As 50 Sombras de Grey
Visualizadas as entrevistas recentes é surpreendente, mesmo impressionante, a forma com que Pedro Passos Coelho surge a enfrentar as questões que lhe são colocadas. Com um vigor, discurso e postura transmissores de uma certeza e confiança apenas capazes de ser desmontadas por quem esteja devidamente informado e preparado. O que tendo em conta o perfil do nosso eleitorado se traduz num risco real de reeleição!
Numa analogia rápida e contemporânea Passos Coelho está para Mr. Grey como o eleitorado está para Mrs Robison. Este último desconfia que o primeiro aplique métodos não ortodoxos, até dolorosos, para atingir a felicidade e apesar de todas as evidências sucumbe ao seu encanto e carisma, assumindo o risco de um ou outro excessso.
Também recentemente tivemos um Paulo Portas muito humilde e agradecido por nele acreditarem, satisfeito com o seu trabalho de bastidores que potenciou a economia portuguesa e definiu limites aos caprichos de Mr. Grey. Paulo Portas foi de certo modo a safeword mais eficaz que quaisquer greves, manifestações ou alarido em redes sociais.
E mesmo, mesmo, fresquinho o nosso PR também entrou ao barulho sendo que neste caso, como se fosse possível outro papel, Cavaco Silva foi o conservador defensor os bons costumes da posição do missionário que tanto prazer lhe deu no passado.
António Costa por sua vez está claramente numa fase de definição e preparação da estratégia e discursos a assumir tendo perdido muito do fulgor de outrora. O António Costa de hoje é capaz de não ser suficiente para abalar a coligação, até porque pertence a uma força política que também tem alguns pés de barro que lhe dificultam o firmamento.
Todos cumprem o papel esperado neste posicionamento na pista de tartan, excepto Cavaco Silva. Que ao invés de apontar baterias à abstenção, galvanizando os portugueses para exercer o seu voto em consciência e liberdade democrática, decide condicionar o jogo à partida, reduzindo os concorrentes aos do costume, fazendo figas para que um deles consiga uma maioria absoluta ou em último caso para que ambos os três formem a tão desejada coesão nacional. A mim parece-me um contra-senso tendo em conta que a democracia servirá exactamente para acabar com toda e qualquer forma de absolutismo.
Em breve entraremos todos na silly season para depois sermos chamados à definição do rumo que queremos dar ao nosso Portugal. A escolha não vai ser fácil, existirão muitos logros e cortinas de fumo que impedirão o conhecer de certas vias. Espero no final ter a coragem e discernimento para ser um mexilhão livre ao invés de uma Mrs. Robison agrilhoada.
Posted on Julho 23, 2015, in Clássicos do Cinema, Ideias para o País and tagged Eleições, Humor, Politica, Portugal. Bookmark the permalink. 1 Comentário.
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