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Selfie Solidária

Está para fazer quase três anos que Portugal escancarou as suas portas aos mais necessitados. Estávamos dispostos a receber 10 mil refugiados! O dobro do pedido pela União Europeia.

Feitas as contas foram recebidos perto de 1 500 mais de metade dos quais não quiseram permanecer no nosso território.

Quer isto dizer que continuamos com mais de 9 mil vagas para receber refugiados, acenando uma bonita e sentida bandeira de oferta solidária que nos deixa muito bem na fotografia, mesmo que não usufruída.

A outras latitudes outras fotografias demonstram que talvez pudessemos disponibilizar estas oportunidades a outros povos, igualmente massacrados e desesperados. 

Será melhor fazê-lo o quanto antes porque uma selfie internacional tem muito mais impacto do que uma selfie nacional, e existe o perigo efectivo de alguém fazer contas e perceber que as 5 000 vagas a mais disponibilizadas seriam suficientes para dar resposta aos menos sexy cidadãos nacionais em situação de sem abrigo. 

Lembrei-me disto porque o Natal é a altura perfeita para ajustar a distribuição dos presentes, deixando de os dar a quem não os valoriza, reforçando a dádiva a quem mais precise.

E assim enfeitar as nossas walls com uma tremenda selfie solidária.

Bad Hombres

hunting-bad-hombres

Ao contrário da generalidade dos políticos após eleição, o novo inquilino da Casa Branca tem vindo a concretizar as suas promessas eleitorais. Tomar posse e fazer (mesmo!) aquilo que disse em campanha pode ser estranho! É até suspeito! Os eleitores são tolerantes com as contundências do combate eleitoral, relativizam as promessas mais radicais, mais definitivas. Quando, para espanto, o absurdo dá origem ao decreto, o eleitor perde-se entre o pasmo e a estupefacção. Incrédulo, poderá até sentir-se traído. Não era suposto passar de uma promessa vã.

Eis como a mais pura idiotice passa a realidade com o beneplácito dos eleitores. Uns apoiam, estão radiantes, partilham as convicções do eleito. Os outros, coitados, validaram a excentricidade porque tinha piada, avalizaram o espalhafatoso porque não lhes parecia provável e agora perante o rigor e a verdade, recuam, desculpam-se, dizem que não levaram as ameaças a sério. Inocentes, pensaram que era só campanha. Enganaram-se! Alguns queriam vingar-se dos politicos, vulgo “trama-los”, eleger alguém à margem do politicamente correcto para os penalizar pelas promessas não compridas, mas agora, a cada dia parece mais claro que o eleitor castigador é o verdadeiro castigado. A esta causa, a do castigo, aderiram também os abstencionistas, essa massa convicta na revolta do amuo.

Era campanha… Era? Não creio! Tudo aponta para que seja todo um mandato em campanha eleitoral, desta feita global. A digressão vai começar pelo vizinho a sul, o populoso México. Entre a ajuda e a ameaça, a cavalaria avança em perseguição dos homens maus.

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Eta! Caracas! A coisa está preta!

Tenho orgulho, orgulho, em ser português! Português! Português! Português!

A emigração portuguesa sempre foi uma solução de ante-penúltimo recurso que muitos dos nossos conterrâneos não temeram enveredar. (sendo o penúltimo roubar e o último arriscar mudar o estado das coisas correndo com políticos corruptos e inábeis eleitos por via da abstenção)

Emigraram em massa para vários pontos do globo, com maior concentração em alguns países, aliviando a pressão social  interna e posteriormente injectando capital na nossa economia com o aumento do envio de remessas. Sejamos francos, o nosso maior sucesso de exportação são as pessoas! É de tudo! Desde as mal às altamente qualificadas. O que de certa forma nos pode remeter para os tempos de antigamente em que também exportávamos pessoas em modalidade de pré-pagamento de remessas futuras fruto de árduo trabalho.

Existe agora um pequeno senão. E lá diz o provérbio popular “não há duas sem três”!

Da primeira vez, quando a mudança global de ciclo quebrou este mercado de força de trabalho, os emigrados forçados ficaram por lá, onde se encontravam, seja porque havia economia para os encaixar seja porque não havia interesse político e/ou capacidade financeira para devolver milhões ao seu país de origem onde já outros interesses estavam instalados.

Da segunda vez fomos expropriados à força de terras, que na verdade não eram nossas, sendo forçado ao acolhimento de um grande número de nossos retornados/refugiados.

A terceira aparenta estar mais perto do que aquilo que se imagina sendo que na próxima mudança de ciclo o cenário será completamente diferente. A crise é mundial, muitos portugueses encontram-se em países que atravessam momentos de convulsão (Brasil, Venezuela, Moçambique, Angola, mesmo França e Reino Unido)  pelo que não será de excluir a hipótese de parte considerável das centenas de milhares (ou mesmo milhões) de emigrados se ver forçado a retornar a Portugal. Pior, em alguns casos poderão não ter condições para o fazer e terá de ser o país a dar a resposta necessária, e obrigatória, para trazer de volta essa nossa gente.

Mesmo com vozes alarmantes, com os sinais mais do que evidentes, a reacção à crise dos refugiados foi tardia e inconsequente. Agora estamos em altura de nos prepararmos para o potencial de outra crise humanitária, não de refugiados, mas de retornados. De gente que certamente quererá vir para Portugal quando lhe estendam a mão, as pontes aéreas e/ou marítimas, as condições de alojamento e apoios financeiros, pois é esta a terra das suas raízes. Espero sinceramente que, se necessário, Portugal esteja preparado para estender essa mão, mesmo que sem anéis ao menos que mantenha todos os seus dedos. O resto faz-se com distribuição martelos, picaretas, enchadas, forquilhas e outras ferramentas de apoio à criação de novas culturas e reabilitação de edifícios desde a sua fundação.

Apesar de aparentemente ser um mau cenário quem sabe se a prazo não traria benefícios a Portugal? Gente lusa que bebeu conhecimento de outras culturas, de olho e cabeça mais abertos, com garra, sem medos de começar a vida do zero, só poderia ser uma boa influência sobre todos nós e ajudar a revitalizar a nossa economia com o aumento exponencial do número de consumidores.

Para começar a preparação deste cenário só teremos de garantir posição dominante sobre uma companhia aérea nacional e o exemplar funcionamento dos nossos portos.

Estaremos no bom caminho?

Emigração-Boomerang

 

De refugiados a emancipados

Ao cruzar os números da vergonha europeus com os números da vergonha americanos é impossível não ficar completamente indignado com a perpetuação do problema e todo o desperdício de verbas e vidas humanas.

Temos grandes potências mundiais a embarcar em guerras libertadoras que depois abandonam os povos libertados num caos político, militar e social, que os condena ao êxodo ou subjugação às acções de novos grupos organizados que parecem surgir do nada.

Para além da destabilização directa dos países que sofrem intervenção no terreno, criam-se focos de problema nos países circundantes com a pressão inerente ao acolhimento de enormes massas de refugiados. Posteriormente as mesmas potências beligerantes lavam as suas mãos gastando verbas exorbitantes através da ONU na criação de zonas tampão denominadas “campos de refugiados” onde são garantidas as condições mínimas de sobrevivências.

Aparentemente tudo isto é uma máquina muito bem oleada. Certamente que alguém lucrará com o contínuo esforço financeiro inerente à guerra e à sustentabilidade dos campos de refugiados.

Certo é que passaram décadas onde se comprova que existe um ciclo contínuo de miséria humana e destruição de estados soberanos. Talvez porque a guerra noutras paragens, por ideais comuns mas em terras que não as nossas, é desprovida do verdadeiro sentimento de reconstrução e compromisso ad eternum, do deixar de herança às próximas gerações um território e uma sociedade evoluídas. Estas são o tipo de guerras de toca e foge. Basicamente destrutivas e incapacitantes de um pretenso inimigo que acarreta ao mesmo tempo o desamparo e desnorteio por parte dos que residem naquelas paragens.

Julgo que tal como acontece a muitos outros níveis é chegada a altura de repensar como melhor investir estas verbas gastas em guerras ciclícas infrutíferas e no estancar/cuidar de populações em fuga. Do meu ponto de vista deveria ser criado um organismo mundial militar que ao invés de fazer a guerra em territórios alheios permitisse sim capacitar uma população de o fazer de forma autónoma. Formação militar e de engenharia (para a reconstrução), instrução de valores sociais e democráticos, capacidade de resistir a incursões terroristas. Como? Simples. Em casos de ameaças a estados legítimos, através do poderio de força militar, este organismo mundial teria legitimidade para criar um campo logístico no próprio território do país em perigo. A criação do campo de refugiados, da zona tampão fortificada, seria executada no próprio território e não num país vizinho. Um forte de defesa intrasponível, possível devido ao poderio de uma coligação mundial. E dentro desse forte ao invés da população refugiada marinar em desesperança poderia ser instruída e capacitada para a realização autónoma da defesa e reconstrução do seu país.

Com isto transformaríamos refugiados em emancipados capazes de lutar as suas batalhas, ganhar ou perder as suas guerras, mantendo a sua dignidade e o seu orgulho nacionalista. Dispostos a morrer na luta pela sua nação ao invés de pela miragem da salvação do bom acolhimento por parte de países desenvolvidos.

As grandes potências ocidentais já demonstraram ser boas a ganhar guerras mas muito más a criar condições para a manutenção de uma paz e estabilidade duradouras (parece que só funcionou nos territórios onde vivem). Talvez esteja na altura de acreditar que dados os meios adequados também outros povos serão capazes de resolver os seus assuntos de forma definitiva pelas suas próprias mãos.

keep calm and get ready for war

Programa Espacial Português

O desígnio da nação é o Mar, porém outros vectores de desenvolvimento são há muito perspectivados pelos lideres nacionais. O Programa Espacial Português é disto bom exemplo. Após várias décadas de secretismo, o nosso Programa Espacial tornou-se publico a 25 de Setembro de 1993, aquando do lançamento do nosso primeiro satélite. Foi giro. Na falta de um von Broun ou de um Korolev, liderou o simpatiquíssimo Prof. Carvalho Rodrigues. Já lá vão quase 22 anos. Após esta importante demonstração de poderio tecnológico, o Programa Espacial Português regressou ao secretismo de estado.

Assim ficou até 2011, ano em que o actual executivo relançou publicamente a iniciativa através do apelo ao êxodo. Um sucesso, mas o verdadeiro objectivo não foi então revelado. O alcance da expressão “zona de conforto” não foi à época verdadeiramente entendido. Ninguém compreendeu qual a Gravidade que estava em causa. Lamentável, pois tudo teria sido explicado no briefing que não chegou a realizar-se. Uma pena. O porta-voz submeteu-se a um ambicioso treino durante largos meses. Ninguém o viu ou ouviu. Foi duro e rigoroso, mas valeu a pena.

Apresentou-se na passada semana como o primeiro Vácuonauta – Será esta a designação do viajante espacial português, rejeitando assim as nomenclaturas vigentes: Astronauta (EUA); e Cosmonauta (Rússia). O Vácuonauta está finalmente certificado para todo o tipo de missão. Anunciou também a celebração de uma parceria com a Roscosmos para a utilização da nave Soyuz nas 49 reentradas previstas (o que explica o desaparecimento do líder russo durante os últimos 12 dias. Estava entre nós a negociar ao mais alto nível. Secretamente, claro).

Realismo é a palavra de ordem. O orçamento do Programa Espacial Português não está acima das nossas possibilidades. Se nem a NASA tem dinheiro para manter o programa dos Vai-e-Vem, não seremos nós a faze-lo. Negativo. Entre nós a ida é por conta de quem vai. Apenas o regresso interessa à governação. Não nos podemos dar ao luxo de deixar em orbita geoestacionária os nossos compatriotas mais capazes e empreendedores. Esperemos que consigam sobreviver à reentrada!

PEP2015

Onde Está Wally?

topo

Foi em 1987 que Martin Handford publicou o primeiro livro da colecção “Onde está Wally?”. O enorme sucesso junto de graúdos e miúdos não evitou que na América do Norte lhe mudassem o nome para Waldo, mas não foi só por lá que lhe mudaram o nome…

2b

A genialidade está no entretenimento que estes livros nos proporcionam. São uma excelente forma de nos alienarmos de problemas ou preocupações. Os desenhos são de tal forma ricos em pormenores, que encontrar o herói é uma tarefa que requer um nível de concentração elevado. Mudar a perspectiva de observação, por vezes ajuda.

1b

A Wenda, o Sábio de Barbas ou qualquer um dos membros do grupo de fãs partilha cores, texturas e padrões com o nosso herói. Torna ainda mais difícil a tarefa de identificar cada um deles. A verdade nem sempre é aquilo que parece.

invasao

O Gênio da Lâmpada

Tranquilo e confortável na sua lâmpada, o Gênio da finança viveu para criar valor para o accionista. Foi esse o seu desígnio. Sempre. Por isso ganhou prémios, louvores e condecorações. Reconhecimento entre nós é coisa rara. Quer dizer, exclusiva. É a “portugalidade”.

Zeinal Bava

Detentor de um vasto vocabulário empresarial, brilha em qualquer fórum. Após uma audição em sede de comissão de inquérito parlamentar, terá alegadamente motivado a inscrição de alguns deputados da Assembleia da Republica em cursos de iniciação ao idioma de Shakespeare. Dizem que a forma mais sincera de elogio é a imitação.

Sempre atento aos ventos da mudança, o Gênio observou o avisado conselho do êxodo. À época, cheguei a pensar que finalmente alguém levara a sério as ideias para o pais deste blog, concretamente o meu apelo ao altruísmo. Lamentavelmente, tudo ruiu passadas menos de metade das 1001 noites expectáveis. Estoirou. Querem agora crucificar o Gênio. Acusam-no de destruir todo o valor do accionista. Uma injustiça, uma enorme injustiça, digo-vos! Mero dano colateral de um outro acidente.

lampadaA culpa é do malfadado Acordo Ortográfico. Passo a explicar: A definição de “Accionista” era “aquele que detêm uma participação numa sociedade anónima”, contudo, e desde 2009, que “accionista” se escreve “acionista”, isto é, aquele que aciona. Ou seja, “Criar valor para o acionista” significa – entregar o valor àquele que aciona a lâmpada, friccionando-a.

Foi apenas isso que aconteceu, o Génio concedeu uns desejos a quem tinha a lâmpada na mão (consta que não foi o Aladino). Deviam conceder-lhe o grau de Gênio Honoris Causa. No mínimo!

Compreensão da Confiança dos Mercados

Recentemente ouvi na rádio alguém ligado ao governo a malhar nos assinantes do famoso Manifesto dos 70 dizendo que emitem opinião sem ter conhecimento aprofundado sobre os problemas do país. Mais recentemente ouvi Durão Barroso em entrevista a dizer que o manifesto foi um erro crasso que veio fragilizar a posição de Portugal nos mercados.

Pus-me a pensar e realmente reconheço que conhecimento sobre a situação real é algo que não é partilhado com os portugueses. E coloquei-me no lugar de um investidor internacional. Afinal se actualmente estão com indíces de confiança no investimento da nossa dívida equiparados aos de 2009 é porque a análise puramente lógica, racional e fria dos números, nos permite tirar conclusões positivas e optimistas sobre o nosso futuro.

Sendo assim compilei aqui uma série de indicadores que espero virem a trazer algum esclarecimento sobre a lógica dos mercados face ao investimento na dívida de Portugal. Comparei a informação disponível à data das boas taxas de juro em dois períodos no tempo.

Indicador 2010/01 2014/03 Observações
Juros Dívida a 5 anos <3% <3% Revelador do mesmo nível de confiança no investimento na nossa dívida pública.
Dívida Pública em % PIB 78,8% 130% Um aumento estrondoso do nosso endividamento que nos torna mais dependentes e ‘submissos’ a credores.
Dívida Pública 132 747,3 M€ 204 252,3 M€ 51 pontos percentuais acima são +72 mil milhões de euros em dívida
População Residente 10 568 247 10 514 844 Menos 54 mil pessoas? Os mais de 200 mil emigrantes ainda contam?
População Activa 5 582 700 5 389 400 Ok, aqui está em linha com números de emigração! Bom trabalho nesta contagem!
População Empregada 5 054 100 4 978 200 Talvez fosse bom definir o que é um emprego? Só em 2013 contabilizavam-se menos 229 mil postos de trabalho.
Taxa de Desemprego 9,5% 16,3% Quase o dobro em termos oficiais. Juntando os ‘desencorajados’ e o real ainda é pior!
População Desempregada 528 600 875 900 Sem pudor podemos falar de 1 MILHÂO de desempregados!
Receita IRS 8 950,9 M€ 9 085,5 M€ Menos postos de trabalho e mais receita de IRS? O governo só pode estar a fazer qualquer coisa bem…
Número de Empresas 1 198 781 1 062 782 Por artes mágicas desapareceram mais de 135 mil empresas em quatro anos. Magia negra?
Receita IRC 4 540,3 M€ 4 280,5 M€ Uma perda de mais de 1 900 € por falência.
Emigração ??? 121 418 Sem números de 2009 é ainda mais corajoso o incentivo ao desconhecido: a emigração.
Nascimentos 99 941 89 841 Menos bocas, menos consumo, menos despesa.
Idosos
por cada 100 jovens
118 130 Calma, o corte contínuo e progressivo de pensões poderá ajudar a corrigir isto.
Despesa com
Administração Pública
83 874,4 M€ 78 243,8 M€ 5 mil milhões de euros a menos de despesas sendo que 2 mil milhões resultam dos cortes em pensões e salários da função pública.
Salário Mínimo 450 € 485 € Boa boa, uma evolução de 5 € ao ano. Quase que dá para absorver um dia do aumento dos custos em transportes, energia e bens de primeira necessidade.
Taxa Risco Pobreza
(antes de transferências sociais)
43,4% 45,4% Ok, mantemos uma certa uniformidade com quase metade da população portuguesa no limear da pobreza se não tiver qualquer apoio social.
Taxa Risco Pobreza
(após transferências sociais)
17,9% 17,9% Boa, neste indicador não andámos para trás! Graças a Deus que muitos pobres potenciais emigraram em massa!
Consumo Privado 110 546,8 M€ 111 954,7 M€ Apesar de tudo gastámos mais dinheiro! Nada como um aumento do custo de vida para polir um indicador económico.
Volume de Negócios do Retalho da SONAE em Portugal 1 132,6 M€ 3 415,0 M€ Mesmo em tempos de crise ainda há quem saiba fazer a ordenha!
Volume de Negócios do Retalho da Jerónimo Martins em Portugal 2 193,6 M€ 3 250,0 M€ A crise tem pelo menos duas boas ordenhas!

Curioso como os indicadores atenuam e mascaram por completo a realidade social vivida e sentida pela população.
Desperta-me particularmente curiosidade o facto de empresas como a SONAE e Jerónimo Martins aumentarem os lucros nas suas redes de distribuição Continente e Pingo Doce. Isto porque quem frequenta os seus espaços comerciais vê com frequência as pessoas a fazer as suas escolhas em função do preço e não da qualidade do produto. O que me leva a especular que os portugueses andam a pagar menos, para comer pior, com lucros maiores para quem aparentemente ‘facilita’ a aquisição com custo mínimo de mercado. E os seus fornecedores? Poderão gabar-se de tal aumento de volume de negócios?

Para concluir olhando para a informação, fácil e publicamente disponível, um investidor atento a pormenores poderia resumir a análise de Portugal em início de 2014 vs Portugal em início de 2010 com 3 chavões 1) o Portugal de hoje está mais endividado, 2) com menos consumo (diminuição de poder de compra e menos consumidores devido a cortes, desemprego e emigração) e 3) com um estado mais fragilizado que terá de cortar apoio social à quase metade da população que ainda se mantém no limiar da pobreza.

Se em início de 2010 com os dados disponíveis os investidores projectavam um cenário optimista, hoje com os dados em cima da mesa o cenário não pode de todo ser idêntico ao idealizado na altura. Ou seja, um investidor na divida pública Portuguesa só pode estar a borrifar-se para os indicadores sócio-económicos do nosso país. ‘Provavelmente’ existem factores externos que anulam a necessidade de valorizar estes números. Caso contrário a única explicação alternativa possível seria uma hipotética manipulação das taxas de juro, à medida das necessidades da manutenção de estabilidade de um sistema político e económico que vive no ponto de equílibrio entre o retirar a máxima rendibilidade das dificuldades de um país e o garantir da sustentabilidade do mesmo.

Será que estas variáveis podem explicar o inexplicável?

2010/01 2014/03
Próximas Eleições Europeias Junho de 2014 Junho de 2014
Peso de Portugal na Coerência da Europa Residual Crítico
Maior Responsável por Governação no último triénio Governo Português Troika
Portugal = Bandeira da Aplicação de
Fórmulas Austeras de Gestão Governamental
Não Sim

Resumindo as baixas taxas de juro nada têm a ver com a melhoria da vida em Portugal mas sim com a garantia de que a teta para estes lados pode continuar a jorrar, mesmo que com um caudal mais fraquito. “It’s all about money”, tal como comprovado pela tentativa de recompra da dívida para baixar despesas com juros futuros que ficou aquém das expectativas porque os seus detentores preferem aguardar pela colecta dos juros contratualizados à data da sua compra do que antecipar uma receita mais baixa. O seu lema?

 

“Estamos cá para ajudar(-nos)”

No Spend Update, Interest Rates, Rich People And Money

Sites e Artigos de Referência:
Juros da dívida a cinco e dez anos estreiam novos mínimos do início de 2010
Dívida pública portuguesa deve superar os 130% do PIB em 2014
Juros da dívida a cinco e dez anos estreiam novos mínimos do início de 2010
Volume de negócios da Sonae cresce 6% em 2009
Lucro da Sonae SGPS atinge 319 milhões de euros em 2013
Grupo Jerónimo Martins divulga Vendas 2009
Vendas da Jerónimo Martins deverão ter crescido 11,8% em 2013
Guia de perguntas e respostas para acompanhar os juros da dívidaHá 4,5 milhões de pobres
PORDATA

Parapolítica de fusão

Dá cada vez mais dó assistir ao desgaste constante que os media e os parceiros sociais fazem aos nossos governantes com capacidades especiais. Há que respeitar os seus diferentes timings e horizontes mais amplos que os dos humanos mais comuns. Chegámos ao ponto de ter de ser uma  sapiente best-seller a alertar-nos para a necessidade de sermos mais tolerantes para com eles, que tanto trabalham para nosso bem. Afinal, apesar das nossas diferenças no nosso âmago eles e nós somos o mesmo.

Erros do Âmago

E assim debrucei-me sobre estas medidas especiais, saídas das cabeças dos actuais parapolíticos, muito mais receptivo às suas boas intenções e resultados projectados. Apesar do ruído causado pelas machetadas que desbravam o caminho e pela azia causada, entre-portas, pelo mau chá Macaense julgo que consegui vislumbrar o toque de Midas dos nossos governantes! E consegui-o sem deixar crescer a barba por aí além, coisa que reconhecidamente garante ganhos imediatos de inteligência, respeito e maturidade, como todos sabemos via os recentes briefings.

Portugal tem as medidas correctas aplicadas sendo a única lacuna o facto de ainda estarem a ser pensadas como parcelas isoladas! Basta, através de um elaborado processo de fusão, potenciá-las e fortalecê-las, permitindo ao Estado poupanças na ordem dos milhares de milhões de euros! Sim, é isso mesmo! É muito fácil!

Vamos a factos rápidos relativos a Portugal

Euro House on FireMais de mil milhões de euros gastos mensalmente em prestações sociais. Grandes despesas sem qualidade de vida para milhões de cidadãos. E apesar de tudo as prestações sociais são um dos principais alvos de cortes porque são uma das fatias com impacto imediato nas continhas a apresentar à Troika.

Aos desempregados que não recebem subsídio, perto do meio milhão, o governo tem indicado a porta de saída do país. Apenas com um “Adeus e boa sorte!” porque infelizmente nem para um queijinho as contas dão.

Ao mesmo tempo viraram a agulha do investimento para as exportações! Na sua visão sem consumo interno há que, entre outras coisas, diminuir o custo da mão de obra activa para tornar os nossos produtos e serviços mais atractivos no exterior. PMEs ficam para segundo plano, vamos por agora ajudar as grandes empresas a projectar-se no exterior!

Vistas de forma isolada parecem medidas de retrocesso e ultrajantes, só que combinadas podem ser a solução para recuperação meteórica! Basta exportarmos os nossos pensionistas e desempregados!

Enjoy Living AbroadÉ tão óbvio que até eu me envergonho de só agora ter visto a luz ao fundo do túnel com tanta clareza! E ela é emitida da panóplia de países onde viver com 5 dólares por dia é considerado confortável. Os países onde o limiar de pobreza é delimitado pelo valor de 2 dólares por dia. Ou seja, pela módica quantia de 3,73 € por dia (5 dólares ao câmbio de hoje), 115 € por mês teríamos os cidadãos portugueses mais necessitados a viver confortavelmente no exterior.

De certeza que conseguimos voos baratos porque alguns desses países são já donos das maiores empresas nacionais e podem puxar uns cordelinhos. Vêem aviões carregados de mão de obra barata deslocalizada e vão os nossos fragilizados de encontro a uma vida de classe média. Com um bocado de sorte uns conseguirão emprego e conseguiremos produzir produtos “Made in Asia by Portuguese”. É sempre a ganhar. Refazendo as contas acima bastariam uns 460 milhões de euros, incluindo subsidios aos quase meio milhão de desempregados que de momento nada recebem. Uma poupança directa de mais de 60%! Aos quais podem ser acrescentados poupanças em despesas de saúde e educação porque a população não está cá!

A parapolítica tem um enorme potencial, basta-lhe aplicação de técnicas avançadas de fusão.

Talvez depois deste post muitos Portugueses possam ter a vida digna que merecem em países onde se podem dar ao luxo de terminar cada dia com um final feliz.

Chinese Police Thwarted - Happy Endings Not Illegal