Qui? Moi?
O Cour de Justice de la République – CJR, é um tribunal especial da república francesa sem congénere nacional, uma vez que apenas avalia a conduta dos ministros da república. É portanto um tribunal de governantes, que julga os casos de má conduta durante o exercício de funções. Uma nobre função, uma organização de grande importância para o regular funcionamento das instituições, mas cuja existência se deve cingir a nações com orçamentos desafogados, ou que (pelo menos) os juros da dívida soberana não façam parte das rotinas noticiosas.
Hoje que falta uma dúzia de dias para acabar o ano, o CJR condenou a actual Directora-Geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, por negligência enquanto exerceu funções como ministra da economia da república francesa. O caso envolve um polémico empresário, um fabricante de calçado alemão e um banco francês. O empresário, ele próprio ex-ministro das cidades de França no tempo do malogrado ami Mitterrand, Bernard Tapie é uma espécie de José Sócrates gaulês, mas à devida proporção. Durante uma década, esteve em todas. Dessa feita, à época falido, vendeu a sua participação na Adidas ao banco francês Crédit Lyonnais, que por curiosa coincidência também faliu. Esta venda, culminou em litígio entre o vendedor e o comprador. O desfecho desta disputa foi favorável ao empresário e foi precisamente por não ter recorrido desta decisão que Lagarde foi hoje condenada por negligência. Qual a pena? Nenhuma! É por isso que prescindimos deste tipo de tribunal especial. Seria um custo incomportável para uma função inconsequente.
Posted on Dezembro 19, 2016, in Escárnio e mal-dizer, Mentalidade Tuga and tagged Europa, Humor, Justiça, Politica, Portugal. Bookmark the permalink. 2 comentários.
O CJR não será um “brinquedo” para ex-ministros ociosos. Proponham o passos para ele fazer alguma coisa de útil na vida!
Internacionalização do FMI