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Rocky 7

Rocky-VII

O mais recente filme da mítica saga “Rocky” conta-nos uma história para crianças, que sem surpresa, relata mais uma esquiva do nosso herói. É lendário o seu jogo de pés. Há até quem diga que pensa com os ditos, tal a rapidez com que transforma um desequilíbrio em apoio para golpear. Converte qualquer fraqueza em força. A sua combatividade é internacionalmente reconhecida. É um sábio e sapiente pugilista, nada devendo aos gigantes da modalidade.

Mesmo quem não aprecia a personagem, reconhece-lhe o mérito desportivo. Um homem de invulgar resiliência, um lutador! Não há golpe que o derrube. Há alguns anos, resistiu estoicamente a um rude (e baixo) golpe no estômago. Agora mais experiente, afirmou não se surpreender. Pudera, a experiência fez dele um pugilista de outro nível, de uma outra estirpe. Interpelado por jornalistas, explicou que a vida de desportista é mesmo assim, por vezes muito treino e sacrifício não garantem os resultados. Não obstante é necessário continuar a trabalhar, tudo mudando para que tudo fique na mesma, i.e., Lixo.

murro

Programa Espacial Português

O desígnio da nação é o Mar, porém outros vectores de desenvolvimento são há muito perspectivados pelos lideres nacionais. O Programa Espacial Português é disto bom exemplo. Após várias décadas de secretismo, o nosso Programa Espacial tornou-se publico a 25 de Setembro de 1993, aquando do lançamento do nosso primeiro satélite. Foi giro. Na falta de um von Broun ou de um Korolev, liderou o simpatiquíssimo Prof. Carvalho Rodrigues. Já lá vão quase 22 anos. Após esta importante demonstração de poderio tecnológico, o Programa Espacial Português regressou ao secretismo de estado.

Assim ficou até 2011, ano em que o actual executivo relançou publicamente a iniciativa através do apelo ao êxodo. Um sucesso, mas o verdadeiro objectivo não foi então revelado. O alcance da expressão “zona de conforto” não foi à época verdadeiramente entendido. Ninguém compreendeu qual a Gravidade que estava em causa. Lamentável, pois tudo teria sido explicado no briefing que não chegou a realizar-se. Uma pena. O porta-voz submeteu-se a um ambicioso treino durante largos meses. Ninguém o viu ou ouviu. Foi duro e rigoroso, mas valeu a pena.

Apresentou-se na passada semana como o primeiro Vácuonauta – Será esta a designação do viajante espacial português, rejeitando assim as nomenclaturas vigentes: Astronauta (EUA); e Cosmonauta (Rússia). O Vácuonauta está finalmente certificado para todo o tipo de missão. Anunciou também a celebração de uma parceria com a Roscosmos para a utilização da nave Soyuz nas 49 reentradas previstas (o que explica o desaparecimento do líder russo durante os últimos 12 dias. Estava entre nós a negociar ao mais alto nível. Secretamente, claro).

Realismo é a palavra de ordem. O orçamento do Programa Espacial Português não está acima das nossas possibilidades. Se nem a NASA tem dinheiro para manter o programa dos Vai-e-Vem, não seremos nós a faze-lo. Negativo. Entre nós a ida é por conta de quem vai. Apenas o regresso interessa à governação. Não nos podemos dar ao luxo de deixar em orbita geoestacionária os nossos compatriotas mais capazes e empreendedores. Esperemos que consigam sobreviver à reentrada!

PEP2015

A Sucessão

Cartaz

Cedo ou tarde em cada reinado, surge a questão da sucessão. Quando o soberano não tem filho varão, isto é, herdeiro natural, procura designar em vida o seu sucessor. É saudável que assim seja. O nosso bom e velho reino não é excepção à regra. A sofisticação do sec XXI permite-nos encarar estes problemas com optimismo. Vantagens da democracia. Já ninguém se lembra o que foi o absolutismo. Nenhum povo vive hoje oprimido na Europa. Soberanos há que até conseguem tornar obsoleto o acto de votar. A elevada abstenção está ai para o provar. Votar é até uma maçada, um aborrecimento, um dia perdido com um acto inconsequente.

o-perfil

Bons monarcas reforçam esta convicção abstencionista. É o caso do “nosso”. Com empenho e dedicação, muito trabalho e afinco conseguiu de facto preparar toda uma população para viver sem soberano. A sua acção, sempre discreta, oferece essa garantia a todos os seus súbitos. Não há altruísmo maior do que o rei que voluntariamente se torna irrelevante. É a prova maior de emancipação do seu povo.

Ao contrário de alguns (não muitos), vi com bons olhos o traçar do perfil para o novo monarca. Sim, acho útil e subscrevo a teoria do “mais do mesmo”. Bem sei que pode parecer que o actual monarca tem preferidos entre os seus súbitos, mas tenho a firme convicção que a todos nos ama por igual. E o contrário também é verdade, nós amamos o nosso soberano e respectiva consorte. Todos.

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Lassie

Provavelmente o mais ternurento filme de todos os tempos, Lassie foi lançado em Technicolor pela Metro-Goldwyn-Mayer em 1943. Relata a história da amizade entre uma criança e uma cadela de raça Rough Collie. Na verdade era um cão travestido de cadela, de seu nome “amigo“. A acção desenrola-se em Baden-Württemberg, na casa da humilde mas mui séria família Schäuble. As dificuldades financeiras criadas pela crise obrigaram a família à mais dura medida de austeridade: vender o seu adorado animal de estimação. Foi um rude golpe para o mais jovem membro da família, o pequeno Wolfgang. O swap foi concretizado com o nobre Duque.

O novo dono nutria grande admiração pelo animal, mas não o mesmo afecto. Mantinha-a em cativeiro, presa no canil. Felizmente, a amizade foi sempre mais forte que o cativeiro. Lassie fugia regularmente para se encontrar com o pequeno Wolfgang à saída da escola. Escusado será dizer que estas manifestações de afecto não colhiam a simpatia do nobre Duque, o qual decidiu cortar o mal pela raiz. Enviou a Lassie para longe, para sua propriedade na região de Hamburgo. Contudo, a distancia e a saudade não matou a amizade.

Obstinada, Lassie percorreu milhares de quilómetros, passou fome, superou tempestades e até pessoas más, mas consegui regressar a casa. Nunca nenhum outro canino revelou tão apurado faro, tão determinado empenho, nem tão cega dedicação a seu dono. Uma enternecedora história de amor.

lassie

‘O sole mio

António Costa

Ouço ao longe os acordes da canção napolitana, mas as palavras são outras. Nem literais sobre o astro, nem figurativas sobre uma mulher. Não é esperança nem desejo, é um plano, uma estratégia com cabeça tronco e membros (ou não!). Eis como encaixam as notas desta melodia.

lisboa_cheias_2014Começou pelo plano pedonal. A impermeabilidade dos solos foi a primeira pista sobre o futuro. Depois as polemicas declarações sobre a inevitabilidade das cheias em dias de borrasca. Ontem, o centro da cidade de Lisboa foi interditado ao transito de automóveis “menos recentes” (anteriores ao ano 2000). Porquê? Bom, tal como a figura ilustra, a flutuabilidade destes veículos deixa muito a desejar. Constituem uma perigosa ameaça à navegabilidade das ruas desta nossa cidade-museu, qual Veneza atlântica para turista ver. Low cost, claro.

E o País? A Europa? Calma, ainda não é este o momento, mas é obvio que o gondoleiro do Rossio tem justas ambições internacionais. Como dizia o poeta, “Pelo Tejo Vai-se para o Mundo”!

As palavras que ouço são na língua de Shakespeare, mas com pronuncia do Mississípi. A melodia é a de sempre. O Costa canta “It’s Now or Never“…

Apocalipse Now

Talvez seja apenas poeira levantada pelos pontapés de vento de uma tempestade de areia, talvez em breve se dissipe e depois de umas varridelas a normalidade volte a aziar a nação. Por agora, estranheza. Os tempos recentes têm sido estranhos em termos do desenrolar de imbróglios  económicos, fiscais e judiciais.

A implosão consentida do Grupo Espírito Santo, a pressão fiscal sobre os colossos da energia Galp e REN, a frieza com que se lida com o caso PT colocando um resgate/nacionalização de parte, o desenrolar dos Vistos Gold, a detenção de José Sócrates, a condenação de Duarte Lima, tudo são sinais de que há fios da teia que se quebraram.

Independentemente da cor política é inegável que há um suceder de acontecimentos que espontaneamente nos desenham um sorriso de regozijo. Em alguns casos até um surpreendente reconhecer que neste ponto o governo/estado foi corajoso e esteve bem.

O que me deixa a pensar se Pedro Passos Coelho terá visão que lhe permita fazer a leitura de que esta pode ser a fórmula para a sua revitalização. O de ir às gavetas mofadas, que constituem o arsenal judiciário e mediático da guerra política suja, para delas lançar para a praça pública todos os processos duvidosos perpetuados por antigos governos.

Transformar-se-ia assim num paladino, defensor obstinado da rectidão, capaz de sacrificar cabecilhas de qualquer cor política, incluindo da sua e da do seu parceiro de coligação. Se o fizer é certo que, mesmo mantendo este nível de austeridade, obterá o reconhecimento do povo como um líder forte capaz de executar a tão almejada limpeza da República. E na minha opinião só essa faceta seria suficiente para, numa reviravolta inesperada, conceder-lhe o direito a mais um mandato.

Passos Coelho está na posição ideal para o fazer. Os objectivos contabilísticos do governo em vias de serem atingidos, o ser praticamente orfão de apoios de barões, a força do parceiro de coligação que pode ser submergida devido a danos colaterais, uma oposição às aranhas com um único caso que poderá ser destroçada por muitos outros ocorridos nas últimas legislaturas, o aproximar de um final de mandato em que o caos judicial e político, gerado por uma acção de limpeza desta magnitude, manteria nas sombras muitos daqueles que preferem navegar mares menos tempestuosos. O que é uma vinculação à Tecnoforma comparada com o que se encontra no valioso acervo de casos de gestão pública danosa, conflitos de interesses e corrupção?

Diz a bíblia que o apocalipse será o juízo final, em que todos serão julgados, os culpados condenados, os justos poupados e mesmo ressuscitados. Provavelmente muitas cabeças teriam de rolar até que se desse o milagre da ressureição de Pedro Passos Coelho. Há que ter fé, acreditar na eventualidade de um mundo melhor. Afinal um milagre é algo passível de acontecer a qualquer momento. Assim o queira Deus e um homem, corajoso, sem nada a perder, o faça num esforço épico. Por mais absurdo que isto pareça a verdade é que desde o início dos tempos que a história se escreve por linhas tortas. Faço desde já aqui uma jura, não uma promessa, uma JURA, que se tudo isto acontecer, se Portugal castigar quem de si abusou e fôr ressarcido de parte dos danos, doa a quem doer, o meu voto será consagrado a este menino sagrado/profano.

Basta mudares PPP!

Placebo

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Placebo é um fármaco, tratamento ou procedimento cirúrgico dissimulado, inerte, sem principio activo. Trata todo o tipo enfermidade e baseia-se na reacção psicossomática dos pacientes. Pode de facto promover um efeito benéfico real e físico.

Não consultei nenhum simpósio terapêutico, não sei se a doença existe, mas suspeito que vivemos um surto de grave défice de cidadania. Eis as questões de teste e diagnóstico:

  • Quem é que quer saber da venda da TAP quando há tanta e tão relevante informação em Évora?
  • Quem quer saber do Orçamento de Estado para 2015 quando há teorias da conspiração para denunciar ou subscrever?
  • Quem quer saber da reposição das subvenções vitalícias (não contributivas) quando há apostas a fazer sobre quem será o próximo a ser detido?

A resposta a qualquer uma das questões é: ninguém! Ninguém quer saber. Porquê? Bem, na verdade, é muito simples. É o efeito placebo. Mais uma teoria da conspiração? Negativo, é apenas o egoísmo colectivo a funcionar. Eis como:

Sem subscrever a teoria do bode expiatório, constato o reflexo da detenção preventiva nos Sistemas Límbicos dos telespectadores. Continuamos sem nada saber sobre a acusação, mas tal pouco importa. Cada um de nós tem a sua própria acusação! Eu, por exemplo, guardo com carinho um velho rancor. Remonta, imaginem, a 2011. Fatídico ano em que uma medida de excepção ao orçamento de estado desse ano me atribuiu um corte seis vezes superior ao previsto. Pequeno contratempo que está aliás na génese deste blog. É este abrangente e democrático critério que explica a euforia, a alegria que vivemos. É irrelevante a causa, cada qual escolhe a que quer. Importante é saber que há um castigo. Preventivo que seja, estamos perante a cura de muito descontentamento e revolta.

E os crentes, aqueles que acreditam na inocência do detido? Bom, para esses o placebo tem o mesmo efeito terapêutico, uma vez que toda a sua atenção está igualmente desviada. Ora testem lá as perguntas de diagnóstico novamente.

 

 

Está bom de Sal?

O caldo reduz em lume brando. Ingredientes? Os tradicionais. Nutrição, eis a questão. O segredo do caldo está na forma como é servido. Da panela para a terrina nada se perde, mas da terrina para o prato e da colher até à boca, tudo pode acontecer. A uns, poucos, calham nutritivas porções, aos outros, água, ou mesmo nada. Com sorte, mata-se a sede.

caldo
Então e a nutrição? É a que temos. Metade dos comensais, ilustres eleitores e contribuintes, contribui mas não vota. Paga, mas não opina. Essa “coisa” da distribuição dos rendimentos não lhes diz respeito. Ciclos viciosos? Promiscuidade entre politica e economia? Sim, claro que sim, mas votar nem pensar. Afinal quem rebate a famosa frase “são todos iguais, querem é tacho”? Ninguém! Como pode uma população ser simultaneamente tão sábia na análise e tão burra na acção. Não vota, entrega o tacho. Assim sendo, os tais bem nutridos, comem, repetem e ainda contemplam a nossa busca por migalhas enquanto saboreiam a sobremesa. Salgado sai, bem nutrido, entrega o tacho. Mas isto insonso não fica. Entram os profissionais, os tecnocratas. Parece que o amadorismo dos que saem não lhe correu particularmente mal. Há rumores sobre reformas um tudo-nada acima da media. Teremos novos “Chefs” da panela-de-pressão. Dizem que assim se garante a solidez do banco. Isso! Um grupo é um grupo, um banco é um banco. Mesmo que o primeiro se sente no segundo, ou vice-versa. Semelhanças só nas cores e no nome. De resto, qual parvalorem, o mal para um lado, o bem para o outro. Onde é que já vimos isto? É uma questão privada, logicamente, decidem os accionistas. Está certo. Soberanos na sua decisão, optam por imitar os chineses. Escolhem alguém que tenha recusado oCALMA cargo de ministro das finanças, alguém sério e idóneo. Imparidades? Poucas, nada que os fundos públicos não possam cobrir, nem que seja pedindo emprestado.

E que outras  iguarias se preparam neste grande concurso de cozinha tradicional? Um pouco de tudo, desde votar contra o cozinhado italiano sobre o pacto orçamental, passando pela adorável disputa ao lugar de alcaide do castelo do rato, até à privatização da Imprensa Nacional Casa da Moeda. Diz que dá lucro. Imagine-se a vergonha, uma empresa de capitais públicos que dá lucro! O que fazer? Vender! Que tal “a investidores institucionais”? Singelo eufemismo para “a quem mais nos convier”. Nada como agradar aos accionistas mesmo antes de estes o serem. Tudo legal, tudo legítimo, pois a posteriori saberão nomear as pessoas certas, os profissionais! Sal quanto baste para durar mais uma legislatura. Não votem, não atrapalhem os mestres da culinária.

Pensar em grande, votar em pequenos

Aqui há dois dias fui surpreendido pela compreensão choque de que as eleições europeias são já este Domingo! Uma campanha que não se sente na rua, que não tem expressão nos media, praticamente inexistente. Claro que o ciclo se renova e agora o PS pede um castigo dos partidos no poder, coisa que as sondagens prevêm acontecer qb. Tal como muitos não tenho ainda firmado onde recairá o meu voto e chego a recorrer à bruxa para encontrar o caminho.

Um lugar no parlamento europeu, para além da suposta representatividade dos interesses de Portugal, representa uma vida cómoda do ponto de vista financeiro. Em adenda quando se dê a saída do parlamento europeu existe um subsídio de apoio à reintegração na vida activa ao estilo de subsídio de desemprego igualmente chorudo. Tal como no parlamento português existe uma panóplia de famílias políticas com a união de esquerdas, união de centristas, união de direitas, etc. E tal como nele existe uma tendencial flutuação entre uma maior representatividade do centro-esquerda e uma maior representatividade do centro-direita, existindo depois outras facções mais marginais.

Pus-me a matutar em acções de ‘terrorismo’ eleitoral que pudessem dar uma pedrada no charco e vim parar ao facto da abstenção nas eleições europeias (>60%) ser bem mais alta do que a abstenção nas eleições nacionais (>40%). O que só beneficia os candidatos dos maiores partidos pois a proporção de votos dos seus fiéis e crentes eleitores aumenta em muito o seu peso face ao diminuído universo de votantes.

Contudo estes 20% de diferencial na abstenção dão-me esperança para a possibilidade de usar estas eleições como real arma política. Se apenas estes 20% decidirem votar podem ter grande influência na configuração da representação portuguesa!

Compreendo que nas eleições nacionais exista um maior receio de delegar o voto, que não se quer dar aos ‘grandes’ do costume, num pequeno partido. O refúgio acaba por ser um voto nulo, em branco ou mesmo a abstenção. Acabando mais uma vez por só fortalecer o peso dos chamados ‘grandes’.

Para evitar essa rasteira auto-infligida, faço aqui uma proposta criativa para a tentativa de geração de uma onda de manifestação de insatisfação para com os aparelhos partidários responsáveis pela nossa situação: o voto válido num pequeno partido!

E de que forma votar num pequeno partido nestas eleições europeias pode ajudar a mudar algo? Provavelmente não mudará nada no imediato mas serviria de um grande sinal de alerta e sobretudo de meio de preparação de melhores políticos. Se a predominância dos votos nas europeias fosse distribuída pelos pequenos partidos estaríamos a:

  • Levar para o parlamento europeu ideias e argumentos alternativos aliados à tenacidade destes novos agentes do nosso tecido político. Mostraríamos assim que nós, Portugueses, estamos saturados de ser manipulados pelos amigos ?do alheio? do costume, estando a atingir o ponto de ruptura para com o status quo instalado sem receio do desconhecido;
  • Dar aos políticos emergentes, com menos holofotes e  presença em palco, uma experiência internacional permitindo-lhes contacto com formas de trabalho e correntes de pensamento díspares para que retornem mais fortes e mais capazes;
  • Permitir aos pequenos peixes nutrir-se do fitoplâncton europeu passando a um regime de dieta os actuais tubarões e baleias do nosso panorama político. Por outras palavras os deputados europeus destes pequenos partidos poderão amealhar uma quantia simpática que podem colocar ao serviço dos seus partidos para maior financiamento autónomo de campanhas em futuras eleições nacionais;
  • Assustar realmente os partidos nacionais tradicionalmente mais votados com esta demonstração de desbloqueio mental no acto do voto, criando assim um cenário imprevísivel para o resultado das próximas eleições para a Assembleia da República;

O mais importante seria ganhar a coragem de votar num pequeno partido sem provas dadas, com ideias inovadoras e fracturantes, com o qual apenas simpatizamos mas ainda não confiamos plenamente. Chamem-lhe um salto de fé ou um benefício da dúvida. Durante um ano poderíamos avaliar o seu desempenho no Parlamento Europeu e a sua evolução. Mesmo que não tenhamos a coragem de lhes atribuir voto nas eleições em 2015 teríamos mais 3 anos de levedação e a partir de 2018 saberíamos se valeu ou não a pena o investimento.

Corro o risco de estar a pensar demais, isto seria uma coisa em grande, sendo o meu único consolo o facto de apesar de tudo ainda ter a capacidade de sonhar. E vocês?

5 PEQUENOS PARTIDOS A CONSIDERAR NESTAS ELEIÇÕES> Saber mais sobre 5 Pequenos Partidos a Considerar nestas Eleições <

Pontuação dos valores de Abril

A Troika, deveras admirada pelo meigo apego demonstrado pelos Portugueses, perguntou a Passos Coelho quantos zeros à esquerda possuem os tão falados valores de Abril.

Passos, indignado, responde que à esquerda não existem quaisquer zeros que sejam um valor Seguro, o futuro está nos zeros à direita!

No acumular de pequenas fracções irrisórias que geram milhares de milhões de euros em receitas. O segredo está na gestão da revelação da soma adicional de cada uma destas parcelas por forma a que a balança, cega, não dê pelo ultrapassar do limite de excesso de carga.

E sobretudo ter o cuidado de não fazer com que o povo deixe de virgular e passe a pontuar. Tal como na conveniente interpretação da legislação a continuidade do poder e governação alicerça-se na ínfima e grandiosa vírgula. Há que eliminar do raciocínio do povo a capacidade de exprimir qualquer pontuação.

O ponto de exclamação é o mais fácil. Basta ao melhor estilo Português lançar sucessivos boatos incendiários e/ou de corte e costura pelos canais oficiais não oficiais. Uns diz que disse, uns exageros, umas hipóteses no cimo da mesa, algo escandaloso como “cada Português terá de contribuir com um lingote de ouro no porão para lastrar o país” Algo que possa ser prontamente rebatido com contra-informação correctiva que introduza medidas retrácteis como “cada Português terá de contribuir com 1/100 de um lingote de ouro no porão para lastrar o país” Que mesmo sendo muito duras são uma grande melhoria vs o inferno que seria o primeiramente anunciado.  Com o passar do tempo esse 1/100 poderá caminhar para 1/10 ou mesmo 1/1 sem que exista manifestação de espanto e repúdio devido à saturação com os enredos da novela governativa.

O ponto de interrogação exige mais coragem. Demonstração de uma firmeza rudimentar, de um quero posso e mando, em que um “Porque sim” ou “Sou o único capaz de indicar o caminho pois só eu detenho o conhecimento total sobre todo o cenário” são as respostas a todas e quaisquer questões pertinentes ou impertinentes. Esta é a forma de melhor instalar o “Não quero saber” ou “Não vale a pena” permitindo a tão desejada indiferença e desinteresse para com as decisões governativas. Perguntar para quê se a resposta é a cassete do costume?

O ponto final é o mais perigoso. Felizmente só pode ocorrer de 4 em 4 anos pelo que pode ser o foco total da atenção no último ano da garantia eleitoral, até porque obriga à anulação das medidas acima tomadas. Apesar de aparentemente antagónico, para evitar o ponto final, há que recuperar os níveis mínimos de pontos de exclamação e interrogação. A arte está em recuperar apenas aqueles que dão jeito! Para que então sejam ouvidos, compreendidos e aceites. Como efeitos colaterais podem surgir exclamações e interrogações relativas à escandalosa redescoberta da audição, compreensão e aceitação da voz do povo. A tentação para aplicar a receita, mais atrás prescrita, para a sua extinção será muito grande e deve ser evitada a todo o custo. A manutenção do virgular exige contenção nesta fase. Se tudo correr bem é evitado o ponto final e uma nova vírgula abre um novo e longo capítulo onde se pode respirar tranquilamente o renovado período de garantia governativa com a receita do costume.

No fundo, apesar dos cortes na área da Cultura, o nosso governo sabe que a boa vida é como a fusão de uma longa à la Manoel de Oliveira com um guião escrito ao estilo de José Saramago,

Oxford comma