Author Archives: Tânia Vieira

Vai ficar tudo bem.

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Vai ficar tudo bem. Todos prometem não aumentar mais os impostos.

Vai ficar tudo bem. Todos prometem não haver mais despedimentos na função pública.

Vai ficar tudo bem. Todos prometem reduzir na despesa pública.

Vai ficar tudo bem. Todos prometem aumentar o salário mínimo.

Vai ficar tudo bem. Todos prometem o crescimento da Economia.

 

Vai ficar tudo bem. Só nos faltam políticos honestos. Alto e parou o baile!

Tachada inqualificavelmente típica

tacho  (origem obscura)

substantivo masculino

Utensílio de cozinha, geralmente metálico, pouco fundo e com asas, usado para cozinhar ao lume.

[Informal]  Emprego rendoso; colocação que dá regalias e bom salário. = CONEZIA, MAMA, PREBENDA, SINECURA, TETA,

“tacho”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Hoje é dia de dar largas à imaginação na cozinha. Decidi fazer uma pratada tradicional portuguesa como uma boa desculpa para juntar 10 milhões de pessoas à mesa e servir um tacho.

Ingredientes:

  • 1 Cebola grande
  • 2 Tomates maduros
  • 4 Dentes de alho
  • 1 Batata média;
  • 2 Molhos de espigos
  • 2 Colheres de sopa de mostarda
  • 1 Coelho
  • 1 Cravinho
  • 1 Copo de vinho tinto

Preparação:

  • Picar a cebola bem picadinha até estar em prantos;
  • Cobrir de azeite o fundo de um tacho (com tampa), juntar a cebola picada e deixar refogar;
  • Não cortar os tomates. Guardá-los para uma próxima manifestação em frente à Assembleia. Podem vir a ser úteis;
  • Usar o alho para afugentar os maus espíritos;
  • Lavar bem os espigos e cortá-los em pedaços;
  • Juntar os espigos, envolver bem e deixar suar;
  • Colocar a batata em água a ferver. Quando estiver quente… passar ao próximo;
  • Cortar o putativo líder em pedaços pequenos e adicionar mostarda até lhe subir ao nariz;
  • Deixar cozinhar 4 anos com tampa em lume médio.
    tacho

Et voilá! Sirva um prato inqualificavelmente típico, cheio de portugalidade. Sirva com um cravinho de 40 anos e um copo de vinho de tinto.

 

Pagar impostos é coisa de pobre

Fugir ao fisco é fácil em Portugal. Não é é para todos. Este País não é para pobres nem honestos. Não! Seus palermas! Badamecos! Pés descalços! Andam para aí a contar tostões. Este mês ainda agora começou e já choram com o IMI. Andam a poupar tostão a tostão para depois pagarem o IMI, seguros do carro e da casa e o IUC. Sabem o que fazem os ricos? E sem esforço? Vão de férias. Vão produzir mais pequenos fidalgos. Garantir a proliferação da linhagem.

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Esses, com pasta a sério, estão isentos de um rol de taxas, supostamente porque, e só se, são criadores de emprego. Mas, há sempre um mas, contratar mais pessoas, é uma medida de último recurso para os capitalistas. Ora, apelidá-los de “criadores de emprego” é muito mais do que ser incorrecto. É desonesto.
Quando esta realeza é beneficiada em nome da criação de postos de trabalho, o que acontece é simples. Os ricos ficam mais ricos.
Ora vejamos, se realmente os impostos mais baixos e mais riqueza para os ricos significassem criação de emprego, estaríamos assoberbados de empregos. Estaríamos aos berros a pedir ao resto dos cidadãos europeus que viessem para este país trabalhar em vez de mandar os nossos embora.

Querem tirar o Passos Coelho da cadeira mágica que dá poder pelo rabo acima, querem? E quem é que querem lá meter em troca? O outro? Sentem-se mais seguros com ele é? Ou ainda o outro que não sabe se fica, não sabe se sai mas cola-se sempre a quem está? Não é tudo a mesma coisa? Mais do mesmo? Sai um, entra outro e muda os métodos todos mas a eficácia é a mesma nulidade. Ricos mais ricos e pobres mais pobres. Já viram algum desses partidos com setas viris tiradas do PowerPoint, punhos de rosas ou duas setas opostas que apontam para o mesmo centro (a tal cadeira que dá poder pelo rabo acima) acabar com a corrupção? Algum deles acabou com as leis de isenção fiscal? Algum deles prendeu ou denunciou o rombo no BPN?
Os palermas são vocês e eu. Cambada de atrasos de vida. Nós no fundo até desconfiamos. Lá mesmo no fundo dos fundos dos confins. E o que fazemos? Cruzamos os braços ou mandamos uma gargalhada. Nós gostamos é de sonhar com luxos.

Lista de mentiras que seriam um mimo se fossem verdade:

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  1. Cavaco Silva lembra-se que é Presidente da República.
  2. Passos Coelho é preso por roubar velhinhos.
  3. O Sócrates agrafou a boca.
  4. Paulo Portas assume irrevogável homossexualidade.
  5. Assunção Esteves esconde-se.
  6. Miguel Relvas vai à Universidade.
  7. O desertor, Durão Barroso, não é candidato às Presidenciais.
  8. O Governo já começou a tomar medidas para prevenir os fogos florestais.
  9. O Mundial do Brasil vai correr bem. Sem assaltos nem mortes.
  10. Os estágios não remunerados foram abolidos.
  11. Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting, decide internar-se.
  12. Gente trajada ganha tin-tins e decide falar.
  13. O Michael Jackson está vivo.
  14. O filme “Sei Lá”, baseado no livro de Margarida Rebelo Pinto, com o mesmo título sai do cinema antes de estrear.
  15. A Primavera perde a vergonha.

A Cultura Geral morreu. Vivam os Cursos Técnicos Superiores profissionais de curta duração

Numa entrevista de emprego:

– A menina tem formação em que área?
– Em nada de especial mas em tudo no geral.
– Pode especificar?
– É difícil especificar mais do que isto, sabe. Tive um ano com uma componente geral muito forte e no segundo ano bastou-me aparecer na sala de aula para me encaminharem para este estágio na sua empresa”.

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Ainda na semana passada, os Politécnicos anunciaram que não estavam disponíveis para lecionar os cursos técnicos superiores profissionais. Hoje já podem e vão fazê-lo!

Ora, com os Cursos à Bolonhesa, a coisa já ficou pobre. Cursos de três anos não chegavam para adquirir as competências e conhecimentos inerentes a cada área. Passou a ser obrigatório juntar um Mestrado à Licenciatura (não é bem obrigatório, mas é). Tanto zum-zum em torno das Licenciaturas de três anos e a coisa acalmou com a dica da promoção da mobilidade e empregabilidade dos diplomados do ensino superior no espaço europeu.

Heis que surgem, menos de uma década depois, cursos de dois anos com o objectivo de dar formação no geral. Assim um lamiré da coisa. Mas conferem algum grau académico? Não! Antes chamavam-lhe cultura geral. A partir de hoje, chamam-lhe Curso Superior Profissional.

O objectivo é, e passo a citar o comunicado do Conselho de Ministros, “alargar e diversificar o espetro da oferta do ensino superior em Portugal e, por essa via, aumentar o número de cidadãos com qualificações superiores necessárias ao país”. Boa, vamos lá consolidar o nosso 4.º lugar na UE com a maior taxa de desemprego jovem.

A boa notícia é que, como estes mini-cursos terminam com um estágio, os anúncios de estágios curriculares vão começar a desaparecer. Na verdade, são o par perfeito.

PJ e o seu novo brinquedo

Como grande apreciadora da vida e conduta policial, vibro com novidades fresquinhas sobre os Sô’s Agentes da Autoridade que de autoritários têm muito e de respeitáveis pouco se lhes advinha.

80 mil metros quadrados. Um heliodromo que garatem não vai ficar parado. Tecnologia de ponta. A NASA foi eleita como exemplo tecnológico (os computadores que aqui temos são é Toshiba’s dos anos 90). Advinha-se uma Policia Judiciária discípula de um FBI. Os agentes, de bigodes fartos e barrigas de cevada são os mesmos. As munições são novas e até brilham mas os gatilhos estão engatados. Não há problema. Resolve-se com o cacetete. Resolve-se? Depende. Os populares, aqueles que lhe tão caridosamente lhes oferecem o corpinho ao manifesto à porta da Assembleia da República, esses sim. Vão sentir o poder da nova Sede da PJ. Pumba, pumba, toma lá que já almoçaste. Ai subiste um degrau? Não podes! Pumba! Ai puseste um jornal a arder? Pumba! Que é para aprenderes a reciclar. Ai arrancaste um caixote do lixo? Pumba, pumba, pumba, pumba e pumba e pumba e pumba. Foram mais pumbas porque vieram mais três colegas de profissão ajudar ao pumba, pumba. (“Colegas de profissão” – percebem?)

Mas, atenção ao mas. Mas se forem colegas que se manifestam em frente à Assembleia da República, tenham calma. Vamos dar os braços e fazer um cordão. Somos todos amigos. As armas não funcionam de qualquer das formas e os cacetetes ficaram na esquadra. Isto é uma manifestação que não pode correr mal.

Voltanto ao espectacular edifício da nova Sede da PJ. É lindo. Não é propriamente um edifício verde. Daqueles com preocupações ambientais e tal. Temos Sol 250 dias por ano mas não há cá paneis solares nem coisa que o valha. 80 mil metros quadrados. Uau. Estou de boca aberta com tanto espaço. Compraram baralhos de cartas para toda a gente?

Sede PJ

Segundo a Agenda Cultural de Lisboa, “(…) Houve a preocupação de criar uma fachada principal que se integrasse na zona envolvente […] de modo a minimizar o impacto da sua presença (…)”. É verdade! Mal se dá pelo edifício. É como o policiamento das ruas. Também mal se dá por eles. Eles estão lá. Estão é ocupados com outras coisas. Não os perturbem.