Placebo
Placebo é um fármaco, tratamento ou procedimento cirúrgico dissimulado, inerte, sem principio activo. Trata todo o tipo enfermidade e baseia-se na reacção psicossomática dos pacientes. Pode de facto promover um efeito benéfico real e físico.
Não consultei nenhum simpósio terapêutico, não sei se a doença existe, mas suspeito que vivemos um surto de grave défice de cidadania. Eis as questões de teste e diagnóstico:
- Quem é que quer saber da venda da TAP quando há tanta e tão relevante informação em Évora?
- Quem quer saber do Orçamento de Estado para 2015 quando há teorias da conspiração para denunciar ou subscrever?
- Quem quer saber da reposição das subvenções vitalícias (não contributivas) quando há apostas a fazer sobre quem será o próximo a ser detido?
A resposta a qualquer uma das questões é: ninguém! Ninguém quer saber. Porquê? Bem, na verdade, é muito simples. É o efeito placebo. Mais uma teoria da conspiração? Negativo, é apenas o egoísmo colectivo a funcionar. Eis como:
Sem subscrever a teoria do bode expiatório, constato o reflexo da detenção preventiva nos Sistemas Límbicos dos telespectadores. Continuamos sem nada saber sobre a acusação, mas tal pouco importa. Cada um de nós tem a sua própria acusação! Eu, por exemplo, guardo com carinho um velho rancor. Remonta, imaginem, a 2011. Fatídico ano em que uma medida de excepção ao orçamento de estado desse ano me atribuiu um corte seis vezes superior ao previsto. Pequeno contratempo que está aliás na génese deste blog. É este abrangente e democrático critério que explica a euforia, a alegria que vivemos. É irrelevante a causa, cada qual escolhe a que quer. Importante é saber que há um castigo. Preventivo que seja, estamos perante a cura de muito descontentamento e revolta.
E os crentes, aqueles que acreditam na inocência do detido? Bom, para esses o placebo tem o mesmo efeito terapêutico, uma vez que toda a sua atenção está igualmente desviada. Ora testem lá as perguntas de diagnóstico novamente.
Posted on Novembro 26, 2014, in Ancora, Escárnio e mal-dizer, Ideias para o País, Mentalidade Tuga, Teorias da Conspiração, Visitas de Médico and tagged Cidadania, Democracia, Eleições, Humor, Justiça, Politica, Portugal, Revolução. Bookmark the permalink. 3 comentários.
Óbviamente, que todos os processos mediáticos tem contornos políticos, servem determinados propósitos; neste caso, precisamente, o de servir de biombo, para o lastimoso estado do país, e para diminuir, a vantagem que as empresas de sondagens, tem dado a Costa, havendo uma evidente colagem sugerida de Costa a Sócrates.
Um mau serviço à democracia e mais uma contribuição negativa para o reforço da nossa cidadania, infantilizando e bulindo com as inflamadas paixões políticas, em detrimento do raciocínio lógico e crítico, que certamente, penalizaria os sucessivos fracassos do GOV, que na sua boca, são sucessos para os vindoiros,alienando o facto de que nós e os nossos estômagos, vivem no presente.
Quem quer saber da incompetência dos altos magistrados do país se temos o futebol?
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