Espinhas do Ofício
Outorgada a procuração, implementada a equidade geométrica, eis-nos numa nova era da actividade piscatória. Solene e simbólica é uma revolução tecnológica! Mais uma infalível medida da economia planificada, centralizada e formal. Demonstra a sapiência do almirantado. É o liberalismo progressista. O trabalho é um privilégio, logo, nada de ideias ou iniciativas. O armador, coitado, nada pode, por isso nada faz. Conformidade, ora aí está. É assim, porque sim. Alguém pensou em tudo, e se não pensou, azar. Novidade? Surpresa? Nem por isso. A mesma cobardia na rota, o mesmo despropósito do rumo. Mas também, que sabe um pescador de navegação? Nada!…
Assim seja. Trocamos as ilusões fantasiosas do “sol na eira e chuva no nabal” pelo pragmatismo da expressão “Prego que se destaca é martelado”. Sinal dos tempos, a sabedoria popular portuguesa deu lugar à milenar perspicácia chinesa. Haja coragem, haja liderança. Benzido o navio, arranca a campanha. Esperamos Milhões de quintais de peixe salgado e acamado nos porões. A competitiva actividade piscatória assim o exige. Meios? Ferramentas? O isco é pouco, mas há quanto baste. O navio é novo em folha, pouco mais de 10 anos, as máquinas impecáveis, raramente avariam. Por outro lado, poucos navios se aventuram por estas águas, pelos bancos da terra velha. No Rancho, nada de confortos que promovam o ócio, até porque o pescado abunda! Tanto bacalhau à deriva, algum cá virá parar. Basta empatar anzol e lançar o trol. Os meios são escassos, mas os homens são duros: O primeira linha recebe um tronco de eucalipto e um oleado para com eles engendrar uma vela para o seu Dóri. E um par de Remos? Ele não precisa dessa despropositada ferramenta. Os bons ventos o trarão de volta ao navio-mãe. Ou não…
Posted on Abril 1, 2015, in Ancora and tagged Eucalipto, Humor, Internet, Justiça, Mar, Trabalho. Bookmark the permalink. 1 Comentário.
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