Marcas de segurança
O medo ganha poder, sendo usado não só para controlo comportamental da população como para exercer influência na alta esfera da geopolítica. Eu tive medo, muito, ao ouvir a recente declaração de António Guterres. Nela é feito um alerta aos países desenvolvidos de que caso não partilhem vacinas com os países em desenvolvimento estes se tornarão ameaçadoras incubadoras de mutações virais, inevitavelmente irão gerar um novo vírus, para os quais as vacinas podem ser potencialmente ineficazes, que rapidamente chegará aos países desenvolvidos para nova época de terror pandémico.
Este é um discurso de medo, usado como lobby por uma suposta boa causa, que rapidamente pode ser aplicado a todas as frentes, inclusive a relativa aos que ativamente não querem ser vacinados. Por agora o parlamento europeu defende a liberdade individual relativa a este tema. Mas se o nosso corpo passar a ser considerado como território perigoso, potencial incubador do próximo inimigo mortal da humanidade, negar a vacinação rapidamente poderá vir a ser considerado um ato de terrorismo biológico.
Esse fenómeno, de marcar como “os outros”, “os inimigos da sociedade”, já está em curso através de simbologia invertida. Enquanto que no passado foram usados símbolos para marcar os “impuros” agora é a “pureza” que é medida pelo uso de máscaras, de gel desinfetante e pela vacinação voluntária. Quem não usar um, ou todos, destes símbolos claramente não é “dos nossos”, sendo progressivamente visto como uma ameaça irresponsável à saúde coletiva.
Amedronto-me pois tenho presente que ao longo da história a nossa espécie sempre foi cruel e injusta para com aqueles que têm o infortúnio de ser rotulados de ameaça. É um caminho colectivo muito mais fácil do que por exemplo reflectir nos próprios hábitos e comportamentos individuais.
Ironicamente estão a criar-se condições para ostracizar aqueles que se informam ao ponto de contestar aspectos da ciência médica e a forma como tem sido feita a narrativa desta pandemia, que advogam um estilo de vida natural, consciente e preventivo, ao invés de se resignarem a uma entrega de bandeja nos abraços clínico-farmacêuticos.
Será um choque violento que sem dúvida irá definir a próxima era da nossa humanidade.
O facilmente projectável é que a progressão para uma desejada vacinação da totalidade da humanidade seja feita de forma pautada mas firme. A situação atingiu uma dimensão demasiado grande para reconhecimento de qualquer erro. Será quase inevitável a criação de um mundo de acesso restrito aos que ostentem a marca de segurança COVID Free. O desafio será conciliá-lo com um mundo paralelo, para os que ousem pensar e viver à margem da distopia pandémica. Não o garantir será criar o caos.
Posted on Fevereiro 24, 2021, in Ideias para o Mundo, Ideias para o País and tagged covid19, Liberdade, vacinas. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.
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