Buraco no Resbordo!
Num mar de águas agitadas o inevitável naufrágio está a meio do seu percurso enquanto alguns…
Avisados de que não terão salvação insistem em permanecer a bordo, alegando que devem gozar a viagem de sonho até ao último minuto, até porque não foram eles que custearam a alucinante aventura.
É certo que nas leis que regem as artes de marear, o comandante deve ser o último a abandonar a embarcação e este tenta desesperadamente manter-se agarrado ao leme, já com as mãos trémulas.
Sabe pois, que contrariamente ao que aconteceria numa situação real, ele permanecerá com a cabeça á tona da água, expedito em nadar por entre as correntes, ora mergulhando mantendo-se quase imperceptível quando a conveniência do silêncio lhe é favorável, ora surgindo por breves momentos para encher os pulmões de ar aproveitando para apregoar a sua inolvidável sabedoria, enquanto vislumbra os outros a ficarem sem folego e á beira de um afogamento inevitável.
Assemelhando-se a um filho pródigo, o seu benjamim sempre agarrado a sua mão já trémula, vai dizendo que se tranquilize pois ele mesmo evitará a catástrofe, enquanto com a outra tenta irremediavelmente agarrar as calças que já desnudaram os glúteos, suportando aqueles que tentam desesperadamente um último folego antes de serem engolidos, para o fundo negro do oceano.
Vendo ao longe os seus imediatos nadando calmamente sustentado á superfície, como se dum acto heroico se tratasse, as missivas demissionárias, garantindo o alcance não só da boia salvadora mas as embarcações onde a continuidade de progressão na carreira será garantida, almejando já a promoção imediata para postos menos sujeitos a serem achincalhados pelos que apresentam já uma calvície pronunciada provocada pelos sucessivos cortes.
Os acontecimentos dão-se muito perto da costa, por isso começaram já a avistar-se as aves de rapina famintas de mais um repasto, que passarão não tarde a criar lesões físicas, já que as psicológicas já se faziam sentir desde a entrada das primeiras águas pelo resbordo.
Lá se encontram igualmente os “experts” na matéria, esgrimindo opiniões sobre quem terá aberto o rombo na casco, opinando sobre a metodologia utilizada, tentando fazer prevalecer cada um deles a sua teoria, fazendo futurologia sobre os próximos acontecimentos.
A sustentabilidade das embarcações, há muito que é abrilhantada com casco duplo, mas por cá embora com uma incontornável história naval, a filosofia do “deixem-nos trabalhar” não permitiu olhar para o lado e aprender as novas técnicas.
Essas sim, de importância capital.
Posted on Julho 3, 2013, in Geração "à rasca", Mentalidade Tuga, Teorias da Conspiração and tagged Politica, Portugal. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.
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