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Prevenção do bullying institucional

Parece que a coisa está a correr bem, a população está a aderir em massa à campanha em curso. Estamos inclusive na luta pelo título de campeões mundiais na taxa de vacinação!

A grande maioria dos Portugueses confia plenamente, não colocando em causa o potencial perigo do desconhecido, quase que se poderia dizer que é demonstrativo da ancestral fibra dos exploradores de mares nunca dantes navegados, mas esses também enfrentavam de peito aberto potenciais doenças desconhecidas.

Apesar do sucesso da execução logística da inoculação surgem progressivamente indicadores estranhos, sinais alarmantes e descobertas surpreendentes que preconizam um Inverno preocupante.

Passando por cima de eventuais conflitos de interesses, o relevante a assinalar é que tanto patrões como escolas vão continuar a carregar no pedal do acelerador, mesmo que o façam conduzindo numa noite escura com os faróis fundidos.

Sensato e normal dizem uns, os que já orgulhosamente ostentam a App da medalha social, ignorando que poderão ter optado por uma via com menor eficácia, que só irá levar a uma continuidade do mesmo registo, e o correr atrás do selo de segurança cada vez mais exigente.

Portugal toma posição no meio dessa confusão fazendo-se de forte e um púdico esclarecido. Pena não ter a capacidade de digerir todo o contraditório que desconstrói conceitos relacionados com transmissão assintomática, uso de máscaras, uso de certificados, comportamentos em países com baixa taxa de vacinação e protecção das crianças.

Mas esqueçamos Portugal. O que aí vem é muito mais granular e pessoal. As escolas vão arrancar e será sentido o impacto de integrar tod@s os que optaram por não se vacinar, sendo provável inclusive surgirem quem não aceite testagem contínua nem mesmo o uso de máscara. Com apresentação da devida informação científica que permite fundamentá-lo e protecção legal que permite exigi-lo.

Será um momento de tensão em que os que por agora detém Apps com “via verde” serão tentados a considerar-se senhores da razão, porque se sujeitaram a algo, com O SEU devido consentimento (des)informado, não compreendendo como “cobardes negacionistas” podem colocar em causa o novo normal e ousar destruir o que foi por si conquistado no cumprimento do seu dever cívico.

É decisivo. Hoje são duas doses, amanhã 3, 4, 5 ou uma a cada X meses. Em idades cada vez mais precoces, mesmo antes do fim do ensaio clínico que esclareça efeitos a médio/longo prazo. Depois de amanhã poderá ser uma outra vacina, uma outra substância, não ter dívidas à segurança social, não ser sedentário, não ter sido insultuoso nas redes sociais, o que quer que seja definido como o mínimo exigido para o estatuto de se ser um cidadão exemplar, o único com acesso a plenos direitos e liberdades.

O que se está a passar extravasa a gestão de uma epidemia. Assistimos à instalação de uma ferramenta de controlo total da soberania, mobilidade e hábitos da população que, dormente, anui na boa fé, que, sem disso se aperceber, prescinde do pensamento crítico, do senso comum, do seu instinto, e da exigência de transparência e debate científico com contraditório. Estamos a reformatar as bases de uma sociedade saudável, em prole de um bem comum não mensurável implantado num imaginário mediático.

Que este embate inevitável recupere a tolerância e o respeito pelas incertezas uns dos outros, rejeitando mecanismos desenhados para que umas se sobreponham a outras via chantagem, descriminação e coacção encapotadas. Que boa escola e educação seria um espaço, pais e colegas que demonstrassem esta capacidade, acima de todos os seus medos. Um espaço onde se permita o diálogo, se ouçam e analisem as várias hipóteses, onde se permita o exercício da liberdade de escolha e o quebrar de fundamentos folclóricos que violam décadas de saber para criar uma ilusão placebo de maior segurança.