A Vós, e a todos os Outros

Meus amigos, e amigas, pretéritos, presentes e futuros; porque, a todos acolho como correligionários nesta ocasião.

Fala-vos, um sonho.

Consultadas a avisada esquerda, a envolvente direita, o Altíssimo para que uma luz transcendente me alumie, e as profundezas do ser para um pingo de vergonha neste corrupio infernal, venho a vós para que saibais das minhas demarches para este fim-de-semana, que, prevejo atribulado e trabalhoso, mas, sem dor, porque para vosso bem.

É do vosso conhecimento a minha dificuldade para formar governo. Sei-vos apreensivos.

Para os muitos que pensam ser simples a tarefa de vos governar, está explicada a razão porque tão raros são os candidatos a tão nobre, mas árduo, encargo. Porque não se trata dum trabalho, tão pouco duma profissão, mas antes, dum sacerdócio de responsabilidade. Uma chama da vida.

Feito o intróito, e porque vos quero sempre informados dos nossos destinos e vossas escolhas maiores; faço-vos saber que estarei reunido nos próximos dois dias com a maior fatia da oposição, de forma a chegarmos a um entendimento sobre o que fazemos e faremos aqui.

A Nação tem sido acusada de não dar importância ao movimento que, num crescendo, ano após ano, de eleição em eleição, década a década, se tem visto ostracizado pelas estruturas e até!, pasme-se o querido compatriota!, pela própria Constituição da República que, não respeitando o querer da maioria significativa da população vivente e ausente, lhe desrespeita o querer de mudança. A sua soberana escolha.

Falo-vos do Movimento Abstencionista, essa mole humana de gente crente em que, um dia, se lhe pergunte: – Porquê?!, com ou sem exclamação mas, com o interrogatório interesse em saber a razão, ou as várias, que demovem esta pobre gente sem voz, sem outra forma de luta, sem representatividade líder ou porta-voz, do habitual cortejo à urna. É vê-los refugiados na esplanada, sob o jugo do calor, no shopping apreçando o improvável, na praia, esse refrigério do Estio, no estádio, libertando as tensões do viver, no cinema, espairecendo no sonho alheio, nos parques confabulando com os iguais a inclemência das medidas, nas suas humildes casas aguardando, faça Sol, chuva ou nevoeiro, que alguém lhes traga, como uma esmola, o pão nosso de cada dia prometido por quem, cala-te boca, lhes oferece durante quinze dias insistentemente, e quatro anos, compassadamente, a glória da sua escolha e governo. Tende pena cidadãos!

Os números são relevantes e dignos dum estudo académico para posterior responsabilização da Pátria pelo “estado a que isto chegou”. Não se admite.

Chamados à acção em 1975 com 8,34% da preferência da população, foi-se construindo o crescendo sólido e consistente, atingindo os dois dígitos no ano seguinte e, passadas as duas dezenas nos anos oitenta, as três dezenas nos anos noventa e as quatro dezenas no final da primeira década do século XXI. Com esta progressão, creio, atingirá a maioria absoluta ainda esta década. É obra!

Apontem-me, amigas e amigos, Portuguesas e Portugueses, partido, facção, querer ou protesto, que tenha crescido tanto em intenções como a que aqui apresento como alternativa e para governo.

Volto aos números para esclarecer que, os apresentados, se referem apenas a Eleições Legislativas e que, estas, as últimas, revelaram, embora em abrandamento, um crescimento de 1,77%, sendo, no entanto, o maior resultado de sempre.

Para presidenciais já uma vez ultrapassou os 50% (2011) e, só não deu à luz um presidente, porque já era gente nada.

Para as Europeias, nem é bom falar… 66,10% nas últimas (2013)… Bem se vê que a Europa não interessa a “ninguém”.

E porquê chamar à liça dos destinos da Nação esta força em crescendo se temos tantas alternativas, e cada vez mais?

É que, apurados (quase) todos os votos à data em que discorro, e deixando para a maturidade os restantes porque pequenos (cresçam, e apareçam!), restam-me quatro pobres alternativas para formar governo e ter quórum, a saber:

PàF          – porque foi a mais votada,

PS           – porque se fez o maior da oposição,

BE           – porque foi a revelação,

CDU         – porque ganhou mais uma vez.

Quanto ao PSD, sabemos, foi quem trouxe o descontentamento e a desgraça ao país nestes últimos quatro longos anos; por isso, o povo não o quer. Sabemo-lo pela larga contestação, incómodas greves e manifestações de rua. É um facto.

Sobre o PS, valha-o Deus e as almas santas, não acerta com os cartazes, com as contas, com as amizades, com os candidatos a presidente; vejam bem que nem para almoçar aparecem todos (se é que “todos” foram convidados…). Não falo aqui em contas antigas senão, teria que meter na mesma urna o mais votado e ninguém quer ter nada a ver com semelhante. É um facto.

O BE, o terceiro mais votado (embora isso hoje não tenha importância nenhuma), está de parabéns por ser o primeiro partido feminino da nossa querida República. Não estou a chamar-lhe feminista; conhece-lhe algum homem com funções de relevo e a dizer coisa-com-coisa? Eu também não. Podendo vir a ser violentamente criticado por estar a relevar o género, digo-vos que, foi uma agradável surpresa. Mas, a verdade, é que não sabe muito bem o que se está a passar nem como há-de ser… É um facto.

Resta-me o PCP (esqueçamos por momentos a sua coligação que, como outra que cá sabemos, quem vai a reboque há-de dizer sempre que sim). E aqui, tenho um problema capital. É que, embora em quarenta anos tenha sempre falado pelo povo, o povo não lhe dá importância nenhuma, não lhe liga pevide. Noventa e dois por cento (92%) dos eleitores, não votou nele. Parece mentira, não parece? Tal é o alarido. E, o máximo que conseguiu foi, no longínquo 1983, se bem me lembro, 18%, vindo a decrescer sempre e consistentemente até aos nossos dias, que são hoje. É um facto.

Mas, contra factos há argumentos. E assim se faz política.

Nós, reuniremos afincadamente, e por vós! Temos hora marcada e já sabemos a ementa.

E como não podemos estar todos, tenha também bom apetite.A Vós, e a todos os Outros

About José Bessa

Que dizer, quando não há caminho? E nós não somos senão caminho; tudo o resto é plágio. Pede-se, compreendo… uma nota biográfica. É algo de mim que não tenho. Refiro-me ao que daqui me vêm. Sou isto mesmo, nada mais que uma palavra antes, outra depois, escrevendo de ouvido porque analfabeto. Peço que entendam quando me emociono, que me protejam quando enraiveço, que me ajudem quando esmoreço. E se me lerem; agradeço. Já pensei em escrever, é verdade, e, por pudor, imaginei até um outro nome para que não me soubésseis assim, directamente. Seria “jacente”.

Posted on Outubro 10, 2015, in Ideias para o País. Bookmark the permalink. 1 Comentário.

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