A Ordenha Postal
Depois do alvoroço por encerramento de agências bancárias no ano passado, o novo ano começa com alvoroço pelo encerramento de postos dos correios em várias localidades. O motivo é igual em ambos os casos, o ratio de rentabilidade, a optimização da rede.
A vida começa a ficar complicada para aqueles que vivem em localidades não rentáveis, sem apetência ou aptidão para abraçar as maravilhas das tecnologias digitais. Parece que o estar online é a nova competência exigida a todos os cidadãos. Cabendo-lhe o ónus financeiro da sua formação, contratação dos serviços e aquisição dos equipamentos tecnológicos que lhe permitam ajustar-se à nova normalidade.
Ainda pensei que fosse um sinal dos tempos, o impacto do digital no envio de correio físico, só que ao dar uma vista de olhos na actividade operacional a coisa não é tão evidente. Há uma baixa progressiva dos serviços de pagamento e dos envios de cariz publicitário ou de comunicação empresarial, no entanto o volume de correio expresso e de encomendas até cresceu. Ao mesmo tempo continuam consolidadas as subscrições de poupanças e seguros tendo ainda o ano passado sido lançado um novo serviço bancário que pode crescer muito, alicerçado na relação de proximidade com a população.
Em termos de futuro cada vez trocaremos menos cartas físicas mas faremos muito mais compras online, será uma questão de saber gerir a transição não permitindo que outros players se apropriem da distribuição de encomendas. Em termos publicitários o físico terá sempre um papel importante, todos aprenderão a configurar filtros anti-spam em e-mail e notificações de telemóvel, pelo que não reduzirá além de um certo ponto.
Posto isto, apesar da necessidade de ajustamento, seria assim tão crítico dar no imediato este sinal de retracção de uma das mais míticas redes nacionais, neste momento uma âncora essencial à população mais idosa e/ou com iliteracia digital?
Deparei-me então com este artigo de opinião e seus comentários através dos quais percebo que provavelmente a culpa de tudo isto é a árdua dedicação necessária para cumprir a difícil entrega de uma encomenda privada, muito especial, o leitinho que tem de chegar ainda fresco ao Sr. Accionista.
Posted on Janeiro 8, 2018, in Escárnio e mal-dizer and tagged Correios, CTT, Privatizações. Bookmark the permalink. 1 Comentário.
Mais uma das magnificas decisões do governo anterior = o que dá lucro é para dar aos privados, o que acontece depois ao país é assunto absolutamente irrelevante. Já agora para onde foi o dinheiro da venda dos CTT e de todas as outras privatizações?