A vanglória de governar – Ano 1
Por estes dias tem-se celebrado efusivamente o primeiro aniversário deste inédito formato de governação. Por um lado uma enorme felicidade pela robustez da geringonça, que atravessou calmamente o seu primeiro ano de vida, pelo outro uma enorme satisfação para com os resultados obtidos, após apenas um ano de exercício de poder! São estas as bandeiras içadas que ilustram o sucesso do novo rumo de Portugal:
- Sólido desempenho das contas públicas com previsão do défice mais baixo de sempre;
- Crescimento económico recorde na zona euro;
- Aumento de 6% do investimento empresarial;
- Aumento de 6,6% da exportação de bens;
- Mais baixa taxa de desemprego desde 2011;
Mais uma vez, sem pudor, existe uma transformação do impacto de factores externos imprevisíveis em acções de mérito próprio, bem como a apropriação de todos os louros que conduziram a este cenário.
Parece-me assim pertinente relembrar que o primeiro ministro António Costa foi nomeado em fim de Novembro de 2015, ao que se terá seguido um período de transição de pastas e de alinhamento operacional com parceiros de esquerda, que o orçamento de 2016 só obteve aprovação em Março de 2016, tendo iniciado a sua execução em Abril. Isto quer dizer que decorridos praticamente 6 meses de uma governação em marcha, existe já um vangloriar de resultados obtidos. Como se políticas de médio a longo prazo produzissem resultados imediatos em tão curto-prazo.
Quanto a economia e emprego o turismo reforça o seu peso. Dever-se-á a acção governamental? Ou deveremos antes agradecer aqueles que espalham terror noutros destinos? Ou aqueles que apesar da política de cortes decidiram reforçar a promoção do turismo em Portugal? E se é o turismo encarado como um pilar da economia porque se age de forma tão leviana em matérias que podem colocar em perigo a exploração desse filão?
Será o estupendo aumento de exportações também o resultado instantâneo de acção governamental? Ou resulta da execução nos últimos anos de programas de promoção de produtos e serviços de Portugal em feiras internacionais?
Do que me recordo este governo apostou na restituição de rendimento aos portugueses, confiante que isso se traduziria num aumento do consumo interno. Ainda não é claro se o objectivo está a ser atingido, nem qual o seu impacto nas contas finais, sendo sim evidente que existe um aumento significativo dos níveis de crédito ao consumo. Ora esta não era uma das situações preocupantes verificadas quando rebentou a actual crise?
Finalizando é absolutamente inegável que esta gerigonça tomou muitas medidas que arrepiam caminho em relação ao traçado pela anterior governação, tal como é inegável que algumas das estratégias passadas permitem neste momento colher alguns frutos. O facto deste governo estar em funções na fase da colheita, surgindo na fotografia com os bons frutos resultantes, não deveria dar-lhe o direito de assumir todo o mérito de produção pois o seu cultivo, semeio e criação, couberam a outros cuja recompensa foi a destituição do seu cargo por uma união de esquerda descrente nos resultados de que hoje se apropriam.
Desejo sinceramente que, para o bem de Portugal, no próximo ano existam muitos motivos para que este governo se vanglorie com maior legitimidade sobre os resultados obtidos no culminar de uma temporada inteiramente preparada e executada por si. Até lá mais trabalho e menos basófia por favor.
Posted on Dezembro 5, 2016, in Mentalidade Tuga. Bookmark the permalink. 2 comentários.
Nem com esteróides…
Republicou isto em Cenas que eu curto.