Bovinos Alados
A Nação comemora hoje o seu octingentésimo trigésimo sétimo aniversário, graça da bula “Manifestis Probatum” e de quem a outorgou, o Papa Alexandre III. Parabéns a nós, os portugueses, pitorescos habitantes do Sudoeste Europeu. A festa será rija, especialmente agora que já não há impossíveis! Entre nós, até as vacas tem asas! Eis o símbolo da mudança, do optimismo crónico e por vezes irritante. Na verdade já todos sabíamos que muitas eram sagradas, mas que afinal têm asas é algo absolutamente novo. A tantos outros predicados e virtudes para a atrair turistas, juntam-se agora as maravilhosas imagens das manadas aladas, voando ao por do sol, quais gaivotas leiteiras. Afogar-se-ão ao amarar?
Sem Minotauros, Sereias ou Centauros a mitologia lusitana tem tido no Adamastor a sua personagem central. Ora a pretexto do défice, ora a pretexto dos mercados, é diariamente recordado! O desastre que sempre espreita, a inevitável consequência da soberania hipotecada à obra feita para inglês ver e português votar. Tanto betão, tanto alcatrão que hoje aguarda por utilizador-pagador que lhe dê propósito.
Entre nós basta apresentar uma causa para que todo o efeito se justifique. Assim foi, assim é, manda quem pode, obedece quem deve, pois claro! E a coragem de outrora? A motivação, o ânimo, por onde andam? Adormecidos pelo quotidiano, adiados entre prestações das coisas, úteis ou supérfluas que comprámos. Cada qual no seu bote, ruma ao Cabo das Tormentas, encolhe os ombros e pensa: Paciência, para o mês que vem é que vai ser. Por vezes é…
Posted on Maio 23, 2016, in Escárnio e mal-dizer, Mentalidade Tuga. Bookmark the permalink. 1 Comentário.
“Por vezes é…”; esperemos que assim seja e façamos por isso!