sobretudo o interesse Britânico: à razão de um preço por frete muito inferior aos valores de mercado (<50%) e com prémios de seguro ridiculamente baixos. Acresce a fórmula de cálculo, que em ambos os casos, frete ou perca do navio, tinha por base a arqueação bruta e não a líquida, isto é, com base no peso do navio e não na sua capacidade de carga (a única relevante para o fretador). Condições ruinosas para o armador estatal, válidas ao longo de um prazo singelamente definido por “Seis meses após o fim da guerra”. Uma PPP com garantias do estado Português, em benefício do Britânico e com o patrocínio da iniciativa privada Alemã.
Uma vez reparados os danos resultantes da sabotagem perpetrada pela tripulação teutónica, o “Numantia” foi rebaptizado “Pangim”, em homenagem à cidade Indiana do Império Colónial Português. Recebe tripulação Portuguesa e serve os aliados durante a vigência do contrato Furness, período ao longo do qual vive múltiplas privações e vergonhas, normalmente resultantes da sistemática falta de pagamento do armador estatal aos seus fornecedores. É conhecida uma longa e ruinosa estadia do navio e sua tripulação no porto de Antuérpia, Bélgica. Nada que se compare com o caricatural exemplo do vapor “Sines”, que em Cardiff, País de Gales, esteve arrestado de Fevereiro de 1921 a Janeiro de 1922, vivendo a tripulação em precariedade tal que se viu obrigada a carregar terra para bordo, e nela plantar uma horta em pleno convés do navio. Avulsos exemplos das metodologias e práticas em vigor nos T.M.E, organização verdadeiramente a saque por funcionários e agentes, com um histórico de fraudes e roubo tão vasto e diversificado que pede meças em criatividade e audácia com qualquer outro “caso” da actualidade. É perfeita a analogia com o desfecho do caso BPN: No fim pagámos todos.
Após um longo e complexo processo de liquidação dos T.M.E, o navio é devolvido à iniciativa privada em 1926, ano em que é adquirido pela Companhia Colónial de Navegação (C.C.N.). Recebe então o terceiro e último baptismo, “Cassequel”, também em homenagem a uma cidade do Império colónial, em Angola desta feita. Fez carreira na Europa, arquipélagos Atlânticos e na África Ocidental Portuguesa, navegando sem sobressaltos até 1933. Foi em Agosto deste ano que o navio enfrentou um grave incêndio, deflagrado nos fardos de palha destinados à alimentação dos animais que transportava. Navegando de proa ao vento e com a intrépida intervenção da tripulação o fogo foi controlado. O navio chegou a bom porto pelos seus próprios meios, mas o incêndio foi de tal forma violento que danificou seriamente a superstrutura e destruiu completamente o mastro grande, a meia-nau. Após a reparação, o “Cassequel” viu a sua superstrutura melhorada pelo que ficou também habilitado ao transporte de passageiros. Foram também adicionadas duas gruas em substituição do mastro perdido. Superado o desafio, melhorado após as reparações, o navio retomou a sua actividade.
A normalidade foi interrompida com o início da segunda guerra mundial. Tendo sobrevivido à primeira guerra, o navio enfrenta a segunda sob protecção da neutralidade Portuguesa. O velho “Cassequel” partiria uma última vez de Lisboa no início da tarde de 13 de Dezembro de 1941. Rumou a sul, em direcção à África Ocidental, com 9 passageiros, 48 tripulantes e uma considerável carga de gasolina a bordo. Comandava Sebastião Augusto da Silva, meu bisavô, pai do pai de meu pai, senhor meu avô. Decorridas mais de 24 horas de viagem, o navio é atacado durante a noite de 14 de Dezembro de 1941, numa posição a mais de duzentas milhas a sudoeste do cabo de São Vicente. O agressor, o submarino Alemão U-108, lançou um torpedo que às ordens do Capitão Kalus Scholz foi apontado à popa do velho vapor, destruindo o leme e a hélice, imobilizando o navio. De pronto foi dada a ordem para abandonar o navio. Arriadas as quatro baleeiras, e apesar de uma delas se ter inicialmente virado, breves minutos bastaram para que todos os tripulantes e passageiros embarcassem nos salva-vidas. Imerso e a coberto da noite, o U-108 nunca foi avistado por nenhum dos náufragos. Através do periscópio, terá o seu Capitão confirmado que todas as baleeiras se afastavam, momento em que ordenou o lançamento do segundo torpedo, desta feita apontado a meia-nau, directo à carga de gasolina a bordo. A enorme explosão partiu o velho vapor a meio, precipitando um afundamento quase instantâneo. Seis dias mais tarde, a 20 de Dezembro de 1941, o navio da Armada Portuguesa, “NRP Douro“, resgata a última das quatro baleeiras. A bordo estavam dez tripulantes, dois passageiros e o meu bisavô, que recebeu com agrado a notícia que todos náufragos estavam a salvo, sem vítimas a registar.
O “Cassequel” cumpriu assim a premonição do seu primeiro baptismo, “Numantia”. O seu arresto em 1916 traiu a neutralidade que o atraíra a território Português, traição devolvida em 1941, com o seu torpedeamento apesar da neutral credencial Lusitana. Qualquer semelhança com a actualidade nacional, é pura obra do destino traçado para a Nação que se fez Estado quando um filho fez guerra à sua mãe. Ouro do Brasil, frotas de modernos navios, fundos estruturais ou moeda única, sabemos que para cada oportunidade estará reservada a respectiva tragédia. É fado, sem saudade ou memória. Por vezes agraciada com as riquezas do mundo, a nau Portugal é com a mesma frequência vítima de si própria. A tripulação não aprende. Ao Leme esteve sempre quem mandou, raras vezes quem sabia mandar.
É sabido que “Quem o alheio veste, na rua o despe”. Porque que o esquecemos tão facilmente?