Não me demito. Câmbio.
15 de Outubro o pior dia de incêndios do ano. Mesmo depois de tudo o que se passou no Verão parece que é possível piorar. Como? Talvez o período de campanha para as autárquicas tenha toldado o discernimento de todos invertendo-se as prioridades nas preocupações, mesmo contra indicações de especialistas que alertaram para o facto das condições climatéricas abrasadoras deverem obrigar à manutenção de um estado de prontidão e alerta máximo. O foco autárquico na manutenção das privadas Repúblicas das Bananas poderá ter tido influência na proliferação de remodeladas Repúblicas das Bananas Assadas.
Parece-me que aos decisores é um pouco indiferente a transição entre Charlie, Delta, Bravo, Alfa, Echo. O que realmente lhes é importante é o Câmbio, termo no qual se especializaram para colocar pontos finais nas conversas. Tragédia? Câmbio em transtorno. Testemunhos no terreno? Câmbio em afirmações a quente de pessoas em estado de choque ou com stress pós-traumático. Perdas humanas e materiais? Câmbio em fundos de donativos estruturais. Prevenção? Câmbio em inevitabilidade. Responsabilidade? Câmbio em inimputabilidade.
Agora consultam-se especialistas para estudar o que correu mal ao invés de serem previamente chamados a dar o seu devido contributo no planeamento e fiscalização periódica do estado de prontidão do sistema. Finalmente temos conclusões, com indiciação de culpas a nível autárquico e de organismos envolvidos na protecção civil, pelo que aguardemos a chuva de demissões voluntárias ou coercivas. Não acontecendo só pode ser macacada o que até faria sentido pois macacos gostam de banana, mesmo que esturricada.
Câmbio
Posted on Outubro 16, 2017, in Deriva, Escárnio e mal-dizer, Ideias para o País, Mentalidade Tuga and tagged Demissão, Incêndios. Bookmark the permalink. 2 comentários.
Será que tanto fogo posto não é obra de uma organização de terroristas avençados? Por que me parece haver uma estratégia bem definida de molde a espalhar os recursos de ataque ao fogo ou tornar inoperativos os meios aéreos (ao atear fogos à noite). E só espero que a justiça aplique penas bem pesadas a estes terroristas.
Poderá ser possível. Terroristas internos com interesses político-económicos? Terroristas externos? Seja como fôr a dimensão dos danos só é possível devido à exploração da nossa própria incúria em matéria de gestão florestal. Infelizmente não há nada a fazer que possa atenuar a dimensão das perdas. Que ao menos tenhamos a capacidade de nos regenerar com melhor saber.