Apocalipse Eucalíptico

Finalmente este FDS tivemos mais um pouco de chuva que se veja, tem sido um Inverno demasiado seco, chateia um pouco mas é a melancolia causada pelo frio encharcado do Outono-Inverno que torna tão calorosa a nossa Primavera-Verão. É ao olhar o horizonte raiado a água que entristeço, não com a chuva, mas com o facto de 80% do verde da paisagem serem eucaliptos.

Esta conquista dos nossos solos ocorreu a uma velocidade vertiginosa sendo desolável que, de Norte a Sul, grandes áreas florestais de espécies autóctones tenham dado lugar a eucaliptos, resultando numa total descaracterização regional que só contribui para o enfraquecimento da nossa percepção de identidade nacional. Sou de uma geração que nos anos 80 era passeada pelos pais em viagens de longa duração pelas nacionais embrenhadas no nosso território. A paisagem era marcada pelas distintas copas das árvores típicas de cada região que, imponentes, ladeavam e sombreavam a estrada. Havia um fascínio e orgulho naquela beleza natural que era a nossa. Hoje são raras as bolsas que mantiveram intacta esta beleza e atmosfera, sentindo-se agora um certo incómodo por esta presença invasora que padronizou muito do território nacional.

O Eucalipto é uma espécie lesiva para a nossa fauna e flora, um vampiro todos os recursos do solo onde se instala. Quando ocorreu o boom de crescimento terá tido o seu ratio económico sendo agora necessário reavaliar o seu impacto a todos os níveis, num cenário de alterações climáticas em curso. O território precisa de se preparar para as mudanças climatéricas que se avizinham, as técnicas e conhecimento sofisticaram-se, existindo muita margem para explorar economicamente as espécies naturais que compõem a nossa floresta (inclusive com o aumento do turismo de Natureza).

Fico contente com o primeiro passo recente de travar a proliferação de Eucaliptos, aguardo com ansiedade o próximo passo, o de diminuir drasticamente a sua taxa de ocupação do território e o recuperar de milhares de hectares perdidos de área florestal compensando também os custos associados ao progresso.

Esta é uma revolução basilar para recuperarmos o fascínio sobre as nossas regiões e caminharmos de encontro ao máximo potencial da economia verde.

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About Nuno Faria

Nascido em 1977, informático por formação, vegano por convicção, permacultor por transformação. Desde cedo que observo e escuto atentamente, remoo pensamento até por fim verbalizar a minha opinião e entendimento, integrando o que faz sentido do que é argumentado por quem de mim discorda. Não sei como aconteceu mas quando dei por mim escrevia sobre temas polémicos, tentando encontrar e percorrer o tão difícil caminho do meio, procurando fomentar o pensamento crítico, o livre-arbítrio e a abertura de coração e consciência. Partilho o que ressoa procurando encorajar e propagar a transmissão de informação pertinente e valores construtivos e compassivos.

Posted on Fevereiro 13, 2017, in Ideias para o País and tagged , . Bookmark the permalink. Deixe um comentário.

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