O Novo Império Português

“There is something about Portugal” é esta a sensação internacional para com o nosso pequeno país. Um território diminuto, um aparente caos assente no desenrasca, tanta coisa por melhorar, uma população modesta com uma tenaz capacidade de arriscar, sofrer, inovar, brilhar.

Apesar de estarmos a léguas do domínio territorial e riqueza do 5º Império reaparecemos novamente na vanguarda da influência mundial, desta vez num aspecto mais importante, a um nível inspiracional.

A nível político inventou-se uma geringonça, uma união política nunca antes vista, que quebrou o seguir à letra a receita imposta por Bruxelas. Substituindo-se uns ingredientes, alterando o peso de algumas medidas lá se conseguiu, contra o vaticínio de orgãos europeus e mercados internacionais, apresentar aquilo que pretendiam por meios mais agressivos, um bolo de indicadores económicos satisfatórios. Neste momento tornou-se um case study internacional com partidos em todo o mundo a equacionar configurações semelhantes para ultrapassar bloqueios e atravessar tempos difíceis.

A nível da cooperação internacional um português consegue conquistar a unanimidade na nomeação para o mais alto cargo da ONU com a sua eloquência na exposição e abordagem de resolução dos graves problemas mundiais que afectam os direito humanos.

A nível desportivo não foram poucas as conquistas dos últimos tempos, com realce para as conseguidas por atletas de alta competição que recuperaram de graves lesões, bem como a mediática conquista do Europeu de Futebol por uma equipa a milhas de distância da promissora geração de ouro. Mais uma vez o factor de tenacidade e crença a conseguir milagres, com a particularidade futebolística da substituição forçada do astro galáctico e entrada em campo de um patinho feio que se transformou num cisne. Mais um desenrasca de fazer milagres com a prata da casa, alicerçado em muito esforço e capacidade por detrás da ilusão de magia. Uma demonstração de que é possível vencer contra todas as adversidades, de que a superação contínua é uma obrigação quando os nossos melhores deram o tudo por tudo e são forçados a abandono precoce. Tal como no passado, o aprender de mais uma lição grega.

A nível artístico tivemos sábado passado uma avassaladora demonstração da alma lusa. Um raio de densa, complexa, melancólica e fascinante escuridão a eclipsar o fogo de artifício do pop globalizado em que se transformou o Eurofestival da Canção. O esmagar do entretenimento pelo sentimento desnorteou o mundo, relembrando-o do fascínio que é a forma de expressão própria de cada povo. A cereja no topo do bolo foi o discurso de um Salvadorable despretensioso, desejoso de transformar o mundo musical em algo melhor. Um Salvador frágil, capaz de uma performance e influência poderosas, tal como o seu país.

Portugal tem estado na boca, olhos e ouvidos do mundo, influenciando, inspirando milhões. Que este novo tipo de império seja longo e próspero, impulsionando a evolução pessoal necessária para que um dia a excelência de alguns se torne o padrão da maioria e possamos um dia vir a ser também uma referência mundial a nível social.

About Nuno Faria

Nascido em 1977, informático por formação, vegano por convicção, permacultor por transformação. Desde cedo que observo e escuto atentamente, remoo pensamento até por fim verbalizar a minha opinião e entendimento, integrando o que faz sentido do que é argumentado por quem de mim discorda. Não sei como aconteceu mas quando dei por mim escrevia sobre temas polémicos, tentando encontrar e percorrer o tão difícil caminho do meio, procurando fomentar o pensamento crítico, o livre-arbítrio e a abertura de coração e consciência. Partilho o que ressoa procurando encorajar e propagar a transmissão de informação pertinente e valores construtivos e compassivos.

Posted on Maio 15, 2017, in Memórias e Sonhos and tagged . Bookmark the permalink. 1 Comentário.

  1. Com papas e bolos se enganam os tolos.

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