C.E.P – 2013
A pedido da tripulação, estou de quarto à ponte. Prestes a entrar no novo ano reflicto sobre a rota percorrida ao longo dos últimos 12 meses. Verifico que a estabilidade é total! Prevalece o faz-de-conta. A Nau não tem estai nem mezena, deriva empurrada pela borrasca. Os arautos da verdade de outrora, são hoje os pantomineiros de serviço. Estão ao Leme com um desígnio: salvar o possível do status quo. Não são marinheiros, nem tão pouco líderes, são pastores. Conduzem o rebanho em círculos, para chegar a lado nenhum. Mas há propósito. Não podíamos, não queiramos ser os carrascos do Euro. Não fomos, nem seremos. Se morrer a culpa não será nossa. Cumprimos, sem cumprir, mas já não vivemos acima das possibilidades. Amem.
Honra a quem contribuiu. Nenhum voluntário é certo, mas ninguém passou por Tancos. Talvez por isso não seja relatado nenhum milagre na recruta. Somos o C.E.P – o Corpo Expiatório Português. Não fomos para as trincheiras da Flandres, mas é de lá que vêm as ordens. A guerra mudou, é mais civilizada, é económica. Os pergaminhos castrenses são contudo observados com rigor germânico. Erich von Ludendorff é amiúde citado. Eis-nos novamente confrontados com este General. A doutrina é simples: Der Totale Krieg! A paz é apenas o breve período entre as guerras.
A nós, Milhais que valemos por milhões, não está reservado nenhum premio nem louvor. Continuaremos pobres, mas ricos de espírito. Tal como há quase um século, a gloria será de outros, cabe-nos de novo a sapa. Felizmente que ainda ninguém nos metralhou por desobediência.
Assim foi 2013, fomos o C.E.P. do século XXI.
Posted on Dezembro 31, 2013, in Ideias para o País, Mentalidade Tuga and tagged Cidadania, Democracia, Economia, Humor, Impostos, Pensões Reforma, Politica, Portugal. Bookmark the permalink. 4 comentários.
É isso mesmo! Damos o corpo ao manifesto, sofremos as passas do Algarve e os outros é que são os heróis, os melhores do mundo e arredores…
“Felizmente que ainda ninguém nos metralhou por desobediência.” não com balas reais mas sofremos, e bem, as dores causadas por elas…
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Eu diria que apesar de não serem marinheiros, ha um que de certeza esteve de boné de marujo (ou chapeu de policia HSM) na noite de fim de ano, por uma qualquer festa bem gay e carregada de coca aos pulinhos de contente. Digamos que em vez de marinheiro esse pode ser só vice-marinheiro.