A Cultura Geral morreu. Vivam os Cursos Técnicos Superiores profissionais de curta duração

Numa entrevista de emprego:

– A menina tem formação em que área?
– Em nada de especial mas em tudo no geral.
– Pode especificar?
– É difícil especificar mais do que isto, sabe. Tive um ano com uma componente geral muito forte e no segundo ano bastou-me aparecer na sala de aula para me encaminharem para este estágio na sua empresa”.

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Ainda na semana passada, os Politécnicos anunciaram que não estavam disponíveis para lecionar os cursos técnicos superiores profissionais. Hoje já podem e vão fazê-lo!

Ora, com os Cursos à Bolonhesa, a coisa já ficou pobre. Cursos de três anos não chegavam para adquirir as competências e conhecimentos inerentes a cada área. Passou a ser obrigatório juntar um Mestrado à Licenciatura (não é bem obrigatório, mas é). Tanto zum-zum em torno das Licenciaturas de três anos e a coisa acalmou com a dica da promoção da mobilidade e empregabilidade dos diplomados do ensino superior no espaço europeu.

Heis que surgem, menos de uma década depois, cursos de dois anos com o objectivo de dar formação no geral. Assim um lamiré da coisa. Mas conferem algum grau académico? Não! Antes chamavam-lhe cultura geral. A partir de hoje, chamam-lhe Curso Superior Profissional.

O objectivo é, e passo a citar o comunicado do Conselho de Ministros, “alargar e diversificar o espetro da oferta do ensino superior em Portugal e, por essa via, aumentar o número de cidadãos com qualificações superiores necessárias ao país”. Boa, vamos lá consolidar o nosso 4.º lugar na UE com a maior taxa de desemprego jovem.

A boa notícia é que, como estes mini-cursos terminam com um estágio, os anúncios de estágios curriculares vão começar a desaparecer. Na verdade, são o par perfeito.

About Tânia Vieira

Saber sobre mim depende de quem está com a boca na botija. Depende do que se viveu em conjunto. Depende do que se partilhou. Depende do que se riu. Depende dos disparates que se fizeram. Fazer disparates é bom. Mantém-nos reais. Falo no passado porque é essa a variável. Quem ficou, não é varia. E esses sim, podem falar sem critérios.

Posted on Março 18, 2014, in Ideias para o País. Bookmark the permalink. 1 Comentário.

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