Category Archives: Ideias para o Mundo

Soltura dos Coelhões!

Mais um ano passou, é chegada a altura do coelho sair da toca. Existe no entanto algum receio de que este possa estar contaminado com zoonose perigosa, pelo que ainda se avalia se será recebido a foguetes de celebração ou a tiros de exterminação.

Mas chega de futurologia. Centremo-nos por agora naquele que foi o nosso passado recente.

NOTA: este post resulta de uma compilação do que de mais significativo se passou relativamente à gestão pandémica. Para mais detalhes e resumos semanais deve ser seguido o nosso canal telegram https://t.me/aoleme

Em Portugal

O ano começou com a aplicação em barda das doses de reforço, que chegaram às 6 milhões, centenas de milhares de testes diários e mais de meio milhão de pessoas em isolamento profilático. Apesar do cenário pandémico, as eleições foram consideradas o mais importante, com o direito de voto a sobrepor-se às medidas de prevenção.

Progressivamente, até meados do ano, foram abandonadas praticamente todas as medidas e restrições, o que muito agradou ao país, apesar de desagradar a alguns especialistas. Para os colocar no lugar, o nosso querido Marcelo faz questão de relembrar que as decisões a respeitar são as do poder político, não o opinanço dos especialistas. Em Maio, apesar da alta taxa de vacinação estavamos na frente do pelotão de casos activos. Em Setembro considera-se que a maioria da população tem anticorpos activos e que por isso podemos estar mais descansados. Em Outubro dados do Infarmed indicam que foram registados 38.000 casos de reacções adversas à vacina. Tendo em conta que apenas 1% a 10% dos casos são reportados, podemos de forma grosseira multiplicar no mínimo por 10 este número. Em início de Dezembro a DGS recomenda a vacinação de crianças dos 5 aos 11 anos para logo na semana seguinte alertar para possíveis sintomas de miocardite e pericardite em crianças, até 14 dias depois da toma, pedindo também para espaçar com toma de outras vacinas já que não se conhece ainda a interacção entre elas. As urgências ao longo do ano tem estado assoberbadas, agravando-se no final do ano com especial incidência nas camadas jovens.

Em Abril começou a notar-se uma tendência anormal de mortalidade excessiva, reforçada em Maio, justificada pelo calor em Julho, mais escrutinada em Agosto, voltando a referir-se os números diários muito anormais em Dezembro. Ou seja, estamos a falecer bastante, até 40% acima da média, não se sabe bem porquê mas também não é muito importante, sobretudo se não se der destaque a isso, não vão as pessoas começar a usar a cabeça para tentar perceber que causas potenciais poderão afectar a maioria da população.

Em Maio foi publicado o documento resultante do Anteprojecto de Lei de Protecção em Emergência de Saúde Pública, que basicamente procura agilizar e legitimar a adopção de algumas medidas de emergência sanitária, que hoje atropelam direitos constitucionais. Em Julho o Tribunal Constitucional conclui que foram declaradas quarentenas e confinamentos de forma inconstitucional. Eis que em Novembro a revisão da constituição é repescada para a ribalta, com enfoque também na actuação em emergência sanitária. Mais ou menos na mesma altura em que são anuladas as multas, passadas pela ASAE, por não conformidade com regras decretadas durante a pandemia. Em Dezembro Marta Temido, que atravessou toda a gestão pandémica, é nomeada para vice-presidente da comissão de eventual revisão constitucional.

A Nível Internacional

Tal como em Portugal o ano começou intenso, ocorrendo um progressivo desagravar das medidas e restrições em vigor, até meados do ano. Velocidades diferentes em cada país e continente, convergindo no sentido de deixar de ser uma preocupação urgente. Vários países passaram inclusive a desaconselhar a toma de vacinas a várias faixas etárias.

Ocorreram ao longo do ano manifestações significativas (Alemanha, Reino Unido, Áustria, Bélgica, Austrália, Canadá, etc) por saturação para com medidas restritivas, recusa ao uso de certificado digital e à possibilidade de decreto de vacinação obrigatória (sectorial e/ou total). Na Áustria a lei de vacinação obrigatória esteve em vigor menos de um mês sem qualquer impacto no aumento das taxas de vacinação. Na Nova Zelândia foi considerada ilegal. Parte significativa do pessoal da área de saúde recusa também a toma das vacinas, apesar da coação e ameaça de despedimento.

Apesar do incentivo à vacinação continuada, as doses de reforço acabaram por deixar de ter tanta procura com centenas de milhões a terem de ser destruídas a nível mundial, por falta de adopção pela população. Estranhamente países com baixa taxa de vacinação, como Nigéria e Ucrânia, não são assolados por picos de infecção nem de mortandade. Nesta última, devido a condições impostas pela guerra, esperava-se uma catástrofe epidémica que felizmente não se verificou.

Autoridades de vários países, até a própria OMS, adoptam narrativas que estigmatizam e demonizam os que se opõem a medidas restritivas da liberdade e não aceitam imposição de testes e vacinação sobre si, rotulando-os de anti-vaxxers, termo que colam a extrema-direita, radicais, terroristas, etc. Além de declarações públicas é feito o cancelamento digital com anulação de contas em várias plataformas e/ou censura de conteúdos. Estes grupos estimam de forma científica e estatística que existem já dezenas de milhões de mortos devido a vacinas.

Em Outubro Presidente da Pfizer não comparece em audiência requerida por Comité do Parlamento Europeu. A representante por si enviada pouco desenvolveu nas respostas às questões colocadas, mesmo assim foram dados sinais preocupantes da forma como foi conduzido o processo de desenvolvimento, aprovação e contratação das vacinas. Por exemplo foi assumido que não se testou se a vacina funcionaria como meio de paragem da transmissão e não se explica como as vacinas foram investigadas e desenvolvidas antes do surgimento do vírus.

OMS criou este ano um comité para rever e optimizar procedimentos a aplicar em futuras pandemias. Esperam reestruturar e criar um guião de resposta internacional coesa que possa ser aplicada já em 2024.

Tal como em Portugal a mortalidade excessiva é um flagelo que está a atingir várias partes do mundo como USA, Alemanha, Austrália, Reino Unido, etc, sendo o síndrome de morte súbita, que engloba todas as mortes repentinas sem explicação causística, apontado como o principal responsável.

Neste momento a anulação da política Zero Casos praticada pela China, tão criticada pelo Ocidente, aparenta ter despoletado um descontrolo de novos casos, hospitalizações e óbitos naquela nação. O que deixa o mundo algo apreensivo devido ao simbolismo de ali, em 2019, mais ou menos na mesma altura, assim se ter iniciado a pandemia. Passados quase três anos ainda não existe um alinhamento sobre o que fazer relativamente a voos oriundos da China. Ou seja, no virar de ano somos assombrados pelo fantasma da repetição de tudo o que esquecemos nos últimos 6 meses.

Além de tudo isto em Fevereiro inicia-se a invasão Russa da Ucrânia, que perdura até hoje, sendo a grande influenciadora da disrupção energética e financeira mundial, sobretudo a nível europeu. Projecta-se que o real impacto dos efeitos colaterais desta guerra só serão sentidos em 2023.


A importância deste balanço é o tomar consciência de que, infelizmente, este é um tema que vai estar presente em 2023, ao contrário da promoção de uma apaziguadora amnistia, temos a obrigação moral de buscar o pleno entendimento de tudo o que foi decidido, como o foi, e suas repercussões futuras.

De 2020 a 2022 descobrimos que grande parte do mundo está disposta a atropelar direitos de soberania individual, impondo a adopção de actos médicos ineficazes e/ou experimentais, sob pena de discriminação legitimada ou mesmo criminalização a quem se recuse a fazê-lo. Para uma minoria foi um choque perceber isto, que existe uma ténue linha a servir de fronteira entre a sã convivência e uma tirania totalitária. Depois do choque inicial nada mais há a fazer do que encarar o acontecimento como um estímulo à transformação pessoal e colectiva, que permita criar as ferramentas capazes de travar, de forma mais salutar e eficaz, as futuras tentativas de abusos similares.

2023 será seguramente um ano complexo durante a primeira metade. Esperemos que a segunda metade seja auspiciosa e o verdadeiro virar de página de um dos períodos mais deprimentes da nossa geração.

Ucrânia – sinais dos tempos

Este não é um post fácil de digerir. Tem o objectivo consciente de provocar, oferecendo uma perspectiva de choque, na esperança de despertar pensamento crítico sobre tudo o que nos é comunicado. Desanima-me muitas vezes ver pessoas com o sentimento adequado, compaixão para com as vítimas, mas o entendimento completamente adulterado, ódio incondicional para com a Rússia, como se o mundo Ocidental não tivesse grandes responsabilidades no que está a acontecer neste e noutros temas.

Em caso de indignação ou altercação por favor saltar para última secção.

Enquadramento Histórico

É comum ouvir ao vivo, ou ler em posts contemporâneos, palavras de sentida e completa diabolização da Rússia, colando uma civilização milenar ao seu actual líder, ou aos horrores presentes nos seus últimos 100 anos de história (algo similar ao que também acontece com a China).

Antes de reagir, tomar posições firmes e verbalizar palavras sentidas, seria um bom exercício que cada um(a) aproveitasse este momento para explorar o passado, antigo e recente, procurando adquirir uma percepção informada daquilo que dele se reflecte hoje neste presente, que não deixa de ser um certo deja vu do acontecido com a Crimeia do ponto de vista estratégico e geo-político.

Depois desse trabalho de casa verifica-se facilmente que mais uma vez os media ocidentais gostam de cozinhar uma narrativa, com omissões grosseiras, que induza uma tendência forte de entendimento e sentimento generalizado.

Sinais Preocupantes

Durante a juventude intelectual é normal que tenhamos uma certa soberba, de olharmos para os problemas do mundo detectando de caras as decisões idiotas que conduzem a conflitos ou catástrofes de várias naturezas, de acharmos que os representantes e decisores de altas instâncias são profundamente incompetentes. Mais tarde, com a continuidade e instalação de humildade, percebemos que o desenrolar dos acontecimentos é desenhado e conduzido de forma magistral, com muita minúcia, formatando a opinião pública para a aceitação, advocacia e apoio das linhas gerais de acção/reacção desejadas. Deixo aqui alguns pontos à (re)consideração.

A batalha pela mente acentua-se, sendo designada de guerra de (des)informação. Não me levem a mal mas é óbvio que ambos os lados manipulam os acontecimentos para tentar conquistar a opinião pública. É essencial ter acesso a ambos para identificar discrepâncias que merecem ser investigadas para perceber onde está a verdade. A aceitação da censura do acesso à informação emitida pelo “inimigo” é mais preocupante e perigosa do que os perigos de ter contacto com propaganda grosseira. Estão basicamente a dizer-nos “não se preocupem, as entidades competentes farão a filtragem dos conteúdos informativos sobre este conflito, confiem absolutamente em nós que somos os guardiões da verdade e da justiça”. Um exemplo é a acusação trocada de combate a fascismo e nazismo. De caras a Rússia é ensacada nesse estereótipo mas depois percebemos que existe algo na Ucrânia chamado Batalhão Azov com alta influência em temas de defesa e militares, ficando então mais complicado de definir a quem aplicar o esterótipo de forma exclusiva. Deixo alguns canais Telegram onde ainda é permitido cruzamento com informação diferenciada, que também deve ser consumida e filtrada com cautela: Coach Red Pill, Storm Clouds Gathering, O Informante.

A promoção da guerra vs a promoção da defesa. Temos países europeus a oferecer armamento a uma das partes de um conflito armado às portas da União Europeia, a unir-se num isolamento económico-digital nunca visto à Rússia e aliados, a lamentar que uma das partes não seja já membro da UE e/ou NATO tentando congeminar formas de o conseguir concretizar de forma benemérita para assim legitimar políticamente uma intervenção no terreno (que basicamente seria o oficializar da 3ª Guerra Mundial envolvendo potências nucleares de ambos os lados). Tudo isto tem consequências gravíssimas e impacto mundial a todos os níveis, sendo claro que depois de criado um ambiente de repulsa para com um dos lados se apelou a que uma guerra “moral” contra o agressor terá custos elevados que a população tem de estar preparada para suportar. Estaremos mesmo cientes e preparad@s para todas as possíveis consequências, inclusive de um envolvimento directo?

A construção do grande herói. Zelensky está a ser retratado como homem dos tomates de ferro, o verdadeiro líder patriota, a encarnação da coragem e despertador de libido na sua legião de nov@s admiradores. Zelenksy é um político, isso só de si já diz muito. Imaginemos um líder altamente competente, com capacidade de análise estratégica geo-política, conhecedor de acordos históricos recentes e do impacto das suas decisões no saudável equílibrio das relações com nações vizinhas. Terá decidido consumar uma aproximação à UE e NATO, certamente tendo conversas de altas instâncias onde lhe terá sido garantido apoio (in)condicional. Empoderado por esse apoio ousa desconsiderar sérios avisos de uma nação vizinha historicamente poderosa, influente, quiçá mesmo ameçadora, esquecendo o recentemente ocorrido no episódio Crimeia. Um conjunto de palavras e actos geram uma avalanche de acção/reacção que resultam em invasão militar e isolamento no terreno, pois afinal as suas costas não estariam tão quentes como pensaria. Apressa-se a fazer apelos de ajuda, a chamar de fracos e brandos à UE e NATO que, segundo ele, se acobardam vergonhosamente perante o abraço do urso, recusando-se a pronta intervenção militar moralmente defensável. Ao mesmo tempo proíbe os homens dos 18 aos 60 de sair do país, iniciando um armamento massivo indiscriminado de civis que instiga a combater por todos os meios possíveis. Colocando de parte a aprumada gestão de imagem, o eficiente marketing digital, os monólogos bravos, emotivos e eloquentes, se nos focarmos antes na sua agenda de acção/reacção, é claro que instiga o iniciar e escalar do conflito a nível mundial, criando as condições para uma ainda maior catástrofe de perda de vidas humanas ao promover que civis confrontem forças militares profissionais. A situação não é fácil, claramente é desesperante para quem está no terreno, mas parece-me faltar algum discernimento em todo o processo, juntado-se à equação de que se a Rússia quisesse poderia ter arrasado completamente o país numa semana ao invés de fazer ataques e capturas cirurgícas. Ao contrário do reportado, as forças Russas não estão a ser incompententes ou altamence rechaçadas por heroismo Ucraniano, é provável que simplesmente estarão a exercer uma estratégia de ocupação com progressão lenta, cercos controlados e tentativa de diminuição de baixas de civis, pois é fulcral não aumentar ódio inflingindo baixas desnecessárias (sobretudo se a ocupação for o objectivo). Do meu ponto de vista, um herói não instiga o escalar do conflito, nem “obriga” a sua população a permanecer no terreno para defesa incondicional do seu país. Um herói moderno tem de ter a capacidade de retrair, renegociar, fazer o que é necessário para minimizar perdas ao enfrentar um agressor que é praticamente imparável do ponto de vista militar sem ajuda externa. Poderia ter tido a inteligência de o fazer muito antes do conflito estalar, mesmo que isso atrasasse as suas pretensões de aproximação ao Ocidente. Seja como fôr, temos um herói em ascensão, uma nova referência ocidental do líder ideal em momentos de crise, engrandecido como o grande influencer do momento. (por onde andará Ghandi e a sua inspiração?)

Solidariedade para com vítimas de guerra

Independentemente de tudo que foi escrito acima, de onde está o ónus da culpa, há algo que é inquestionável: o sofrimento humano atroz provocado a vítimas directas ou indirectas de qualquer acto militar. Desde os civis aos próprios soldados que muitas vezes são programados ou forçados a obedecer/reagir sem reflectir sobre os seus actos e pensamentos. De ambos os lados.

Neste momento é a Ucrânia que infelizmente se junta aos vários conflitos activos no mundo, sendo de louvar o genuíno sentimento de compaixão e movimento de auxílio, quase instantâneos, para com esse povo repentina e inesperadamente tão necessitado às portas da UE.

Para quem queira e não conheça aqui ficam dois links para chegar a plataformas que servem de ferramenta para exercício de vários tipos de auxílio.

COFFINamento precário

Quem se atreveria a prever que desde Março de 2020, até final da Páscoa de 2021, iríamos estar mais de 150 dias em regime de isolamento forçado? O objectivo seria o de impedir o colapso do sistema de saúde, coisa nunca vista em Portugal, e uma avalanche de mortes.

Dos 5 milhões de população activa menos de 700 mil puderam trabalhar em teletrabalho. Cerca de 90 mil terão perdido os empregos de forma directa. Os restantes 4 milhões picos lá tiveram de continuar as suas deslocações para cumprir o serviços das empresas em funções. Felizmente não sofremos a dizimação dessa população, das forças de segurança, dos transportes, do sector primário, da construção, do comércio, da indústria e serviços por si garantidos! Só pode ter sido protecção divina pois várias vezes entrei em estabelecimentos de rompante apanhando os colaboradores em círculo próximo de amena cavaqueira sem máscaras, vi trabalhadores de construção civil a borrifar em todas as medidas, ouvi relatos dos transportes apinhados e cruzei-me em ruas e comércio com a maioria das pessoas a usar máscaras com nariz de fora. Claramente andámos todos num faz de conta para nos deixarmos em tranquilidade mútua. Um confinamento à portuguesa para fazer brilharete nos noticiários cujos jornalistas também eles devem estar ausentes do que se passa no terreno.

Em Novembro de 2020 a malha apertou, todas as actividades não essenciais fecharam portas e tivemos mais de um mês de verdadeira reclusão, para quebrar cadeias de transmissão e extinguir a carga viral em circulação. No final de Dezembro projectava-se que os portugueses estavam “limpinhos” depois de tanta responsabilidade e sacrifício. Surpresa das surpresas, os afectos de Natal e Ano Novo ressuscitaram a pandemia a níveis nunca antes sentidos em Portugal, com o Janeiro mais negro dos últimos 12 anos (o que até não é mau se consideramos que o INE tem séries estatísticas fiáveis desde 1960). O resultado foi mais uma terapia de choque doméstico até tudo acalmar. Demorou três meses.

Onde estaríamos sem o confinamento? Variados estudos em vários países indicam que nem muito melhor nem muito pior, simplesmente não pode ser feita uma correlação forte entre essas medidas e as melhoras dos resultados. São os sacanas dos dados que o dizem! Nos USA, a comparação entre estados adjacentes, uns com conformidade total com medidas, outros que nunca aplicaram as medidas são esclarecedores sobre a ineficácia das mesmas em termos de benefícios directos significativos. Além da Suécia temos na Europa o caso da Bielorrúsia, que apresenta das mais baixas taxas de morte, sem nunca ter confinado.

Além dos efeitos inevitáveis do COVID o confinamento acrescentou, além da destruição económica indiscutível, a morte de milhões e sérios efeitos na saúde mental da humanidade. Mesmo no combate ao COVID existem epidemiologistas reconhecidos a alertar para o estar a fazer-se tudo errado, potenciando-se doença e surtos sucessivos.

Demos o benefício da dúvida, cumprimos com resiliência, vamos agora desfrutar a retoma da liberdade, com a certeza de que, em caso de nova situação alarmante, o confinamento não é de todo a solução, podendo ser poupado o sofrimento adicional por si gerado. Exijamos decisões futuras com base no conhecimento adquirido à custa de muitos e irrecuperáveis dias de privação social e familiar.

É a lição que espero termos aprendido nesta reclusão forçada.

Prescrição de Mediacamentação Alternativa

Confiando-se ou não nos diagnósticos e declarações de óbito, os números que temos ao dia de hoje são os de que, a nível mundial, o COVID19 infectou 132 milhões de pessoas, 0.001% da população mundial, tendo conduzido à morte de perto de 3 milhões de pessoas, com uma taxa de mortalidade de 2.27% dos infectados. Um estudo recente indica que numa grande quantidade dos casos mortais, até 84%, o paciente sofria de pelo menos uma doença de comorbidade.

Em Portugal os números podem ser ajustados para cerca de 8% da população afetada com uma taxa de mortalidade na ordem dos 2.05%, com uma média de idades dos óbitos por COVID19 acima dos 80 anos, sendo residuais, menos de 300, as mortes nas faixas etárias abaixo dos 50 anos.

A resposta em curso a esta pandemia é a vacinação total, aplicada a 100% da população, para o atingir da imunidade de grupo. No entanto cada vez mais vozes se insurgem contra esta medida.

Porquê tantos detractores da vacinação? Mesmo entre os profissionais de saúde existem centenas de milhares a recusar a vacinação (Reino Unido, Holanda, França, Espanha, etc), situação “preocupante” que levou por exemplo a Itália a tornar obrigatória a vacinação do pessoal de saúde.

Uma das razões desta renitência é o facto de, apesar de tão louvada ser a celeridade no desenvolvimento destas vacinas, na verdade estamos em pleno ensaio clínico. Consultando os registos americanos podemos ver que tanto a vacina da Pfizer como a da Astrazeneca estão em fase de estudo desde o Abril de 2020 até Abril de 2023. Outro apontamento interessante é que foram excluídos da primeira fase exatamente os indivíduos de grupos de risco que mais devíamos proteger. Ou seja, os resultados preliminares são obtidos com base em população saudável. Os efeitos e eficácia das vacinas sobre a população mais vulnerável serão emergentes durante os meses que se seguem à aplicação prática da vacina pois saltámos várias fases antes de aceitarmos a adoção desta vacina! Para agravar a cautela necessária convém relembrar que no passado ensaios de vacinas para eliminação de coronavírus falharam com consequências gravosas para os animais envolvidos nos testes, sobretudo no contacto posterior com o vírus.

Especialistas de renome no desenvolvimento e execução de planos de vacinação a nível mundial alertam para o perigo da escala global de vacinação, que isso poderá ser um acelerador do mecanismo natural de sobrevivência dos vírus, existindo um grande risco de criar uma variante exponencialmente mais perigosa.

Ao momento existem mais de 270 mil casos reportados nos sistemas europeus de monitorização de reacções adversas, com volumetria significante de casos fatais ou com severa gravidade. Peculiarmente a maior incidência ocorre sobre a faixa etária dos 18 aos 64, a menos afetada pelo COVID19 em si.

Sobre “vacinas” mRNA

Para começar o termo “vacina” foi aplicado para facilitar o entendimento e aceitação do público. Esta é uma nova tecnologia que está a ser aplicada pela primeira vez em larga escala na população humana (por Pfizer e Moderna). Ao contrário das vacinas tradicionais, que usam vírus “dormentes” em carga controlada para permitir ao nosso sistema imunitário uma aprendizagem suave no lidar com este invasor, as “vacinas” mRNA vão alterar a forma como funcionamos, para sempre.

Os fabricantes falam de forma confiante em actualizações ao nosso sistema operativo, a extensão do software da vida. Imaginemos então por quantas linhas de código somos compostos, com a certeza de que o programador original já abandonou as funções, sem deixar a documentação necessária para uma perceção integral do sistema. Apesar do brilhantismo dos que vieram depois existirá sempre a possibilidade de geração de bugs e causar de efeitos adversos. Normalmente na construção de software uma falha é algo reversível, com a reposição da versão anterior que garantidamente funcionava. Neste caso isso não será possível. Se algo correr mal no máximo poderá ser feita uma nova actualização que ela mesma poderá gerar novos bugs e assim sucessivamente. Este é o risco destas “vacinas”.

Medicação de prevenção, tratamento e recobro

Estranhamente somos bombardeados com narrativas que visam construir uma absoluta esperança/confiança na vacinação, que nos é vendida como a única via para o controlo da COVID19. Desde o início da pandemia, em Março de 2020, que vários médicos defendiam a exploração de vias alternativas. Hoje, um ano depois, muitos ensaios foram realizados por quem está na linha da frente, com resultados promissores na diminuição significativa da necessidade de assistência hospitalar. Não sendo os únicos destaco Vitamina C, Vitamina D e Ivermectina,

Para justificar a não adoção destas profilaxias e/ou suplementação é alegada a falta de evidência científica, não existem ensaios clínicos que comprovem que são eficazes na prevenção, tratamento e/ou recobro de COVID19. É verdade, não existem porque a maioria são drogas/medicamentos que já perderam o período de vigência da sua patente, não existindo laboratórios “donos” do produto, disponíveis para investir num estudo caro que possa aumentar as vendas e os seus lucros. O que existe ao momento são evidências observacionais, resultados da sua aplicação em dezenas de milhares de casos, por médicos que recusam baixar os braços na busca ativa de soluções com os meios disponíveis.

Imunidade de grupo

A grande meta é atingir mais de 70% de imunidade de grupo o mais rápido possível. A “vacina” é o veículo necessário para aceleração dessa corrida. Será? Nos USA estima-se que os Hamish, que acabaram por ignorar as recomendações e manter o seu estilo de vida, que inclui cerimónias de grupo, já atingiram a imunidade de grupo, na restante população não vacinada existe de momento uma taxa de 20% de imunidade de grupo, o que poderá ser indicador de que o nosso organismo está preparado para lidar e resolver esta ameaça caso com ela tenha contacto.

Qual a sensatez possível?

Antes de mais ter a capacidade de conseguir um distanciamento emocional para interpretar os dados estatísticos e aceitar as conclusões que eles nos dão. Apesar de claro problema na capacidade de resposta hospitalar a gravidade da situação “pandémica” é muito menos alarmante do que a construída pela narrativa mediática diária. Se igual tratamento mediático fosse dado à gripe comum já teríamos fechado o mundo muito mais vezes no passado.

Ponderar muito bem qual o benefício vs risco de uma eventual vacinação. Somos grupo de risco em termos de faixa etária e/ou comorbidade? Estamos aterrorizados ao ponto de estarmos disponíveis para fazer parte do ensaio clínico em curso para “vacinas” mRNA? Ou, caso a vacinação seja vantajosa para a nossa situação individual, será preferível jogar pelo seguro preferindo uma vacina mais tradicional como a da Astrazeneca?

Não fazendo parte de um grupo de risco não fará mais sentido ficarmo-nos pela profilaxia e suplementação combinada dos medicamentos e vitaminas que estão a mostrar até 85% de eficácia na redução de necessidade de hospitalização por COVID19?

Por fim, estando confiantes no nosso sistema imunitário e na normal relação com o nosso ambiente microscópico até o simples manter ou reforçar de hábitos saudáveis pode ser suficiente desde que não sucumbamos aos efeitos devastadores do stress e medo capazes por si só de indução dos sintomas que tanto tememos.

Sejamos recetivos para com a informação credível que não é disponibilizada nos canais de fácil acesso, tolerantes para aqueles que tomam opções informadas e conscientes, dando o benefício da dúvida com a certeza de que não o estão a fazer por egoísmo nem desrespeito aos demais. Não o aceitar é exatamente exercer esse egoísmo e afrontar a liberdade e saúde individual. Se cada um fizer o que considera acertado para si e para os outros então todos beneficiaremos do efeito placebo.

Testoloto

Testes Polymerase Chain Reaction (PCR)
Tentativa de uma explicação descomplexificada.

Inventado por Kary Mullis, falecido em Agosto de 2019.
O próprio declarou com veemência que não deveriam ser utilizados como testes de diagnóstico, são sinalizadores que devem ser complementados com análises clínicas para fins de diagnóstico. No máximo poderiam ser usados, com reserva, para antecipar diagnóstico em pacientes que apresentassem manifestação aguda dos sintomas característicos de uma determinada doença.

Este tipo de teste é um amplificador de sequências de DNA, baseado em ciclos de duplicação contínua, com crescimento exponencial. No primeiro ciclo a amostra de sequência DNA recolhida é duplicada, no segundo ciclo as duas são duplicadas, no terceiro as quatro são duplicadas e assim sucessivamente. Ao 30º ciclo a sequência de DNA terá resultado em mil milhões de cópias do segmento inicial.

No início de 2020 a sua aplicação ao cenário pandémico determinou que seria aceite como um diagnóstico positivo, infecção por COVID19, a presença de uma partícula (sequência genética ou RNA), considerada como sendo um marcador de identificação do vírus, num máximo de ciclos variável entre 35 e 40 (dependeu dos países). Infelizmente não ficou salvaguardado que na entrega de um resultado positivo fosse feita a indicação do ciclo em que foi sinalizada a “infecção”.

O resultado prático é um grande número de falsos positivos, estima-se entre 30% a 70%, marcando pessoas saudáveis como foco de contágio assintomático. Numa aproximação conservadora, jogando pelo seguro, isto faz sentido. No entanto desde o início que a ciência sabe que neste teste o número de ciclos tem grande influência na real probabilidade de existência de carga viral suficiente para representar uma infecção. Quanto menor o ciclo em que é detetado maior a carga viral. Resultados além do ciclo 25 são considerados pouco fiáveis.

Para o agravar o vírus ainda está por isolar, o código genético da partícula considerada para o sinalizar poderá ser originado noutras fontes de carga genética, incluindo fragmentos do genoma humano.

Em Novembro do ano passado um mundialmente citado Proc. 1783/20.7T8PDL.L1 do Tribunal da Relação de Lisboa usa esses mesmos argumentos para declarar ilegal o confinamento imposto a quatro turistas alemães com base em testes PCR.

A OMS cometeu um lapso que permitiu que os resultados fossem colectados com grande margem de erro, sem refinamento estatístico, pelo menos partilhado publicamente, que permitisse melhor avaliação da situação pandémica com base nos intervalos de ciclos onde ocorrem resultados positivos. Com isso chegámos a números de “infectados” que justificaram a classificação de uma pandemia mundial, activando-se os mecanismos que vinculam os ministérios da saúde de muitos países ao cumprimento do protocolo estabelecido pela OMS para esse cenário.

Desde o início que a ciência alertou para o potencial pânico induzido com base em falsas conclusões. Passou um ano. Em Dezembro do ano passado a OMS reescreve as suas orientações para que os testes apenas executem 25 a 30 ciclos. Na Florida vão mais longe e passam a exigir que os resultados indiquem o ciclo em que foi declarado o positivo. A 11 de Janeiro Portugal emite o Despacho n.º 331/2021 que define o número máximo de ciclos como 25.

Todos nos lembramos do momento em Trump disse que para acabar com o alarmismo da pandemia deveriam diminuir os testes. Rimos num misto de choque e espanto. Em 25 de Janeiro Portugal fazia mais de 60 mil testes diários (20% taxa positivos), indicando que testar era a estratégia para vencer a pandemia. Ao dia de hoje estão a ser feitos pouco mais de 20 mil testes diários (2% taxa de positivos).

Como melhorar isto?
Exigir que nos resultados entregues e na análise estatística seja considerado o número do ciclo em que foi declarada a positividade, perceber a relação entre esses números, aqueles que vão parar a UCI e os que apenas ficam confinados em casa sem sintomas, ir refinando o número máximo de ciclos até tornar o teste mais fiável e útil para um controlo mais focado da disseminação do COVID19.

NOTA FINAL: No passado a declaração de uma pandemia obrigava a uma relação entre número de países afetados, volume do contágio, velocidade de propagação e taxa de mortalidade causada pela doença. O termo foi sendo sucessivamente refinado até que a partir de 2011 basta que uma doença seja identificada (só casos activos) de forma significativa em vários países para que a OMS possa emitir um aviso de pandemia (independentemente de outros factores, fica ao seu critério essa subjectividade).

Marcas de segurança

O medo ganha poder, sendo usado não só para controlo comportamental da população como para exercer influência na alta esfera da geopolítica. Eu tive medo, muito, ao ouvir a recente declaração de António Guterres. Nela é feito um alerta aos países desenvolvidos de que caso não partilhem vacinas com os países em desenvolvimento estes se tornarão ameaçadoras incubadoras de mutações virais, inevitavelmente irão gerar um novo vírus, para os quais as vacinas podem ser potencialmente ineficazes, que rapidamente chegará aos países desenvolvidos para nova época de terror pandémico.

Este é um discurso de medo, usado como lobby por uma suposta boa causa, que rapidamente pode ser aplicado a todas as frentes, inclusive a relativa aos que ativamente não querem ser vacinados. Por agora o parlamento europeu defende a liberdade individual relativa a este tema. Mas se o nosso corpo passar a ser considerado como território perigoso, potencial incubador do próximo inimigo mortal da humanidade, negar a vacinação rapidamente poderá vir a ser considerado um ato de terrorismo biológico.

Esse fenómeno, de marcar como “os outros”, “os inimigos da sociedade”, já está em curso através de simbologia invertida. Enquanto que no passado foram usados símbolos para marcar os “impuros” agora é a “pureza” que é medida pelo uso de máscaras, de gel desinfetante e pela vacinação voluntária. Quem não usar um, ou todos, destes símbolos claramente não é “dos nossos”, sendo progressivamente visto como uma ameaça irresponsável à saúde coletiva.

Amedronto-me pois tenho presente que ao longo da história a nossa espécie sempre foi cruel e injusta para com aqueles que têm o infortúnio de ser rotulados de ameaça. É um caminho colectivo muito mais fácil do que por exemplo reflectir nos próprios hábitos e comportamentos individuais.

Ironicamente estão a criar-se condições para ostracizar aqueles que se informam ao ponto de contestar aspectos da ciência médica e a forma como tem sido feita a narrativa desta pandemia, que advogam um estilo de vida natural, consciente e preventivo, ao invés de se resignarem a uma entrega de bandeja nos abraços clínico-farmacêuticos.

Será um choque violento que sem dúvida irá definir a próxima era da nossa humanidade.

O facilmente projectável é que a progressão para uma desejada vacinação da totalidade da humanidade seja feita de forma pautada mas firme. A situação atingiu uma dimensão demasiado grande para reconhecimento de qualquer erro. Será quase inevitável a criação de um mundo de acesso restrito aos que ostentem a marca de segurança COVID Free. O desafio será conciliá-lo com um mundo paralelo, para os que ousem pensar e viver à margem da distopia pandémica. Não o garantir será criar o caos.

Lições Confinadas

Os telejornais voltam a dar prime time aos crimes, ao futebol, aos escândalos popularuchos, é um bom sinal, de retoma da anormalidade pré-pandémica.

Foram largos dias de isolamento social, propícios ao cultivar de pensamentos por aqueles que conseguem escapar aos grilhões dos media e sua fábrica de realidade desejada.

No decorrer desse processo passei por estas estações de raciocínio.

Dissonância Imunitária

Os maiores grupos de risco padecem de más condições de saúde, associadas a continuados maus hábitos de vida ao longo de décadas. Estima-se que milhões de Portugueses compõem estes grupos de risco.

A solução não tem passado por promoção da correcção de hábitos de vida, sobretudo alimentares, mas sim por uma promessa de vacina que possibilitará que tudo volte ao normal, o retomar de uma voracidade egocêntrica que mina corpo e planeta. Estão dispostos a sequestrar Portugal até que a vacina obrigatória seja aplicada a nível mundial. Revelam-se autênticas bestas mediáticas no domínio das redes sociais

Na ponta oposta existe população Portuguesa, consciente do seu impacto no mundo e do que é cuidar do seu corpo, de forma natural e saudável. São pessoas estranhas que não entram em histeria colectiva, confiam no seu sistema imunitário e não temem as circunstâncias da vida. Acham ridículo que o medo de um inimigo invisível se sobreponha à alegria de um mundo palpável. Desligaram TV, cumprem ao mínimo as medidas impostas, apenas para não alarmar em demasia os demais. Não se dá por eles a não ser talvez no bronze, sorriso despreocupado e brilho nos olhos.

Estes dois grupos chocaram em conversas informais, a nível social ou familiar, podendo muito bem ter-se definido um novo tema fracturante muito mais poderoso do que a discussão de futebol, religião ou política.

O Despertar da Animália

A maioria de nós fará vida num raio de dezenas de kilómetros, percorridos de viatura própria ou transportes. Neste momento a maioria passou semanas no seu reduto de poucos m2. A neura está instalada. Anseia-se por esticar as pernas, sol, ar, liberdade.

Ao mesmo tempo que animais silvestres invadiram espaços urbanos, fazendo uso da oportunidade proporcionada pelo confinamento humano, outros animais “selvagens” continuam confinados nos zoos urbanos. Animais que no seu habitat natural percorrem centenas ou milhares de km pelos seus próprios meios, em espaços amplos e serenos.

Será esta uma oportunidade para que o animal humano sinta empatia para com os animais que aprisiona? Far-se-á um click de conexão sempre que passe a observar um animal enclausurado para divertimento ou exploração humana? Ou continuará a considerar que a liberdade é um direito reservado à divina espécie humana?

Anti-Especialíssimos

Para um leitor atento, que se sirva várias fontes de informação, que tenha acompanhado a situação nacional e internacional, é claro que a governação e comunidade científica patinaram em muitos aspectos, focando-se em fazer algo rápido e vistoso em detrimento de entendimento detalhado da situação e tomada de decisões ponderadas.

Existem prémios nobel a favor e contra o confinamento e reclusão social, existem países que fecharam a economia, países que não fecharam e países ainda perdidos no meio, estatísticas a serem interpretadas e comunicadas pelo prisma que mais corrobore as opções tomadas.

O motor de todas as decisões são especialistas, parece que cada governo tem os seus e que podem ter conclusões muito distintas, algo estranho para exercício de ciência.

O mundo não pode estar na mão de um punhado de “especialistas” nomeados, o mundo deve aproveitar o oceano de especialistas existente, fornecer-lhes a informação necessária, promover discussão e deliberação como uma consciência colectiva. Não pode haver um, dez ou vinte, haverão centenas ou milhares só em Portugal, gente de laboratório, gente académica e gente de terreno. Será um desafio para o futuro auscultar este saber distribuído e não confiar meramente em especialíssimos especialistas.

Isto não quer necessariamente dizer que se chegue a consenso e definição de uma única rota, que bom seria ter um mapa de múltiplas rotas, cada uma das quais indicada como a mais curta, a mais rápida, a mais económica, etc.

Desmascarar

Tendo em conta o atabalhoamento e pressa não posso deixar de sentir que o uso coercivo de máscaras e desinfectantes made in portugal são uma forma elegante de compensar um pouco a economia, se consumirmos muito esses consumíveis pode ser que aqueles que se adaptaram consigam prosperar e manter empregos até isto se ajeitar.

Quando os analistas de fundo fizerem o seu trabalho, reavaliarem taxa de mortalidade e perigosidade do vírus, desempenho dos países que confinaram vs os que mantiveram actividade, custos económicos e de vidas das opções tomadas, veremos se caiem as máscaras aos nossos especialistas e a todos os que cegamente seguiram as directrizes do terror.

Espelho de Diana

Ao contrário do que a leitura do título possa denunciar, este texto não é nem reflexo, nem evocação da data, leia-se a efeméride do desaparecimento da outrora “sua alteza real”, para sempre “princesa do povo”, a malograda Diana Spencer. Negativo! A Diana hoje é outra, é mitológica. Não é propriamente a protagonista, mas está no centro da trama. Ora, a mais casta das deusas romanas, irmã gémea de Apolo, filha de Jupiter e de Latona, deusa da Lua, dos animais e da caça, está na origem do nome que há dois mil anos os romanos davam ao lago que hoje conhecemos com Lago Nemi, mais concretamente Speculum Dianae, latim que em bom português significa “espelho de Diana”.

A fama deste pequeno lago também se fica a dever a um dos mais inusitados projectos de construção naval de todos os tempos, pois foi naquele local que o imperador romano Calígula mandou construir (pelo menos) dois navios com mais de 70 metros de cumprimentos, feito cujo único propósito se julga ter sido satisfazer a sua megalómana personalidade. A sua cruel excentricidade foi tal que Cláudio, o seu sucessor, tudo tentou para apagar todo e qualquer vestígio do seu legado. Mandados afundar, os navios permaneceram no fundo até que em pleno século XX o ditador Benito Mussolini mandou drenar o lago fazendo-os emergir gradualmente.

As duas jóias de arquitectura naval foram então transportadas para um museu especialmente construído para as albergar, mas lamentavelmente não sobreviveram ao incêndio que as destruiu completamente em 1944. As causas do fogo nunca foram esclarecidas, se por acção de militares alemães em retirada ou por acção de bombardeamento aliado. Afundados por Cláudio, preservados submersos durante séculos, uma vez resgatados, os navios sucumbiram ao fogo. Ironia do destino? Certamente, pois o sucessor de Cláudio foi Nero, o pirómano.

Make China Great Again

A grandeza prometida pelo slogan de campanha tornou Trump refém da sua própria fanfarronice. Resta-lhe a fuga em frente, feita de sensacionalismo inconsequente numa vertigem mediática cujo alcance é curto. Aos aliados exige subserviência, mas não obstante, impõem tarifas comerciais. Declarou assim guerra comercial aos parceiros de sempre. Fê-lo sacrificando a realidade dos números à popularidade entre quem o apoia. A opinião doméstica ignora que a balança comercial entre os EUA e a UE é francamente favorável, pois mesmo sendo deficitária na importação de bens transaccionáveis, o repatriamento de lucros dos gigantes tecnológicos americanos geram um excedente significativamente vantajoso. A guerra de tarifas com a Europa não trará vantagem alguma, muito menos grandeza.

Intimida, faz da bravata ferramenta negocial. A vantagem que julga alcançar é precisamente a teia em que se deixa enredar, especialmente na Ásia. O superávite na balança comercial face à UE não se verifica face à China, é até bastante deficitário. Contudo, Trump acreditou que o presidente da China, Xi Jinping era apenas um modesto jogador de Mahjong. Não percebeu estar perante um sagaz jogador de Xadrez, um verdadeiro mestre na Arte da Guerra. Para Donald, Sun Tzu é fake news. Os factos, esses, sabemos que são preferencialmente alternativos. A candidatura a Nobel da Paz por exemplo. O pretexto da cimeira com o líder da Coreia do Norte foi apresentado aos americanos como uma demonstração de competência. De tal forma parecia comprovar a estratégia da retórica beligerante que o entusiasmo transbordou. Perante a possibilidade da cimeira não se concretizar, ficou sem troféu mediático. Coitado, não percebeu com quem verdadeiramente negociava. Acreditou ser com Kim Jong-un, quando na realidade foi sempre com Xi Jinping. Perdeu. Foi obrigado a suspender as tarifas comerciais sobre as importações Chinesas…

UnBrexit

As relações bilaterais do Reino Unido com a Rússia remontam ao século XVI, mais precisamente a 1555, ano em que através da “Companhia Russa” foi institucionalizado o monopólio de todo o comércio anglo-russo. Reinavam Maria I do lado britânico e o Czar Ivan IV do lado russo. A monarca britânica, primogénita do segundo dos Tudor e primeiro dos protestantes – o mulherengo Henrique VIII, ficou entre os seus súbitos conhecida como Bloody Mary em virtude da sua vã, mas sangrenta, tentativa de reverter a reforma protestante iniciada pelo pai. Já o Czar de todas as Rússias, Ivan IV ficou para a história conhecido como O Terrível, cuja sagaz mas intempestiva personalidade conduziu, num momento de ira, ao assassinato do seu filho e herdeiro. Enquanto Bloody Mary governou contra o legado de seu pai, foi o próprio Ivan O Terrível que negou o legado ao seu primogénito.

Desde então, Rússia e Reino Unido têm sido tanto inimigos como aliados, conforme circunstâncias e oportunidades. Os contrastes e simetrias mantêm-se: O Reino Unido, uma democracia parlamentar cujo poder executivo é hoje liderado por uma senhora, que tal como Bloody Mary, tenta em vão remar contra a corrente, leia-se Brexit. Enfrenta enormes desafios, quer no plano doméstico, quer no plano internacional; A Rússia, uma democracia autocrática, tem hoje um novo tipo de Czar, tão sagaz como Ivan o Terrível, mas que ao contrário deste não manifesta qualquer tendência para a impulsividade. Frio e implacável como o “General Inverno”, suportado pela oligarquia da energia, tem assumido um papel cada vez mais consolidado como protagonista global.

Eis como a circunstância pode constituir uma oportunidade. Tudo quanto o Reino Unido tem em comum com a União Europeia não foi suficiente para evitar o resultado do referendo ao Brexit. Reverte-lo obrigará a uma mudança de fundo. Nada como um inimigo comum! Se o que somos não nos une, então talvez aquilo que não queremos ser o consiga!