Taxi Driver
Cientes que a cidade de Lisboa seria hoje alvo de repérage para um eventual remake do original de Martin Scorsese, os taxistas da capital apostaram numa mega manifestação contra a concorrência desleal. Compreende-se, quatro décadas depois, a nova versão do filme poderia vir a chamar-se Uber Driver. É a revolução tecnológica pois então. O original, Taxi Driver, relata-nos a história de um jovem indignado com o mundo que o rodeia, manietado por licenciamentos e obrigações várias, revolta-se contra a libertinagem em geral e a pouca vergonha em particular. Na verdade perde as estribeiras e descamba. A intenção inicial, virtuosa que fosse, resvala para o disparate. Perde a empatia de todos, mesmo daqueles que com a sua causa poderiam concordar.
Hoje por cá, talvez procurando atrair os produtores da nova versão deste clássico do cinema, os donos dos táxis e das respectivas (caríssimas!) licenças promoveram aquilo que chamaram uma Manifestação de Taxistas. Alguma imprensa chamou-lhe “greve dos táxis”, o que é estranho, pois os condutores ou são empresários, pelo que o conceito de greve não se aplica, ou são funcionários e como tal estão a trabalhar no protesto, sem prémio de desempenho. Na verdade é uma acção de protesto, uma demonstração de força. Contudo, o bloqueio da cidade dificilmente atrairá simpatia dos habitantes, leia-se, potenciais clientes. Talvez fosse altura de mudar de estratégia, por exemplo procurando aliados em vez de entrar em guerra contra tudo e todos. Esta força que hoje procuraram demonstrar será a (curto) prazo a sua maior fraqueza.
Posted on Outubro 10, 2016, in Clássicos do Cinema, Mentalidade Tuga and tagged Cidadania, Consumo, Humor, Portugal, Trabalho, Turismo. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.
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