Author Archives: Mafalda Dias
Pensar além do Pikachu
Há poucos dias defrontei-me com o fenómeno do momento: de repente, pessoas na casa dos 30, a jogarem no telemóvel aquilo que depois vim a saber que era o jogo dos Pokemons. Assisto a conversas para lá da minha capacidade de compreensão: portais, andar de carro a caçar pokemons, não ter mais dinheiro para andar por aí, “ir lá jogar é caro!”, o gajo perdeu aquela zona, ele ganhou aquela zona toda, acabou com o jogo na região… não sei se era tudo acerca do pokemons ou não, mas era sobre uma realidade num mundo virtual. Alertaram-me que estes jogos são bons porque obrigam as pessoas a mexerem-se, a saírem de casa… para jogar, e a ir a sítios para…jogar!
Quando andava na faculdade sabia de colegas meus que jogavam horas e horas no computador, faltavam às aulas, estoiraram playstations por excesso de uso etc… Não quero impôr o meu ponto de vista a ninguém, mas naqueles tempos li livros que me abriram uma visão do mundo, que moldaram as minhas escolhas futuras, que faziam o contrapeso com aquilo que estudava. Li romances que ainda hoje recordo com saudade, li poemas que ainda hoje sei de cor, apaixonei-me pelo Carlos da Maia, vibrei com o Primo Basílio, sorri com a imensa beleza do Adriano, chorei Por Quem os Sinos Dobram e enfureci-me com as Vinhas feitas de Ira mas tive Esperança com a Dignidade Humana.
Não quero impôr a minha visão a ninguém, e não sou pelo utilitarismo de todas as opções. Não existe nada mais delicioso do que poder fazer algo simplesmente porque gostamos, sem utilidade futura, apenas para nosso imenso prazer de gastarmos um tudo em troca de nada simplesmente porque sim e sermos felizes com isso.
Mas não posso deixar de olhar à minha volta e de, dadas as devidas distâncias em termos de preferências entre mim e as outras pessoas, me questionar sobre as imensas formas de alienação social existentes. Programas da manhã e da tarde, onde se discutem assassinatos e violência doméstica em famílias completamente disfuncionais, onde se falam de casos concretos de pessoas que dizem “não quererem trabalhar”, onde se questiona uma bruxa na televisão sobre problemas pessoais, traições do marido ou o futuro de um filho doente. E onde aparece um psicólogo a atacar “ciganos”, num dia banal de degradação televisiva e não muito diferente do habitual, e de repente todos se indignam! Apenas aparece a indignação nesta e noutra situação especifica. As pessoas indignam-se com o ataque aos ciganos mas não se indignaram quando bairros inteiros de ciganos foram destruídos para que os mesmos ciganos fossem metidos em prédios nos quais não queriam viver! Por alguns dias, a caça aos Pokemons teve competição em Portugal com a caça ao psicólogo que ataca ciganos.
A indignação ditada pelas redes sociais é também um meio de promoção do jogo do caça pokemons… de repente a sociedade está infantilizada pela caça de pokemons. A revolução tecnológica que tem incontornáveis vantagens e que revolucionou a nossa vida, trouxe também veículos não só de partilha de informação e distracções conseguidas de forma muitas vezes imediata, sem dificuldades, evasivas e viciantes porque fáceis e envolventes. A dedicação de várias horas diárias a uma realidade virtual é uma forma de alienação social, que desformata o processo de socialização e afasta o individuo da sua realidade e do que o envolve. Obviamente que o processo não é exterminador como os profetas da desgraça proclamam, e encaixa na perfeição na sociedade que construímos actualmente.
Pretendem-se raciocínios curtos e imediatos orientados para o resultado mais eficiente no curto prazo e que encaixa na ideia de encurtamento do tempo e na obtenção da eficiência. Não se pretendem analises muito profundas, daí as noticias serem curtas e rápidas sem grande enquadramento e estrategicamente colocadas para servirem um objectivo: informar e construir uma opinião pública que não ponha em causa a ordem vigente. Promoção de evasões sociais consumíveis facilmente: um programa de televisão onde se apresenta a opinião de terceiros, um reality show aludindo à intimidade humana no grande ecrã, um jogo no computador ou até no telemóvel, com aplicações de fácil acesso com objectivos mais ou menos acessíveis de progressão no jogo e por isso atractivo e viciante. As aplicações que envolvem jogos e internet tem ainda outros perigos, nomeadamente a aceitação de termos onde se cedem dados e informações pessoais a empresas privadas sem que haja um controlo sobre o que é feito com tais informações e sem que haja uma legislação eficiente acerca disso.
Grande parte do que nos é hoje oferecido gratuitamente e de fácil acesso não o é tão gratuitamente e de uma forma ou de outra, mais tarde ou mais cedo, saberemos a conta. A tecnologia está popularizada mas apenas parcialmente socializada. Os meios e os fins da tecnologia, os produtos finais consumidos e vendidos ainda não servem a maioria da população na medida em que quem os controla tem interesses bem diferentes de quem os consome. A distracção de um simples e mero jogo inofensivo que ganha milhões de fãs deve levar-nos a pensar além do Pikachu.
André Lava o Jato
No Brasil o calor continua… mas ainda que soprem ventos quentes Portugal continua pouco animado pelo escaldão brasileiro. Eles gritam, eles sambam, eles rezam, mas eles acima de tudo gamam.
E por falar em Gamar, verbo político também desta nossa nação, sopra o vento quente brasileiro ao PSD de que o director das campanhas de marketing esteja envolvido no Lava Jato.
Não é a primeira vez que o Lava Jato lança uns jatos para Portugal. Foram identificados subornos na construção da barragem Baixo Sabor em Bragança num total de 750 mil euros (coisa pouca numa barragem orçamentada em 680 Milhões) construída em parceira entre o Grupo Lena e a Odebrecht e aprovada pelo nosso Marquês Sócrates.
Marquês Sócrates nega, diz que a Barragem Baixo Sabor não está no sabor do Plano Nacional de Barragens e culpa Durão Barroso pelo Baixo Sabor.
Na Barragem, cujo sabor ascendeu a 680 Milhões, a EDP orgulha-se de já ter investido 10 Milhões e de vir a investir nos 75 anos da concessão mais 60 Milhões, ou seja 933 mil euros por ano, possivelmente em investimento de substituição.
Mas agora o visado é o Director de campanha do PSD, cujo irmão já foi detido para prestar declarações no Brasil, e que agora tem o nome nos jornais: André Lava o Jato. De assinalar que se trata de um vencedor, director das campanhas do PSD desde 2011, conseguiu 2 vitórias para Passos Coelho. É verdade que a vitória do Portugal à Frente foi vencido no parlamento pela Maioria de Esquerda, mas não se pode exigir tudo, afinal o brasileiro André Lava o Jato ainda não é deputado português. Será de Passos Coelho ponderar isso, porque a sua atitude de vitima não o está a ajudar! Mas André Lava o Jato, publicitário, vai continuar a aconselhar Passos Coelho sobre a estratégica política e de comunicação. Mais do que nunca, Passos e o PSD precisam de lavar os jatos esquerdistas desta nação, entregue a um governo bolchevique, apoiado na esquerda radical e nos terroristas dos sindicatos.
É no entanto imprudente avançar com acusações ou sequer investigações. Aquilo no Brasil ferve e os papeis do Panamá incomodam algumas pessoas, e esta coisa de se estar sempre falar em dinheiro e corrupção e principalmente investigar sobre ela tornou-se na União Europeia uma coisa que pode sair cara e até pode dar prisão.
O Tempo da Denise
Paulo Portas desertou, vai dedicar-se aos negócios e reúne elogios lá fora, nos negócios estrangeiros, pasta conseguida após várias tentativas governativas.
Segue-lhe Assunção Denise Cristas, lufada de ar fresco e mudança, dizem, porque é mulher! Como se a condição de género fosse por si só etiqueta de qualidade! Mantém-se tudo, incluindo a condição de irrevogável, não se tivesse demitido Assunção Denise Cristas juntamente com Mota Cocas Soares na sequência da birrinha de Paulo Portas, para depois ter voltado atrás.
Assunção Denise Cristas é, ao contrário do que uma aparente mudança de visual para melhor possa parecer, a continuidade, uma mudança na embalagem mas com o mesmo conteúdo. Cristas incorpora toda a condição de classe do CDS. Mãe enquanto ministra, família numerosa, passou uma imagem paternalista enquanto ministra, foi vista junto dos pescadores e agricultores, a pisar a uva, com as mãos na terra e no trabalho duro.
Tem no entanto a enormíssima responsabilidade politica da actual lei das rendas, e de ter transformado o mau em péssimo. Foi uma das suas primeiras obras , e a Grande Obra, enquanto ministra. Era, na altura urgente, mexer o mais rapidamente possível numa das lei mais odiadas pelas burguesia urbana proprietária em Portugal. A Lei das Rendas anterior era injusta e responsável por muitos prédios devolutos. A Lei das Rendas actual é responsável por prédios vazios e pelo ainda maior esvaziamento do centro da cidade. Os custos sociais desta lei ainda estão por apurar, mas aqui e ali vamos vendo o seu resultado. Na baixa lisboeta e por outras partes da cidade, a vida difícil dos comerciantes, tornou-se impossível de continuar mediante acções de despejo. Fecha loja abre hotel. Fecha loja abre grupo franshizado. Fecha cultura, fecha pedaço identitário de todos nós, abre espaço homogéneo em todo o mundo: Mac Gordo, Gelados XPTO, Hamburgueria da Tia, Trapos Daqui, Cueca Dali… E assim se faz o turismo, que Portugal está na moda, os portugueses é que não! E dos prédios arrendados, exército de gente que saiu, para a terra, para o subúrbio a 30 quilómetros…
Não será porém isso que lhe criará mácula. Existem feridas que são ignoradas em Portugal, e não sendo faladas, não tendo visibilidade suficiente na comunicação social, é como senão existissem.
Mota Cocas Soares, outro actor do governo CDS, é também rosto que fica responsável por esta nova era, assim como Nuno Melo, depois da saída sempre estratégica do mestre Portas.
A pastinha de Mota Cocas Soares não poderia ter sido melhor: Trabalho e Segurança Social. Em período de crise, de desemprego e de insegurança social, Mota Cocas Soares tinha a pasta da impossível ajuda social e da ferramenta de combate às desigualdades. Mas ele não se atrapalhou, tornou tudo ainda pior e subsidiou salários através da Segurança Social, praticamente criminalizou o desemprego com as presenças regulares nas juntas de freguesia, e juntamente com a retirada de apoio a milhares de desempregados, e o apoio a tantos outros empregados, ajudou os patrões a empregarem por um lado e a desempregarem por outro.
Acho portanto que estão ambos preparados para esta empreitada de oposição a um governo PS apoiado nas esquerdas radicais. Experientes nas trocas e baldrocas, vão-se mostrar daqui para a frente dispostos a tudo para minorar os danos colaterais que essas esquerdas radicais possam causar, estando ao serviço da Nação para facilitar a vidinha ao Costa “naquelas coisas” em que essas tais forças de esquerda radicais teimam em ser desagradáveis e pouco flexíveis.
Balanço das Presidenciais
Passado uns dias sobre as eleições presidenciais e assentado a poeira das vitórias e derrotas, vale a pena fazer um balanço mais frio.
Ao contrário de muitas opiniões penso que foi uma boa campanha e que a participação de 10 candidatos mostra uma certa vitalidade da democracia e de uma vontade de mais pessoas intervirem e mudarem os destinos da nação. Sem surpresa, infelizmente, se regista uma acentuada abstenção (50%) e a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa.
Todavia denotam-se duas questões essenciais:
- A promoção pessoal através da campanha eleitoral, como o caso dos candidatos Tino de Rãs, Jorge Sequeira e Cândido Ferreira;
- Falta de debate de ideias concretas da esmagadora maioria dos candidatos: os únicos candidatos interessados no debate de ideias e em fazerem passar ideias concretas foram Henrique Neto e Edgar Silva.
Assinala-se também o assassinato político de Maria de Belém depois de uma irritada e desesperada campanha para vencer Costa e Sampaio da Nóvoa. Maria de Belém fez uma campanha vazia, justificada numa carreira de 40 anos que gostaria que terminasse em chave de ouro, como Presidente. Mostrou-se incapaz de lidar com as criticas de Henrique Neto e Paulo Morais, respondendo irritada e justificando-se repetidamente na absoluta legalidade das suas acções. Como se a legalidade fosse justificação! Desde que seja legal está tudo bem… na lei a tourada é legal no entanto ela é uma actividade absolutamente imoral. Na lei já esteve a escravatura, a pena de morte… Na lei está a possibilidade de deputados acumularem funções com o privado, no caso da Maria de Belém, consultora no BES, ao mesmo tempo que presidia a comissão da saúde. Maria de Belém pura e simplesmente não conseguiu ultrapassar a questão, explicar o que fez no BES… aliás nem no BES nem em outro lado qualquer. Maria de Belém exaltou os cargos por onde passou mas não enumerou obra.
Todavia o golpe baixo veio de Marisa Matias, que depois de a enfrentar amigavelmente frente a frente, é num debate a 9, na sua ausência, que se lança contra as já extintas subvenções vitalícias, desesperada por um populismo que lhe rendeu votos.
Marisa Matias fez uma boa campanha, baseada em sentimentos e pensamentos em vez de ideias. Apagou mentiras, como a dada a Edgar Silva sobre a Líbia, chorou, abraçou a mãe, uma campanha baseada em pensamentos e não em ideias. O Bloco sabe que o país está carente, as pessoas estão desalentadas, então elaboraram duas campanhas em que exploram de forma extraordinária isso. Marisa e o Bloco falam da União Europeia mas não falam de como a mudar, falam do mal da economia mas não como a alterar, falam da banca mas não de como a travar. O Bloco fala da constatação dos factos, fala da necessidade de mudança mas não de transformação. Isto metido num discurso com sentimentos, lágrimas e emoções as pessoas papam. A forma pouco séria de fazer política fá-los falar e abarbatar-se a projectos lei que não são seus, a mentir desavergonhadamente em debates… É literalmente um fast food da esquerda… ainda tive esperança que com a saída da Ana Drago o eurocomunismo tivesse sido finalmente superados no Bloco, mas definitivamente que não!
O aparecimento de Sampaio da Nóvoa foi uma verdadeira lufada de ar fresco na política em Portugal, com um tipo de discurso novo, sem a concretização de grandes ideias, mas com uma visível esperança nas suas palavras e uma vontade de agregar a sociedade para a transformação. Pessoa idónea e verdadeiramente livre, é um homem independente e não um político. A sua derrota é também o fim desta nova esperança. Todavia não foi além dos consensos, do tempo novo, não conseguiu concretizar ideias.
A campanha do candidato Edgar Silva, simpática escolha do PCP, prometia mais do que aquilo que rendeu em votos. Edgar colheu a simpatia de muitos e tantos que nunca se reviram no PCP mas que se reviram naquele humanista e comunista que baseou a campanha na defesa e no cumprimento da constituição. Foi o único que defendeu a soberania nacional contra as ingerências europeias, à parte de umas pinceladas dadas por Nóvoa sobre o mesmo tema. Sabe-se no entanto que as presidenciais não são uma aposta central do PCP, marcando no entanto sempre presença com um candidato próprio.
Esta campanha foi marcada por uma maioria de candidatos de esquerda. De assinalar que Sampaio da Nóvoa serve as medidas do espectro político do Bloco de Esquerda e de forças progressistas em Portugal. Logo aqui então temos três candidatos: Edgar, Marisa e Nóvoa. Nóvoa representava então a aliança que sustenta este executivo.
Henrique Neto foi uma boa surpresa e fez uma campanha tentando debater ideias para o futuro do país. Embora nem sempre concordando com ele, reconheço-lhe o valor e a mais valia para esta campanha. A par de Edgar, foi o único que se atreveu a tal… mas isso não rende votos.
Paulo Morais realizou uma campanha à base da análises das estruturas de poder que facilitam a corrupção. Apesar de talvez ter sido mono temático, é um grande tema e constitui um desafio das democracias modernas. Só pela discussão que nos trouxe já valeu a pena esta candidatura. Foi, sem duvida nenhuma, bastante inconveniente para muitos, que ancorados nas estruturas de poder dependem das promiscuidades entre público e privado. O próprio Bloco de Esquerda sentiu-se incomodado, não fosse Paulo Morais lhes tirar os vótinhos de protesto. No debate a 9, Paulo Morais foi outro dos visados pelo populismo de Marisa Matias, que não conseguiu distinguir entre falar sobre corrupção sem ter de necessariamente lançar nomes e julgar em praça pública.
Marcelo Rebelo de Sousa, vencedor desta corrida, fez uma campanha de silêncio. Vaidoso, no final estava desesperado e até velhinhas penteou. Todavia com Sampaio da Nóvoa mostrou o seu carácter… ou a falta dele. Não reconheceu o direito a um cidadão comum, sem filiação nem passado político, de concorrer ao mais alto cargo da nação, passando segundo palavras suas “de soldado raso a general”. Ele sente-se agora o General de toda esta Nação! Elegemos um TV Man Show.
Estafeta presidencial
As eleições presidenciais a ocorrer já neste mês têm 10 candidatos, porém Marcelo Rebelo de Sousa parece ser o já eleito ao cargo.
Depois de 10 anos de sofrimento com Cavaco Silva, vejamos o que poderá vir aí. Pela espada do Dom Afonso Henriques que isto não augura nada de bom!
Marcelo Rebelo de Sousa, exímio comentador televisivo, fazedor de opiniões há larguíssimos anos, é assim das pessoas mais influentes e por isso, também, das mais poderosas do país. Já é um clássico que em qualquer café ou tasco na segunda feira que se debite as opiniões e julgamentos por ele proferidos no domingo. Sai assim do seu emprego de comentador para o mais alto cargo da nação.
Tem assim um capital muito superior a qualquer político. Ele próprio é o juiz de todos os políticos. Aliás, ele é o juiz de tudo. Fala barato por excelência, até de espirros fala se for preciso. E não, não estou a brincar. Eis que hoje me cai em mão um livro sobre… espirros lá está, e com prefácio de quem? Do Marcelo!
Marcelo, fala barato por natureza, é um homem muito bem relacionado. Professor, de profissão e de nome (o que até dá uma certa autoridade no saber, que o povo é muito ignorante), homem do PDS, bom nadador, juiz na causa de todos, é homem próximos das mais altas esferas do poder. É o eleito pela comunicação social, que tomou partido de si antes mesmo de ser candidato. Gasta menos na campanha por isso, não precisa simplesmente de gastar nada, até capa de jornais tem em plena campanha eleitoral. Aliás, a comunicação social em Portugal tem mostrado tudo aquilo que não é: séria, isenta e honesta! Talvez por isso se mantenham jornais que não dão 1 tostão de lucro durante anos! Serve inteiramente os interesses do capital. A comunicação social é um investimento que o capital sempre teve, e agora domina sem se quer ter interesse em dissimular, estando por isso disposto a assumir as perdas, que mais não são do que investimentos com elevados retornos privados. Nem a RTP faz um serviço público, canal pago com os impostos de todos nós! Ainda ontem, fiquei abismada com a prestação do José Eduardo dos Santos perante o debate entre Edgar e Sampaio da Nóvoa. Mas depois da sua falta de profissionalismo e de isenção na famosa entrevista ao Sócrates, nada me deveria pasmar.
Não há por isso como ter confiança na informação que nos é dada. Se a comunicação social, que devia ter como objectivo informar em vez de manipular a informação, não informa, os cidadãos e os eleitores não poderão tomar decisões de forma informada e ponderada. Esta é uma das grandes questões das democracias modernas, e da nossa em particular.
As regras do jogo são assim injustas, e quem paga são os cidadãos. As elites têm o candidato que lhes serve os interesses e lhes garantirá o poder económico e assim a sua influência política. É por isso que tantos se sentem alienados e desiludidos. Porque no fundo, quem elege é, mais uma vez, o poder económico, os banqueiros e a comunidade empresarial. Como se essa já não tivessem bem servidos pelas suas sociedades de advogados, as quais por sua vez têm deputados eleitos, e assim legislam segundo os interesses da oligarquia económica. Os interesses dos cidadãos, daqueles que trabalham, dos que infelizmente não têm trabalho, dos que já trabalharam, dos mais pobres, o interesse desses que é o interesse da maioria, do povo, do país, esse ficará mais uma vez subjugado aos interesses da minoria. Até porque haverá uma maioria, silenciosa, alienada e desiludida que não irá votar. Os custos de oportunidade de ir votar, de forma devidamente informada são demasiado elevados para aqueles que se sentem esquecidos.
Vejamos, vejamos alguns exemplo representativos de Marcelo:
– Marcelo, homem de direita e comprometido com o antigo regime, filho de um homem do regime e afilhado de Marcelo Caetano;
– Marcelo que se diz defensor do Estado Social, votou contra a lei de bases do Serviço Nacional de Saúde. Ou seja, Marcelo, foi contra a saúde universal e gratuita para todos os cidadãos;
– Marcelo é um homem próximo do poder económico, alias tão próximo mas tão próximo, que é amigo intimo de Salgado, em casa do qual passava férias no Brasil.
Marcelo é um homem do sistema. Não há por isso esperança que a mudança seja feita por alguém que é um dos interessados no actual estado de coisas.
Divórcio ou Separação Temporária?
Como era esperado e expectável, a coligação de direita terminou com o seu governo. Tendo a direita se unido para nos desgovernar, e após a esquerda se ter unido para que a direita fosse direitinha arredada no parlamento, deixou de fazer sentido o Paulinho da Feiras (Catherine Deneuve para quem ainda se lembra) e Passos Coelho continuarem neste casamento por conveniência. A conveniência manda agora cada um se separar, como partidos distintos que são, e cada um fazer a sua oposição. A conveniência pela sobrevivência manda Portas também se retirar, temporariamente sabemos.
Alguns falam de divórcio. Foi um casamento por conveniência, tal como a AD em 79. Juntos se encontram sempre que a cama do poder os convida a se deitarem. E juntos fizeram um trabalho estupendo e serviram bem a classe que representam. Cortaram nos salários, cortaram nas pensões, aumentaram exponencialmente os impostos, recusaram empregos, promoveram a insegurança social, acabaram com a concertação social, esmagaram direitos laborais e sociais, colapsaram a saúde, criminalizaram o desemprego, promoveram a fome, fomentaram a pobreza e empurraram para a miséria grande parte dos portugueses. Mas financiaram salários por via da Segurança Social, salvaram o BES, compraram o Banif (e deu hoje no que se viu), devolveram hospitais públicos às misericórdias, promoveram a caridade como negócio rentável, vendaram a TAP, concessionaram os transportes públicos, não acabaram com as rendas do Estado à EDP, revolucionaram a lei das rendas, não atacaram as santas Parcerias Público-Privadas, fomentaram a promiscuidade entre público e privado… Esqueceram as pessoas, esqueceram a social democracia e a democracia dita cristã, que mais nunca foi do que reaccionários que se protegem atrás de um Cristo misericordioso.
Mas não foi um divórcio, foi uma separação. Não é com dor nem com mágoa que o fazem. A direita sempre se soube unir quando lhes cheira a poder. Mas convenhamos que não foi uma união fácil. Há agora que separar as águas e tentar limpar o nome dos dois partidos, na ante-visão do ataque aos noivos. Paulo Portas, também conhecido por Catherine Deneuve, nome de guerra no Parque Eduardo VII, astuto e malabarista, sabe-se mexer e ao demitir-se irrevogavelmente deu um golpe no PSD e satisfez a sua sede de protagonismo, qual diva da política, com o cargo de vice primeiro ministro! Sai agora da presidência do CDS porque sabe que é a altura certa para sair. Virão aí tempos quentes. O calor do Banif foi só o inicio. Paulo Portas sabe que podem-no queimar, mas se estiver ausente, saberá também regressar sem ter de responder.
Convém relembrar a capacidade de Portas de sempre renascer. O Passos vai passar mas o Paulo Portas esse nunca baterá com a porta. Esteve envolvido no caso moderna, nos submarinos e nem do caso casa pia escapou, na onda de destruição de personalidades politicas. Recuemos a 2003, quando os meios de comunicação social avançaram que miúdos da casa pia o apontaram como envolvido, e conhecido por andar no Parque Eduardo VII de cabeleira. Sobre este escândalo nada foi na verdade provado. Está ainda na memória de muitos mas hoje é difícil encontrar na internet matéria sobre isso. Nas tentativas de assassinato político aquele que realmente morreu foi Paulo Pedroso. Outros nomes foram avançados como Jaime Gama ou Bagão Felix, todavia aí o caso começou a perder credibilidade. Mas Paulo Portas, efectivamente enxovalhado pelos detalhes da sua transfiguração, renasceu sempre das cinzas, com uma ajuda incrível da comunicação social, tendo tomado de assalto o CDS, depois de o ter abandonado e literalmente desaparecido após o aparecimento da Catherine Deneuve. Quando reapareceu parecia o Dom Sebastião a regressar e a salvar a nação.
Mas vejamos este ser de personalidade peculiar, de cariz duvidoso, e que impõe os seus caprichos. Recuemos no tempo. Recuemos à tentativa de resgatar a Aliança Democrática. Recuemos ao Independente e um certo jantar entre o Presidente da Républica e alguns constitucionalistas. Ora bem, Marcelo então informador de Paulo Portas passou-lhe informações falsas, disse ter jantado uma certa sopa fria, vichyssoise, o que não tendo sido verdade levou ao corte de relações entre os dois. Foi com uma sopa que terminou com a AD! Marcelo Rebelo de Sousa afinal não jantou sopa fria mas serviu-a fria como à vingança a Paulo Portas. Mentiu e Portas zangou-se. Por isso, a tentativa de uma nova AD terminou, terminou por uma sopa! Portas não perdoa, a sopa acabou com uma amizade.
Mas eis que então o que não chegou a ser casamento culmina hoje no apoio de Paulo Portas a Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais. Esta é a prova que as separações mesmo acabando com sopas frias nunca são definitivas.
No ano quente de 2013, em que a contestação social subia de tom, a direita esmagava as pessoas e as pessoas respondiam, Paulo Portas demite-se irrevogavelmente, após a saída de Vítor Gaspar e mediante a nomeação de Maria Luís. Paulo Portas demitiu-se, Mota Soares demitiu-se, Cristas demitiu-se. Chegou-se a comemorar no Marques de Pombal a queda do governo. Mas da demissão irrevogável renasceu um novo cargo governativo, o de Vice Primeiro Ministro. E Mota Soares lá continuou e a Cristas também. Paulo Portas deu um golpe de Estado e, como anteriormente tomou conta do CDS, tomou conta do governo do PSD e para o qual havia sido convidado. Paulo Portas é mestre na acção da ressurreição e da afirmação de poder.
Portas tem uma influência brutal no nosso país. Quando se uniu à vergonhosa governação de Durão Barroso e foi responsável pelo desmontar das nossas forças armadas e de outras actividades a ela ligadas que produziam riqueza e constituíam postos de trabalho, foi responsável pela compra ruinosa e muito pouco clara de submarinos e outros escândalos. Mas parece que não é nada com ele. Mas a verdade é que é! É considerado das personalidades com mais influência na economia. Paulo Portas esteve envolvido na demissão de Maria José Morgado quando esta estava à frente do combate ao crime económico. Paulo Portas, que vai buscar votos a camadas pobres da sociedade, como os reformados que foram uma das suas bandeiras, não teve vergonha de cortar nas pensões mais baixas e de cortar no complemento solidário para idosos que é a ferramenta que permite muitos pensionistas saírem de uma situação de pobreza. Ele que até nem se quer imiscuir em questões de económicas, preferindo “a conversa da cueca” em politica, é uma pessoa que, quanto aos interesses instalados, faz todo o trabalho atrás do pano.
Paulo Portas separou-se agora do PSD, e já começou a fazer o seu trabalho de casa. Dedica-se agora a atacar a esquerda e garante que só a direita defende os direitos nacionais e da população. Paulo Portas, nódoa escondida da politica portuguesa, dedicar-se-á a manchar as forças politicas de esquerda e a preparar o seu regresso.
Arco dos Clientes Habituais
A ideia de uma esquerda mais unida anda a pôr em estado de nervos muitos sociais democratas do PS do PSD e do CDS. Os jornalistas trabalham afincadamente em desenhar impossibilidades e fracassos. Até porque quem nos tem governado tem-no feito com sucesso inquestionável… com sucesso para uma classe que se apoderou do sistema político, dominado por interesses contrários ao país. A justificação da ilegitimidade de uma esquerda mais próxima com votos e tal aparecem tanto em políticos como jornalistas. Até porque os sucessivos governos têm tido uma legitimidade da esmagadora maioria dos portugueses, com taxas de abstenção de 40% e 50%. Porque o PCP e o Berloque defendem a saída do euro (mentira!) e da UE (mentira!). Pior ainda, que tanto preocupa o Cavaco, contra a NATO (e agora sim, é verdade!). Um entendimento ilegítimo, diz o PSD e o CDS, este último que com uma representação minoritária (como o BE e o PCP) fez uma coligação com o PSD e formou governo, e do alto da sua representatividade minoritária criou um novo cargo para a República, o de vice primeiro ministro. PSD e CDS estão perdidos e dispostos a tudo. Em nome dos de sempre, da Estabilidade, dos Mercados, dos Compromissos. Evocam o Abstracto para não evocarem os beneficiários do estado a que isto chegou!
E hoje, infelizmente para o Arco dos Clientes Habituais, as taxas de juro da dívida pública levada hoje a mercado, baixaram. A bolsa, central preocupação da certa elite política, subiu hoje. Afinal os mercados e a bolsa não estão assim tão nervosos. O nervosismo vem de quem vê ameaçado o rumo que o país tão bem tomou, têm privilégios a perder e interesses que têm que ser salvaguardados, e por isso as divergências e as lacunas entre o PS, o Berloque e o PCP são inconciliáveis. Interesses inconciliáveis entre os que nos trouxeram até aqui e aqueles que ousam querer alterar o rumo da nação!
Escolha! Opções não faltam!
Da direita à esquerda, não se ouve outra coisa, não estivéssemos nós em recta final da campanha eleitoral, senão o apelo ao voto útil! Parece que, de repente, poderemos ser todos úteis, quando no resto do tempo não temos qualquer utilidade.
Poderemos ser úteis para derrotar a direita, votando no PS.
Poderemos ser úteis para evitar outra vez a Troika, votando PáF (PSD & CDS).
Podemos ser úteis em dar mais um, um voto, para a necessária maioria absoluta, votando no PS ou no PaF.
Podemos ser úteis votando apenas PS e PÁF, não desperdiçando votos em pequenos partidos, não representativos pois claro!
Vai-se votar CDU, BE, MRPP, AGIR, Livre, PAN, para que? Não vão ganhar, não vão governar, vai-se desperdiçar um voto neles?
Voto útil é votar no Costa contra o Passos e o Portas! Voto útil é votar no Passos e no Portas contra a ingerência do PS!
Chegou aquele momento em que para o PS, o PSD e o CDS, os cidadãos, contra quem governam, podem ser-lhes úteis. Úteis na pertectuação do seu poder, úteis em dar maiorias absolutas, porque essa é a garantia de estabilidade. Sem uma maioria é impossível governar, dizem eles, e nós sabemos! Sem uma maioria não existe política! Sem uma maioria não há acordos possíveis. Somos úteis, somos necessários! Não existe democracia sem uma maioria, absoluta, claro!
PS, CDS e PSD têm governado contra a Nação, cometendo crimes de lesa a pátria. Traíram o seu povo (a quem agora pedem votos!), traíram a Nação. 40 anos de traição!
PS PSD e CDS dividem o poder. Dividem os cargos, dividem as parcerias publico-privadas, dividem politicas que atacam direitos sociais. Cortam em pensões, aumentam impostos, entregam a segurança social para ela financiar as empresas e engrossarem os lucros. PS PSd e CDS no poder autárquico dão obras publicas a quem lhes lava as mãos, em estradas, hospitais, pontes, e tudo quanto são obras públicas.
PS PSD e CDS estão prontos para acabar com a segurança social e com o Serviço Nacional de Saúde!
PS PSD e CDS são os responsáveis por 3 intervenções do FMI!
PS PSD e CDS são submissos a Bruxelas, à União Europeia e a Berlim, que esmagam as nações mediterrâneas!
PS PSD e CDS são federalistas, são liberais e são de direita!
PS PSD e CDS são pelo Tratado Transatlântico!
Útil é não votar PS PSD e CDS! Útil é correr com esta gente!
Útil é mobilizar um amigo, um familiar! Útil é combater a abstenção que se estima! Útil é combater PS, PSD e CDS!
TODOS ÀS URNAS! VAMOS CORRER COM ESTA GENTE!
Refugiados: o Tuga explicou
Sobre a vaga de refugiados, tema central e quente que se arrasta há várias semanas há quem explique e não se faça entender, há quem tente explicar e não consiga, há quem já nem tente explicar e imponha, há quem insulte, há quem grite, há quem clame e declame, há quem se manifeste, há quem negue, há quem chore, há quem escreva, há quem fotografe, há quem tente informar, há quem desinforme, há ainda os que tentam dominar, há quem veio de trás e se tenha colocado à frente e haverá quem tenha encabeçado tudo isto e se vá deixando ficar para trás e talvez um dia venha dizer “não era para nada disto!”.
Mas houve quem falasse e dissesse muito. E para isso tinha que ser um português! E não, não foi o bom do Guterres, que esse a gente já sabe, desde os anos 90, que guerra e refugiados é com ele! Mas eis que essa pessoa veio das fileiras que menos se espera neste momento, da alta finança!, da supervisão! que falhou…, do BPN, do Banco Privado e até do BES, mas nessa altura o Dono Disto Tudo ainda era o Dono Disto Tudo ou o Ex Dono Disto Tudo. Vítor Constâncio, homem do Banco de Portugal, cujo colapso financeiro português da altura (achávamos nós, inocentes, antes do BES), lhe valeu a promoção no BCE, tal não foi meritório o seu valor.
Mas estava eu a dizer, que teve que ser um português a desenrascar a explicação. Nós nisso não há como negar, somos bons, e como bom português, o Vítor não podia deixar de ser desbocado (é só pena não ter sido desbocado à cerca da supervisão!). Sobre o fogo dos refugiados que já não sabemos se são refugiados ou imigrantes, mas provavelmente são o segundo com o pretexto do primeiro, diz o Vítor no momento certo, que “A imigração é necessária ao crescimento económico do continente”. Mas o Expresso clarifica: “Constâncio explica que o potencial de crescimento económico da Europa foi fraco, devido a factores que incluem um mercado de trabalho em retracção”. O Expresso clarifica ainda que “Para o vice-presidente do BCE, a elevada taxa de desemprego na Europa explica a forte reacção contra a imigração, acrescentando que essa percentagem tão alta de pessoas desempregadas está a “desestabilizar o continente””.
Ora, vejamos assim só por alto, que mesmo não sequenciais, as afirmações são discordantes entre si. A Europa está envelhecida e precisa de mão-de-obra, logo há emprego/trabalho e prevê-se falta de mão-de-obra, mas a taxa de desemprego é muito elevada, logo já há excesso de mão-de-obra porque a economia está em retracção e o potencial de crescimento europeu é baixo, e havendo desemprego a Europa não cresce não é por falta de mão-de-obra, porque afinal ela até é excedentária. O Vítor é um excelente embaixador do nosso povo, mas é impressionante como tem em si vincados tantos dos nossos defeitos: é um trapalhão.
O que o Vitinho quer dizer é isto: A Europa está enfraquecida, as nações estão enfraquecidas, mas a União Europeia que quer ser forte e quer parecer forte está também ela enfraquecida. Mas ela não pode enfraquecer, porque ela é o meio pelo qual todo o campo de possibilidades do nosso futuro passa. Então aproveitando-se do enfraquecimento político, convém sob vários pretextos inundar as nações com migrantes. Assim, esmaga-se ainda mais o poder dos Países (estados, que agora já nem países somos!), esmaga-se o poder dos cidadãos e dos trabalhadores e dos sindicatos, que no curto prazo ficam perdidos com uma imensa massa de mão-de-obra barata e sem direitos. E acaba-se de vez (ficando só no papel) com o Estado Social, que desfraldado de contribuições devido ao financiamento dos privados, nomeadamente à banca, e devido à diminuição das contribuições por causa do aumento do desemprego, não será capaz de incluir uma imensa vaga de migrantes proporcionando-lhes as condições que todos os trabalhadores deveriam ter.
Esta vaga de migrantes possibilita ainda o retorno de industrias que se instalaram fora da Europa e com a instabilidade política lhes pode ser conveniente agora regressar, garantindo que aqui encontrarão mão-de-obra low cost. E sob esta perspectiva sim, existe falta de mão-de-obra na Europa!
Vítor Constâncio apenas traduz a ideologia dominante e que vigora na Europa e nos Países que compõe a União Europeia. Não sei se terão esquecido do resultado do ataque às nações e da reacção normal das populações: os extremistos dos nacionalismos. Quando se atacam as nações e os países, os naturais tendem a juntar-se e a ver os de fora como “os outros”, e “os outros” passam a ser os que lhes vieram roubar o lugar. Vários países, como Portugal, se vêm a braços com elevadas taxas de desemprego e crises sociais. Sem crescimento económico e sem criação de emprego, mais mão-de-obra é mais desemprego. Os populismos nasceram sempre com um fundo de razão, perdendo sempre a razão aquando do momento de encontrar os responsáveis.
Saberá, se for caso disso, este capitalismo capitalizar e ganhar com o ódio das nações, como em outros tempos?
Aviso à Tripulação
Começamos a perder as palavras quando a esperança se começa a esfumar e as palavras afinal não nos levaram a acto nenhum…
Estamos no verão e ninguém está para se chatear muito, mas os Verões em Portugal nos últimos anos tendem a ser incendiários…
Sobre o programa eleitoral do PSD e CDS, e não chateio mais, pág 35, a abertura da porta para a privatização da segurança social. Não sejamos parvos…
Não se trata de sustentabilidade, mas de desigualdade! A Segurança Social é a instituição responsável pelo combate às desigualdades sociais. Menos Segurança Social implicará sempre mais desigualdade. O ataque às seguranças sociais dos países e a sua abertura aos seguros privados tem por trás uma ideologia e uma escolha: a escolha entre uma segurança social pública, de contribuição obrigatória, com o objectivo de garantir a redistribuição dos rendimentos e diminuir as desigualdades sociais; ou seguradoras privadas, de contribuição opcional e por isso de tendência classista, com o objectivo de maximização dos lucros, tendo como resultado a agudização das desigualdades sociais.
O que Passos e Portas querem é garantir uma reforma mínima a todos, tendencialmente bastante pequena (em nome da tal sustentabilidade) garantindo a manutenção da pobreza dos mais pobres; e quem quiser garantir uma reforma mais digna terá que ter capacidade de poupança ao longo da vida para um seguro privado. Isto na hipótese de ser garantido um seguro privado, uma vez que a garantia de uma reforma privada tem um risco superior a uma reforma pública… é que as seguradoras também vão à falência.
Esta é uma reforma não em nome da sustentabilidade, mas em nome de uma ideologia, a ultra liberal, com um vinco claramente ideológico. Daqui a 20 anos seria a total liberalização das reformas.
A sustentabilidade da Segurança Social passará sempre pela sua função de redistribuição dos rendimentos, por uma politica de aumento dos salários, de manutenção das taxas de contribuição, de políticas de crescimento e desenvolvimento económico.