Melodia Carnavalesca
Os meninos do coro começaram por cancelar o Carnaval. Não podia, não devia, a finança não queria. Assim foi na letra, mas a musica é bem diferente. Nunca o Entrudo foi tão celebrado entre nós. Foi até antecipado. Tudo começou pelo lançamento do um livro sobre o quotidiano de um bobo durante a sua estadia na corte. Rigoletto que em português se diz Vítor, mas não Hugo, brindou a Pedro com uma melodia de fazer inveja a Verdi. Opera buffa, é certo, mas teve o seu lugar na agenda mediática. Surpresa, não se ouviu pateada. Dá que pensar.
Ao primeiro andamento, seguiu-se um triunfal cortejo de carnaval. Andante ma non troppo: Na falta de um sambódromo, decorreu na Rua das Portas de Santo Antão. Comovente na espontaneidade, nem pareceu coreografado. No coliseu, o comentador e homónimo de presidente do conselho sobe à tribuna. Enverga a camisola de candidato. É uma mascara que não resulta, está gasta, mas os comentados aplaudem a Serenata. Enfim, peripécias típicas de época. Eis que surge o grande líder, mascarado de primeiro violino. Já o bobo lhe reconhecera grandes qualidades cénicas para a condução da charanga no aquecimento, mas nada fazia prever o Adagio sostenuto: brindou a audiência com o anúncio do ousado regresso de sua eminência da equivalência, a imaculada consciência. Voltou, pleno de força anímica e muito samba no pé. Largo ou Grave? Não se ouve. O silêncio também conta. Ainda hoje não ardeu.
Presto: a escola de samba rival responde, anunciando o regresso do coelhinho da pascoa. Digam lá que não estamos sempre em festa? Prestissimo, alguém declama “Só este modo de comunicar em 101 tweets já é todo um programa”. Viral? Ninguém os viu. Será censura? Negativo, há liberdade de expressão.
Vivace: “Não pagamos!”. Fala quem pode, os demais nem piam. Pausa.
Rondó: O dueto para o consenso. Vem aí mais ajuda, pois claro! Adagio: Não obstante as divergências insanáveis entre irmãos, a maestria demonstra afecto. Brinda a orquestra com a sua performance. Toca a oitava sonata para piano do seu conterrâneo, Op. 13, a “Patetica”. Adagio cantabile: Apoiar-nos-á, seja qual for a decisão que sobre nós vier a tomar. Andantino: Após as eleições europeias, o baile de carnaval prosseguirá der Klang der Walzer.
Posted on Março 19, 2014, in Deriva and tagged Cidadania, Democracia, Economia, Eleições, Entrudo, Europa, Humor, Politica, Portugal. Bookmark the permalink. 2 comentários.
Parabéns! Excelente a ironia que expressa a desafinação total dos que nos desgovernam e dos mentecaptos afins (incluindo os que não o sendo afinam pelo mesmo diapasão)
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